terça-feira, 6 de dezembro de 2011

AQUELE A QUEM JESUS AMA

Dentro do amor existe tudo de bom que uma pessoa pode ter, pois o que é excelente na vida e para a vida está presente nele.
O amor foi visto pelos filósofos antigos como a força que move as coisas, que as une e as mantém juntas. Quando se fala em amor a idéia de plena aceitação, cuidado total, acolhimento real, perdão incondicional, compreensão plena e atenção contínua está presente.
Amar implica, portanto, em aceitar, cuidar, acolher, perdoar, compreender, valorizar, etc. Estas e outras coisas que a pessoa precisa para viver bem podem ser encontradas dentro e somente no amor.
            É pela ausência do amor que as famílias se enfraquecem, e é pela sua presença que elas se fortalecem.
            Nos relacionamentos humanos o amor é necessário para se viver em harmonia, e sempre que ele diminui ou deixa de existir é possível se comprovar o quanto ele se mostra essencial para manter juntas, e com satisfação, duas ou mais pessoas.
            É possível entender a importância do amor fazendo um paralelo com a utilidade da cartilagem para o joelho.
O joelho é uma das partes do corpo humano que recebe grande carga de impacto o tempo todo, e para que possa suportar o peso que sobre ele é posto e desempenhar a tarefa que lhe cabe, é importante que o joelho tenha uma boa estrutura óssea.
Osso sobre osso, osso trabalhando com osso num movimento constante pra lá e para cá, assim é a vida do joelho. 
No entanto, para que o joelho possa ir bem e ajudar o corpo a fazer os exercícios e a se movimentar como precisa – caminhar, correr, levantar, sentar, subir, descer, agachar, pular – sem que isto implique no seu próprio desgaste, é preciso que entre seus ossos haja uma boa cartilagem.
            É a cartilagem que lhe assegura um trabalho sem dor, permitindo que os ossos continuem próximos e se movimentando sem que um danifique o outro.
            Se a cartilagem diminui e perde sua espessura, os ossos começam a se esfregar e tocar uns nos outros, a se desgastar pelo atrito, causando machucado que pode comprometer o funcionamento do joelho.
            Quando os ossos começam a tocar diretamente um no outro pela falta da cartilagem, aquilo que antes era confortável passa a apresentar dor e a inflamar, e se não for acudido a tempo o fim pode ser um processo inflamatória com prejuízo irreversível para sua estrutura.
            O amor é para as pessoas exatamente aquilo que a cartilagem é para os ossos do joelho, ou seja, algo necessário para mantê-las próximas, unidas, agindo juntas sem que uma cause dor ou sofrimento na outra. 
            Se o amor é essencial para o relacionamento das pessoas, ele é igualmente necessário para o relacionamento entre Deus e os homens, pois sem que a pessoa se sinta amada por Deus ela terá com Ele um contato ou uma aproximação sempre dolorosa e desgastante.
            Para tanto, é preciso saber que a aproximação entre Deus e os homens se deu totalmente na base do amor, pois foi por que Deus amou o mundo que Ele enviou Jesus Cristo para salvação dos perdidos.
            Não é sem razão que a mensagem do evangelho está baseada no amor de Deus.
            No seu evangelho João diz que o amor de Deus pelo mundo está sustentado no fato de que Deus enviou seu Filho ao mundo (Jo 3.16), e que este envio tem como objetivo trazer aos homens a vida eterna.
            Repartir com os homens a vida eterna foi a disposição amorosa de Deus, e este é um fato que não pode ser negado, embora muitos insistam em não crer nele.
            Quando escreve sua carta aos romanos o apóstolo Paulo é enfático ao afirmar que Deus prova o seu amor para conosco, e esta prova consiste no fato de Cristo ter morrido por nós, sendo nós ainda pecadores (Rm 5.8).
            A idéia de ser um pecador aponta para alguém que não se importa com Deus, dEle se encontra afastado e nenhuma disposição tem de para Ele tornar ou se aproximar.
