quarta-feira, 7 de novembro de 2012

IGREJA versus CRISTO



No mundo dos negócios ou da atividade empresarial é muito comum o empresário ser formado no contexto da empresa com a qual mais tarde irá concorrer. Alguém começa a trabalhar numa loja, desenvolve seu conhecimento a respeito daquele mercado específico e ao deixar o emprego estabelece-se na mesma atividade,  concorrendo com quem o fez conhecer as técnicas de comércio.
Mudando o que deve ser mudado em boa parte este fato se observa na igreja atual, a qual está se tornando uma concorrente de Cristo, como se fosse capaz de oferecer aos crentes aquilo que somente em Cristo eles podem encontrar.
Essa igreja que pretende concorrer com Cristo é aquela cuja pregação chama a atenção dos fieis mais para si mesma, desviando seus corações  de  forma perigosa e comprometedora da fé.
Nunca foi propósito de Deus que a Igreja tomasse o lugar de Cristo, mesmo porque sem Cristo a igreja não passa de um ajuntamento social e  religioso sem valor espiritual.
Querendo ocupar no coração dos homens o espaço que deve ser reservado a Cristo, a igreja moderna faz de tudo para se destacar diante dos olhos dos seus membros, fazendo-os crer que não podem passar sem ela, embora possam viver sem Cristo.
Este desvio está bem mais perto de nós do que as vezes imaginamos, pois é sutil e grandemente enganador a ponto de nos arrastar sem que percebamos para onde estamos sendo levados.
Com a descentralidade de Cristo vemos nascer no mundo moderno a doença do“igrejocentrismo”, onde a igreja é o centro do viver do crente e para onde fluem sua energia e dedicação, marginalizando o próprio Senhor dela.
Ao se tornar um fim em si mesma ou o fim da mensagem que proclama a igreja se desviou.
Para sustentar a proposta de ocupar espaço que não lhe é de direito, a pregação induz as pessoas a irem a igreja como se ela pudesse lhes dar a vida que está somente em Jesus Cristo.
Os menos avisados passam a acreditar que o poder está na igreja, que a virtude está nela e que as bênçãos nela se encontram,  na verdade tudo está em Cristo.
Quando lemos com atenção o Novo Testamento é possível perceber que nada de Deus para o homem pode ser alcançado fora de Jesus Cristo, mesmo que seja na igreja de Cristo, pois a videira verdadeira não é a igreja, mas Cristo, que afirma: eu sou a videira verdadeira (Jo 15.1); a vida, não está na igreja, mas em Cristo, como escreveu o evangelista: a vida estava nele (Jo 1.4); o caminho para Deus não é a igreja, mas Cristo que disse: eu sou o caminho (Jo 14.6); as bênçãos com as quais Deus abençoou os crentes não estão na igreja, mas em Cristo conforme escreveu o apóstolo: Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de benção espiritual nas regiões celestiais em Cristo (Ef 1.3).
E poderíamos ir adiante para demonstrar que fora de Cristo não há nada de essencial para o homem.
Chegará o tempo na vida pessoal daqueles que deixaram a Cristo para se afeiçoarem a igreja, que a realidade da morte espiritual se tornará evidente, e a euforia dará lugar ao abatimento doentio, pois verão que deixaram o Senhor da glória indo após mensagens e doutrinas de homens.
Certa vez Jesus advertiu os judeus que faziam este mesmo desvio, embora utilizando-se de coisa diferente, no caso, a própria Escritura.
Eles se dedicavam a fazer exame sistemático e dedicado da Escritura mas, conforme são palavras de Jesus, não quereis vir a mim para terdes vida (Jo 5.40).
Neste texto se aprende que a vida não está na Escritura, mas sim, naquele de quem a Escritura testifica, de modo que se a pessoa se dedicar a Escritura sem se permitir que a Escritura o leve a Cristo, não provará jamais da vida abundante (Jo 10.10) que Cristo veio trazer.
Portanto, fiquemos atentos a essas igrejas que concorrem com Cristo para não sermos seduzidos a ir na direção errada. E se somos daqueles que foram, que voltemos rapidamente Àquele do qual Deus mesmo deu testemunho dizendo: este é o meu Filho amado, em quem me comprazo (Mt 3.17)
Lutero de Paiva Pereira

