segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O natal e o apóstolo João


A cristandade está em clima de relativa euforia pela proximidade do natal. Nas igrejas as peças teatrais já devem estar prontas para encenação. Este ritual que se repete há tempo, ano após ano, traz um perigo oculto que atinge a própria fé. Afinal, nesse dia cultua-se uma pessoa que não mais existe no status em que é apresentada ao público, pois o menino virou Senhor e a criança se tornou o Rei dos reis, de modo que nenhuma infantilidade pode mais nele ser percebida.
Mas falar de Jesus como menino vendo-o no berço, sendo cuidado pela mãe, dependendo de tudo e de todos toca as emoções de homens e mulheres que vão as peças e cultos.
No entanto, Cristo não tomou a forma humana para provocar tais emoções nos homens, mas sim para constrangê-los ao arrependimento de seus pecados e assim serem salvos. Ele não veio ao mundo para ser dependente de tudo e de todos, mas para que tudo e todos sejam dEle dependentes, se é que aspiram a eternidade com Deus. Tampouco viveu aqui para deitar-se eternamente num berço, mas para sentar-se no trono e ser Juiz dos vivos e dos mortos.
Portanto, pensar hoje em Jesus como menino é ignorar seu status eterno de Senhor, o que não faz bem à fé.
No livro de apocalipse a experiência relata pelo apóstolo João de encontrar-se com o Cristo glorificado é de tal forma impactando que ele cai aos seus pés, pois diante de si não está o menino mas o Senhor da glória. Ele escreve: E eu, quando vi, caí a seus pés como morto; e ele pôs sobre mim a sua destra, dizendo-me: Não temas; Eu sou o primeiro e o último; E o que vivo e fui morto, mas eis que estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno (Ap 1.17-18).
Se o dia 25 de dezembro foi eleito para ser o dia em que se comemora o nascimento de Jesus, nesse dia é melhor lembrar o que Ele é e não o que Ele foi; o status que tem e não a humilhação pela qual passou em seus dias de criança.
Se os relatos bíblicos reservaram apenas dois capítulos para falar de Jesus como menino (capítulo 2 de Mateus e Lucas), sendo todo o resto do Novo Testamento utilizado para falar de Jesus como Senhor, é de pensar porque os crentes dão tanta ênfase ao Jesus menino e tão pouca ao Jesus Senhor.
É verdade que um dia o Verbo se esvaziou de si mesmo para tomar a forma de homem, se fazendo menino e depois homem maduro para ser obediente até a morte de cruz. Mas depois disto, Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome, diante do qual todo joelho deve se dobrar, e isto para confessar que Jesus Cristo é o Senhor, conforme escreveu o apóstolo Paulo: que sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai (Fp 2.6-11).
Porque no natal se comemora o Jesus menino, mesmo o mundo nao convertido pode se envolver no processo, porque isto não é fundamento de fé. Fundamento de fé é confessar que Jesus Cristo é o Senhor.
Para o crente o que dá significado ao natal, ou melhor, ao nascimento de Jesus, a encarnação do Verbo, é Sua ressurreição dentre os mortos, pois se o menino não tivesse vencido a morte e se tornado Senhor sobre todos nenhuma esperança existiria para o homem. Não foi sem razão que a ênfase na pregação do apóstolo Pedro: Saiba, pois com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo  (At 2.36).
Caso fosse possível ao apóstolo João se fazer presente numa comemoração de natal dos dias atuais, onde o menino Jesus ganha tanto destaque, ele que viu o Cristo glorificado ao invés de cair assustado ele sairia correndo com tamanha falta de conhecimento dos crentes.
Que o próximo natal seja o momento dos olhos serem abertos para ver o Cristo glorificado, o Senhor Jesus, e provar da espetacular e impactante experiência do apóstolo João.
Lutero Pereira

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