sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

As misericordias se renovam a cada manha

Uma das coisas que o crente precisa estar certo, e com certeza cada vez maior, é que seu relacionamento com Deus está firme e inabalavelmente estabelecido e que nada poderá nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus (Rm 8.39). 
Estar convicto disto não é presunção, mas valoração correta da obra do Salvador, pois é Cristo quem garante este eterno pertencer inabalável a Deus. No entanto, para muitos a idéia de estar inseguro ao invés de se sentir seguro em Cristo parece agradar mais, motivo pelo que tentam encontrar na oração a fimeza que não acharam no Salvador. Sem que essa segurança se faça presente no coração o andar com Deus, ou o caminhar os caminhos de Deus fica bastante prejudicado e seriamente comprometido em termos de contentamento e constância. Afinal, para se caminhar bem e firmemente acima de tudo é preciso ter estabilidade e no sentido literal dar passos tranquilos na rua depende dos pés pisarem terreno firme. Andar sob coisas móveis traz desequilíbrio que dificulta a caminhada e coloca em estado de desespero o caminhante. Quem já caminhou sobre pedras soltas, escombros ou qualquer outra coisa móvel sabe o quão terrível é não ter sob os pés alguma coisa que dê sustentação e equilíbrio.
Todo sustento e firmeza que o cristão precisa para andar está em Cristo e sua obra, de modo que quem se fia nEle tem a estabilidade necessária para viver para glória de Deus, e isto até o fim dos tempos.
Afinal, é em Cristo que ele descobre que foi abençoado com todas as bênçãos espirituais (Ef 1.3); é por causa de Cristo que fica certo de que nenhuma condenação mais pesa sobre ele (Rm 8.1); é Cristo quem o guarda pois jamais serão lançados fora os que a Ele se renderam (Jo 6.37); Sua reconciliação eterna com Deus também é obra de Cristo que e sua paz  (Ef 2.14);  Por outro lado, Cristo mesmo é a prova do amor de Deus por ele (Rm 5.8) e o estar em Cristo o torna uma nova criatura, de modo que as coisas antigas já passaram, eis que tudo se fez novo (II Co 5.17).
A despeito de tudo isto que temos e somos em Cristo, e de tudo que Cristo é e fez por nós em razão da graça de Deus, muitos crentes insistem em orar dizendo: As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; elas se renovam a cada manhã (Lm 3.22-23).
Este é um daqueles versos bonitos do Antigo Testamento que, no entanto, não pode ser utilizado de qualquer forma para enfeitar orações hoje, sob o risco de manifestar mais incredulidade do que fé.
Afinal, é verdade que Deus renova hoje suas misericórdias a cada manhã sobre nós para não sermos destruídos? Se a resposta for sim, a pergunta é: destruído por quem? E se Deus renova sua misericórdia a cada manhã isto quer dizer que Sua misericórdia já manifestada em Cristo é insuficiente ou tem prazo de validade?  
Esse belo verso precisa ser entendido no seu contexto para ver as razões de ter sido escrito no modo como foi.
Naquele tempo o  povo de Israel estava no exílio e no contexto daquele sofrimento que o profeta Jeremias diz que a cada nova dia Deus renovava sua misericórdia sobre eles, impedindo que  fossem destruídos pelo inimigo. A presença de Israel no cativeiro era prova de que o povo havia desobedecido a Deus e se sujeitava a sua disciplina. Se Deus não fosse misericordioso com eles a cada novo dia ali no cativeiro, protegendo-os contra a força do inimigo eles literalmente seriam exterminados, mortos ou destruídos pelo seu opressor.
No entanto, na realidade atual os que verdadeiramente crêem em Cristo e nEle permancessem, não têm mais porque orar dizendo que Deus a cada dia renova suas misericórdia em seu favor, porque toda Sua misericórdia Ele já manifestou em Cristo, de modo que ninguém é capaz de atingir os que estão guardados em Cristo e por Cristo.
Ao olhar fimentemente e constante para o autor e consumador da fé (Hb 12.2), o crente não terá razões para temer a destruição, pois encontra-se guardado e protegido por aquele que diz: Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse (Jo 17.12) .
Portanto, ao conhecer a Cristo e o poder de sua ressurreição uma bela oração de incredulidade será substituída por uma robusta declaração de fé no Senhor, e isto para glória de Deus e descanso pessoal.
Pr Lutero de Paiva Pereira

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