terça-feira, 30 de outubro de 2012

ENCONTRANDO DESCANSO PARA A ALMA

Vinde a mim (Mt 11.28) foi um dos convites mais pessoais feitos por Jesus Cristo aos homens. 
Quais eram os convidados? Todos aqueles que estivessem numa situação ruim de cansaço e opressão.  Qual o objetivo da chamada a Si de tais pessoas? Dar-lhes descanso para a alma. 
Mas em razão do que os convidados estavam assim debilitados e exaustos? 
Simplesmente porque carregavam fardos religiosos severos e pesados, os quais sugavam suas energias enquanto tentavam cumprir mandamentos meramente humanos.
Mais tarde o apóstolo Paulo vai alertar os colossenses sobre os perigos de se sujeitarem a ordenanças, tais como não manuseies isto, não proves aquilo, não toque aquiloutro (Cl 2.20-21), exatamente por se tratarem de preceitos e doutrinas dos homens, as quais pelo uso se destroem (Cl 2.23).
O escritor ainda vai mais longe para dizer que tais cousas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia não tem valor algum contra a sensualidade (Cl 2.23).
Jesus olha as multidões e vê entre eles homens e mulheres exaustos, debilitados, enfraquecidos, sem força alguma para continuarem a levar as cargas de um legalismo religioso que esfacela os que a ele se dedicam.
Jesus orienta os convidados trazerem seus fardos pesados para serem trocados por um  fardo leve (Mt 11.30), desfazendo-se daqueles os faz encurvar pelo esforço que têm que empreender para levá-los adiante.
Aquele que  hoje está cansado e sobrecarregado enquanto seriamente se dedica à sua religião, o convite de Jesus ainda é o mesmo e seus efeitos também, ou seja, vinde a mim e, então, encontrareis descanso para vossas almas. 
Quem ouve o convite e prontamente responde ao seu chamado, terá suas forças revitalizadas para continuar, com alegria, caminhar em direção a Deus.
Quem pensa que religião não cansa está redondamente enganado. Afinal, quando ela faz exigências aos seus adeptos, exigências que eles não conseguem cumprir, mas se esforçam por satisfazer porque têm medo de Deus, é porque nunca viu um religioso esgotado.
Cansaço, fadiga, enfraquecimento, debilidade é algo muito ruim, pois não há coisa pior do que perder as forças, a energia e o vigor.
O cansaço pode atingir o físico ou a alma, ou até mesmo os dois ao mesmo tempo, e quando isto acontece é porque a pessoa está levando um peso superior a sua capacidade de suportar.
Quem vai além das forças paga um preço muito alto em sua saúde física, emocional e espiritual.
Quando o cansaço se instala isto é sinal vindo do corpo ou da alma dizendo de que o esgotamento chegou ou está próximo de se instalar, de modo que o  melhor a fazer é correr logo em direção ao socorro.
Nas olimpíadas de Los Angeles (1984) ficou famosa a chegada da atleta suíça Gabriele Andersen que entrou cambaleante no estádio totalmente exausta depois de correr o percurso da maratona feminina.
