CRISTO, NOSSO DESCANSO

Porque nós, os que temos crido, entramos no repouso (Hb 4.3)

Cristo é o descanso do homem, de modo que todo aquele que nele crê experimenta as belezas de repousar de suas obras as quais, em regra, são praticadas para adquirir algum direito diante de Deus. Todavia, todo direito do homem diante de Deus procede de Cristo, e nao da dedicaçao humana, repouso que lhe é outorgado gratuitamente em face do amor divino. Assim, como diz o versículo, os que têm crido em Cristo entram no repouso e descansam daquele caminhar extenuante que advém do cumprimento de leis e mandamentos que nada mudam seu status diante do trono de Justiça de Deus.

Todavia, mesmo sendo esta a realidade, ou seja, de que Cristo é o único caminho que dá acesso ao homem a Deus, sendo seu repouso e descanso, é certo que o pecador insiste em ser co-participante deste benefício, de modo que não crendo total e exclusivamente em Cristo, mas crendo um pouco em si mesmo, se propõe a esforçar-se em obras religiosas para ter méritos na salvação que lhe é comunicada pela fé. 

Deste modo, é como se Cristo desse a salvação e exigisse do salvo que se esforçasse para manter-se salvo. E pensando assim, isto é, que Cristo salva e ele, o pecador, por sua capacidade, se mantém salvo, o homem acaba encontrando espaço para se vã gloriar no seu potencial de seguir a risca os elevados e santos preceitros da Lei.

Ora, Cristo não é suficientemente poderoso para salvar o pecador e mantê-lo salvo para sempre? Pode o pecador descansar plenamente em Cristo em termos de salvação, de modo que nenhum esforço lhe é requerido para que tenha a salvação eternamente assegurada?

O relato que se segue pode ajudar a pensar melhor a questão.

Em termos de viagens internacionais, uma notícia recente parece revolucionar tudo e favorecer o seu aumento. Afinal, um avião extremamente econômico está para surgir. É sabido que na aviação moderna um dos grandes gastos que encarece o transporte é o consumo de combustível, cujos preços são altíssimos. Se o combustível fosse mais barato ou o avião consumisse menos querosene, as passagens poderiam custar bem menos. Sem perspectiva de barateamento do preço do combustível e com a tecnologia tendo chegado ao limite para fazer as aeronaves consumirem menos, um grupo de estudiosos da área desenvolveu um avião que gasta bem menos que os aviãos tradicionais. Neste avião o consumo maior do combustível sera empregado na decolagem e até a aeronave alcançar o nível de vôo de cruzeiro. Daí por diante, e até chegar ao destino, os próprios passageiros participam no processo de economizar combustível. 

E a coisa parece simples. Os passageiros vão movimentando um pedal durante o vôo, o qual gera energia elétrica que movimenta as turbinas, dispensando o consumo de combustível.  Sem o consumo de combustível na maior parte do voo as  passagens terão um barateamento de mais de 80% do preço. A idéia em princípio parece interessante, mas pensar numa viagem do Brasil a Paris, onde o tempo de vôo supera 10 horas, tempo em que o passageiro nao pode parar de pedalar, sob o risco das turbinas deixarem de funcionar e o avião cair, torna o projeto inviavel. Com isto, mesmo com a passagem custando mais caro as pessoas vão preferir que o avião seja movido totalmente a combustivel, pois aí elas viajarão seguras e descansadas.

Obviamente que este projeto nunca esteve em estudo, mas foi apresentado aqui para ajudar a pensar sobre a total suficiência de Cristo para salvar o homem e mantê-lo salvo, e da plena insuficiência do homem para manter-se salvo depois de haver recebido a salvação de Cristo. Se para fazer um vôo de 10 horas o homem não tem força para gerar energia que faça o avião voar tranqüilo, menos capacidade terá para praticar boas obras constantemente e até o fim de sua jornada, para se apresentar diante de Deus como merecedor de seus aplausos .
Isto é graça divina, ou seja, conceder ao homem aquilo que ele precisa sem exigir dele nenhum esforço pessoal.

Da mesma forma que o avião usa o combustível para alçar vôo e continuar voando ate seu destino, dispensando a colaboração do passageiro para este fim, Cristo salva o pecador e o mantém salvo para sempre, sem que dele, pecador seja exigida qualquer obra para chegar ao seu final sao e salvo.
Do pecador se requer que continue crendo no Salvador, e isto até que Ele volte para estar para sempre com aqueles que nele depositaram fe.

Quem não fizer isto estará cometendo, numa só ação, dois pecados graves, a saber, de um lado infirmando a suficiência de Cristo e, de outro, afirmando a sua própria suficiência.

Assim para que sua viagem rumo a vida eterna continue sem risco, continue crendo somente no Salvador, Cristo Jesus, o Senhor.

Pr Lutero de Paiva Pereira