E é exatamente em favor de pessoas com este perfil e com este tipo de comportamento que Cristo morre para provar que Deus as ama.
            Se da parte de Deus tudo já foi feito para que Ele demonstrasse  seu amor pelos homens, provando isso da forma mais dolorosa, ou seja, através da morte de seu Filho Amado na cruz em favor dos pecadores, da parte dos homens ainda falta a atitude de crer e de confessar esse amor de Deus por eles, confissão que lhes faz bem.
            Crer que Deus o ama e confessar que é amado de Deus são faces da mesma verdade, e uma não pode existir sem a outra.
            Existe na Bíblia um exemplo de como os amados por Deus devem trazer sempre presente no coração a certeza do amor de Deus por eles, fazendo confissão expressa neste sentido.
De tempos em tempos despertar o coração para a certeza de que é alguém amado por Deus, se torna um remédio que ajuda o crente a encontrar motivos suficientes para louvar a Deus.
            Assim, se eu creio no que a Bíblia diz, e a ela afirma que Deus me ama, devo dizer agora de forma clara a mim mesmo o efeito disto, ou seja, que Deus me ama. Se Deus diz “Te amo”, devo responder, sem medo e sem vacilar, “sou amado por Deus”.
            Uma coisa é Deus dizer que me ama, outra bem diferente é eu mesmo afirmar que sou amado por Deus.
Duvidar da existência do amor de Deus é dos atos humanos o mais pecaminoso, visto que em essência está negando ser insuficiência a maior prova do amor de Deus que foi a morte do seu Filho na cruz.
Confessar que Deus nos ama alimenta a alma, e não confessar deixa a alma faminta e subnutrida, e isto sob muitas dores.
            Fale e proclame em alto e bom som que é alguém que Deus ama, pois esta é uma verdade que não poderá jamais ser modificada.
Falando do imutável amor de Deus por nós Paulo escreve:
            Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura não nos dará graciosamente com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós. Quem nos separará do amor de Cristo?... Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm 8.31-39).
            Se nada por nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor, por que não dizer hoje e sempre que somos amados por Deus!
            O evangelista João vai nos ensinar em como reagir corretamente ao amor de Deus, confessando-o constantemente, e isto ele faz quando lemos o que disse de si mesmo na passagem por ele relatada a respeito da última ceia que Cristo tomou com seus discípulos antes da crucificação.
            Quando Jesus está reunido com eles ocorre uma dúvida entre os discípulos a respeito de quem seria o traidor do Mestre, já que Jesus havia dito que um dentre vós me trairá.
Pedro faz um sinal a João para que este pergunte a Jesus quem seria o discípulo que entregaria O a condenação.
Relatando este momento crucial João escreve: Então os discípulos olharam uns para os outros, sem saber a quem ele se referia. Ora, ali estava conchegado a Jesus um dos seus discípulos, aquele a quem ele amava (Jo 13.22-23).
            Observe que João refere-se a si mesmo e se identifica como sendo aquele a quem Jesus amava.
            Não é Jesus quem diz: “eis aqui o discípulo ao qual eu amo”. Nem são os outros discípulos que dizem: “eis ali o discípulo a quem Jesus ama”. Pelo contrário, é o próprio João que falando de si mesmo se chama como aquele a quem Jesus amava.
            Precisamos saber, no entanto, que Jesus amava a todos os seus discípulos de forma total e sem discriminação. Tanto assim que o próprio João escreve: Ora, antes da festa da páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim (Jo 13.1).
            Neste texto João diz que Jesus amou os seus e amou-os até o fim, dizendo assim que não houve preferência de Cristo em relação a qualquer deles, mas que até o fim todos foram alvo do seu amor abrangente.
E mais adiante ele continua: Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como vos amei, que também vos ameis uns aos outros (Jo 13.34).