Este quadro demonstrou o que o cansaço, a exaustão e a perda das forças pode fazer até mesmo com um atleta que é treinado para suportar grandes desafios físicos.
No mundo religioso tem muito “atleta” cambaleante que precisa encontrar-se rapidamente com o Médico que lhe repare as forças imediatamente e retire de sobre si o peso que carregam, pois estão prestes a cair.
Gente que vive o desgaste de carregar mais peso do que consegue suportar; gente que está perdendo as forças e a energia enquanto empurra uma carga religiosa que lhe foi posta ou que ela mesma colocou sobre os próprios ombros; gente que foi pouco a pouco se sobrecarregando, até com boa intenção, de ideias e preceitos que as Escriturar Sagrada nem autorizam nem exigem dos crentes.
E nessa história toda de cansaço uns não sabem o que fazer com o fardo que carregam, enquanto outros têm medo de se desfazer do peso  julgando que serão punidas por Deus caso deixem o que sua religião exige.
Toda religião ou religiosidade traz a idéia do homem se esforçar no cumprimento de normas e preceitos com o objetivo de adquirir ou de conquistar o direito de ser abençoado por Deus, o que em si mesmo é uma proposta que a Bíblia não aprova.
A religião ou a religiosidade sempre está apresentando aos seus adeptos mais um conjunto de leis e mandamentos do que propriamente a pessoa de Cristo, e quando eles  se voltam mais para leis do que para Cristo, o fim de sua caminha é cansaço e abatimento de alma.
Quanto mais elas se dedicam à perfeição mais fica evidenciada diante dos próprios olhos sua imperfeição, o que gera tormento e novo esforço, e novo propósito, e novo desafio que acaba em nada.
Tais pessoas se esquecem que Deus não as aceita por seus próprios sacrifícios, mas sim por crerem no sacrifício de Cristo feito por elas na cruz.
Agindo assim  a religião vende alívio mas entrega cansaço a suas vítimas, pois só em Cristo elas podem ter o verdadeiro descanso.
Foi a  pessoas assim que Jesus Cristo quis e quer dar alívio, convidando-as a um encontro pessoal com Ele, pois Ele e somente nEle é que a alma pode encontrar o alívio que precisa.
Jesus não chama a pessoa para ir a um novo conjunto de normas, de leis, de preceitos ou de cerimônias. Ele também não faz um convite para as pessoas simplesmente mudarem de religião, porque é exatamente da religião que o convite as quer libertar. O convite  traz consigo a ideia de um encontro pessoal entre o convidado e aquele que convida, ou seja, entre aquele que está cansado e Aquele que pode lhe dar descanso.
E o convite é feito sem nenhuma condição imposta ao convidado, tal como: vinde a mim depois que você melhorar; ou vinde a mim depois que você fizer isto ou aquilo. Não. O convite é direto: cansado, vinde a mim e eu o aliviarei.
E se Cristo convida é porque ele quer que você vá a Ele para que tenha o descanso que Ele oferece.
Portanto, o processo de ver-se livre de cargas e peso é ouvir e aceitar o convite de Jesus que diz: vinde a mim.
 Lutero de Paiva Pereira

EIS O CAMINHO



EIS O CAMINHO

            É possível que você já tenha passado pela experiência de se sentir perdido, não sabendo qual caminho tomar para sair daquele momento de aflição. Mas também pode ter acontecido de você ter se perdido durante algum tempo, e só mais tarde quando chegou a determinado lugar é que teve consciência de que esteve andando sem rumo por várias horas.
            Não sei em qual das duas situações acima descritas você se encontra hoje em termos de sua existência, ou seja, se você se sente perdido em termos de futuro, ou mesmo estando perdido não sabe que tem andado na direção da morte e não da vida eterna.
De qualquer forma, quer se sinta perdido, quer não perceba que esteja, conhecer a Jesus Cristo como o caminho vai lhe trazer direção e conforto, para não ocorrer de viajar na vida desconhecendo onde vai chegar.
Para tanto, vamos ouvir a lição que a Bíblia nos traz a respeito do caminho que nos leva a Deus, isto é, o caminho da vida eterna.
Quando Jesus anuncia sua ida ao Pai prometendo retornar um dia para levar seus discípulos ao mesmo destino, Tomé fica um tanto confuso e pergunta: “Senhor, não sabemos para onde vais, como saber o caminho”?
A isto Jesus lhe respondeu: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim (Jo 14.5-6).
Com estas palavras Jesus se apresenta como o caminho que leva o homem a Deus, caminho que agora está acessível a todos os que nEle creem.
A palavra caminho nos faz pensar em várias coisas ou situações. Por exemplo, caminho dá a ideia de acesso a algum lugar ou a alguém, pois é através de um caminho que se chega a alguém ou a algo; caminho indica também distância e separação entre pessoas ou lugares, pois só existe caminho entre coisas ou entre pessoas que estão afastadas umas das outras e, ainda, caminho traz à mente o sentido de destino ou objetivo, já que todo caminho leva a um fim.
Por exemplo, a rodovia que existe entre Maringá e Londrina indica as três realidades que acima foram expostas, quais sejam: primeiro, existe a estrada porque Maringá e Londrina são cidades distantes e separadas uma da outra; segundo, existe a estrada justamente para dar acesso as pessoas que desejam ir a esta ou aquela cidade e, terceiro, quem toma a estrada saindo de Maringá e segue pelo caminho até seu final, chegará a cidade de Londrina como destino de sua viagem.
Quando Jesus disse que Ele é o caminho que leva ao Pai, com tais palavras Jesus quis deixar claro que é por intermédio dEle que  o homem tem acesso a Deus; que Ele é o caminho que se interpõe e liga Deus e o homem, os quais estão distantes ou afastados um do outro, e mais, na condição de caminho Jesus tem como objetivo levar o homem a encontrar-se com Deus, selando seu bom destino eterno.
A vida atual pode estar boa pra você, mas um dia você a deixará, e por isto mesmo é preciso estar no caminho que o levará a encontrar-se com Deus para todo o sempre.
Desta forma, na condição de caminho Jesus se põe entre você e Deus; como caminho Jesus torna Deus acessível a você e, como caminho Jesus garante a você um destino seguro que é a vida eterna.
Se Jesus Cristo tivesse feito tudo o que fez, a saber: curado enfermos, transformado água em vinho, acalmado tempestade, ressuscitado pessoas, etc., mas não se tornasse o caminho que leva a Deus, nada daquilo que Ele fez seria útil para você hoje.
No entanto, tendo feito o que fez e ainda se tornado o caminho que permite você ir a Deus, a vinda de Jesus ao mundo se mostra admirável e estimada por aqueles que  nEle depositam fé, pois por Seu intermédio o acesso ao Pai é real.
A palavra evangelizar quer dizer anunciar boas novas ou proclamar boas notícias, de modo que é preciso anunciar aos homens que Jesus Cristo é o caminho para ir ao Pai, pois quem tem certeza de estar indo ao encontro de Deus vive sempre melhor, não tendo medo do futuro.
Tamanha foi a ênfase que os discípulos deram na mensagem de Jesus como o caminho no início da evangelização que eles foram chamados de “os do caminho” ou, os que “eram do caminho”, pois se esforçavam ao máximo para convencerem as pessoas a respeito da verdade de que Jesus era o caminho que leva ao Pai.
Convictos de que anunciar a Cristo como o caminho que leva ao Pai era a boa notícia que os homens precisavam ouvir, o evangelho ecoou por todo o mundo e chegou até você neste momento.
Ao ler esta mensagem você está sabendo que existe um caminho que leva a Deus e que este caminho é Jesus Cristo, de modo que se você andar por Ele seu destino será encontrar-se com o Deus eterno, o criador dos céus e da terra.
Ao se dizer que Deus está acessível aos homens, é preciso também informar-lhes que o caminho para se chegar a Deus é Jesus Cristo, pois caso contrário ninguém saberá como ir ao Pai, pois não existe caminho alternativo para chegar a vida eterna.