Ou seja, assim como Jesus amou a todos sem preferência, os discípulos deveriam fazer o mesmo uns com os outros.
            Provas do amor de Jesus por todos os seus discípulos, sem qualquer distinção são dadas em vários momentos, notadamente depois de sua ressurreição.
Ao ressuscitar Jesus vai ao encontro de Tomé  para salvá-lo de sua dúvida, pois este discípulo não conseguia crer que o Mestre pudesse ter se levantado vitoriosamente da morte.
Jesus fez isto por que amava a Tomé.
No caminho de Emaús Jesus se põe ao lado de dois discípulos que, abatidos e deprimidos, pensavam em voltar às suas antigas ocupações, desistindo do ministério a que foram convocados, já que não acreditavam mais que a ressurreição pudesse acontecer.  
Jesus foi ao encontro deles por que os amava.
Mesmo Pedro que tão enfaticamente negou a Cristo ao tempo de seu julgamento, foi depois por Ele eleito para receber as chaves do reino dos céus.
Jesus fez assim com Pedro porque o amava.
            Portanto, não há dúvida quanto ao fato de que Jesus amou todos os seus discípulos.
            E exatamente porque fazia parte do colegiado daqueles que foram amados por Cristo é que João tão enfaticamente se apresenta como aquele a quem Jesus amava.
            Como para ele não há incerteza quanto ao amor de Cristo, a convicção o leva a dizer de forma tão especial que ele é alguém amado por Cristo.
            João não fazia isto com orgulho, como se fosse o único a quem Jesus amava, pois sabia que não o era. Mas falava com alegria sabendo que estava entre aqueles a quem o Mestre muito amou.
            E se ele sentia que o amor de Cristo por ele era duradouro, não havia porque temer dizer-se: o discípulo a quem Jesus amava.
            João estava convencido e convicto de que Jesus o amava, e tinha razões de sobra para isto. E com tantas provas de amor ele podia ficar seguro e satisfeito nesta relação com o Senhor.
            Dizer de si mesmo: eis o discípulo a quem Jesus amava era uma confissão que fazia bem a João, ao tempo que lhe assegurava tal certeza no amor de Cristo, espantando qualquer dúvida que pudesse minar seus sentimentos.
            Cristo já havia se mostrado amoroso para com seus discípulos quando os escolheu para serem seus seguidores imediatos.
A escolha foi um ato de amor.
            Cristo já havia se mostrado amoroso para com seus discípulos por todo o tempo em que conviveram, cuidando deles.
O cuidado é um ato de amor.
            Cristo já havia se mostrado amoroso para com seus discípulos guardando-os pelo poder de sua palavra.
A proteção é um ato de amor.
            Cristo já havia se mostrado amoroso para com seus discípulos orando ao Pai em favor deles.
A intercessão é ato que decorre do amor.
            Cristo já havia se mostrado amoroso para com seus discípulos assegurando-lhes o direito de com Ele conhecerem a Sua glória, glória eterna.
Repartir os valores maiores é um ato de amor.
            Portanto, João tinha razões de sobra para chamar-se de discípulo que Cristo amava.
            William  Hendriksen escreve: “Além do mais, quando o evangelista se denomina como sendo “o discípulo a quem Jesus amava”, ele não está se gabando de seu próprio amor pelo Mestre; ao contrário, ele está se gloriando no amor de seu Mestre por ele. Essa glorificação não é pecaminosa.”
            Todos os crentes em Jesus Cristo devem gloriar-se no fato de serem amados por Ele.
            Conclusão.
            Você, a semelhança de João, pode, deve e precisa dizer de si mesmo: eis aqui alguém a quem Jesus ama.
            Não retarde tal confissão porque a prova do amor de Deus por você já foi feita, e não existe nada que você possa fazer para Deus te amar mais do que já o amou.
            Sendo assim, fale diariamente aos seus ouvidos: eis aqui alguém a quem Jesus ama pois esta é uma verdade cara demais para ficar escondida em silêncio no fundo da alma.
             Pr. Lutero de Paiva Pereira.
           
           



           

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