Afinal, de que adianta você saber sobre a existência de um lugar bonito e agradável para se ir, sem que lhe indiquem o caminho para chegar lá?
Deus, com todo o respeito, é esse lugar agradável e Cristo o caminho para alcançá-Lo, e se você se sente longe de Deus, mas quer estar próximo dEle, o caminho para isto realizar é Jesus Cristo.
A religião não é o caminho para chegar a Deus, pois o caminho para se chegar a Ele não é um conjunto de normas ou rituais, mas uma pessoa, a saber, Jesus Cristo, de modo que aquele que busca na religião o caminho que só em Jesus Cristo pode achar se torna um andarilho perdido que anda sem parar e nunca chega ao lugar desejado.
Esse Caminho que permite chegar a Deus está aberto a todos os pecadores, e não consiste em fazer sacrifício algum para andar nele, mas em crer no sacrifício que Jesus Cristo mesmo fez na cruz do Calvário.
Quando Jesus bradou lá na cruz: está consumado (Jo 19.30), nestas poucas palavras podemos entender, dentre outras coisas, que a obra de Cristo de abrir o caminho para Deus estava finalmente terminada.
É grande o privilégio dado aos homens de conhecerem a Deus, o Deus que pelo poder de sua palavra chamou à existência as coisas que não existiam e elas imediatamente passaram a existir.
Ao receber a Cristo como salvador você se torna filho de Deus, pois a Escritura diz que todos quantos O receberam, ou seja, receberam a Jesus como Salvador, foi lhes dado o poder de serem chamados filhos de Deus (Jo1.12), e como filho de Deus você tem assegurado acesso ao Pai pelo caminho que é Jesus Cristo.
Levar você a Deus é o objetivo de Jesus Cristo como caminho.
Sendo o único caminho que leva a Deus, sendo o caminho perfeito e acabado que leva ao Pai, o que você precisa fazer agora não é só saber algo sobre ele, mas também andar por Ele, pois se você não caminha neste caminho não valerá a pena simplesmente saber que ele existe.
Não experimentar Cristo como o caminho é viver a angústia de ir sem nunca chegar, de ver ao longe sem jamais se aproximar, de esperar sem alcançar o bem-estar de se relacionar com Deus para sempre.
Cristo é, pois, um caminho para você caminhar por Ele, e não somente um caminho para ser admirado.
Na conhecida parábola do filho pródigo, se o filho continuasse a falar bem do pai sem tomar o caminho de volta para casa, pai e filho jamais teriam provado a alegria do encontro, pois não há alegria de encontro sem que o encontro aconteça.
Para você encontrar-se com Deus é preciso andar através de Jesus Cristo, o qual sendo um caminho vivo leva você a Deus sem qualquer esforço pessoal, da mesma forma que uma escada rolante o leva do piso inferior ao superior sem que você dê um único passo.
O profeta Isaias exortou o povo de Israel da seguinte maneira: “Quando te desviares para a direita e quando te desviares para a esquerda, os teus ouvidos ouvirão atrás de ti uma palavra, dizendo: Este é o caminho, andai por ele. (Is. 30:21)
Se os caminhos nos quais você andou até hoje não lhe deram o privilégio de conhecer a Deus, ande agora pelo caminho que Deus mesmo lhe propõe, ou seja, ande pelo caminho-Cristo ou pelo Cristo-caminho ouvindo o chamado do Espírito Santo que insiste em lhe dizer: Este é o caminho, andai por ele.
Assim, mais do que crer em Deus, andando pelo caminho que é Jesus Cristo você conhecerá a Deus, que é uma das grandes senão a maior razão de existir.
Se você caminhou pela vida e ao final dela não encontrou o caminho que leva ao Pai, você acabou fazendo a pior viagem que o homem poder fazer, ou seja, de ter vivido fora do caminho eterno.
O salmista há muito tempo escreveu: Bom e reto é o Senhor, por isso, aponta o caminho aos pecadores (Sl 25.8).
O Senhor é tão bom e reto que apresenta a você, que é um pecador, o caminho para Ele, de modo que se você está numa situação de perdido, de alguém que não sabe para onde ir, o evangelho diz para você hoje que Jesus Cristo é o caminho que lhe dá direção segura e o leva ao Pai.
            Quem caminha no caminho que é Jesus Cristo anda de forma reta, tem direção certa, faz uma excelente viagem e chegará ao melhor lugar.
Lutero de Paiva Pereira






quinta-feira, 18 de outubro de 2012

FRUTIFICAÇÃO



Com relativa freqüência os crentes vivem sob a pressão de mensagens cobrando-lhes uma vida frutífera. Os que levam a sério as exigências e a elas se dedicam sofrem com a impossibilidade de não serem frutíferos.
Não é incorreta a afirmativa dos pregadores de que Deus é glorificado no fruto que os crentes manifestam. A incorreção deles está no fato de exigirem que os crentes façam algo que não conseguem por si mesmos, ou seja, frutificar.
Se você visse um galho de laranjeira no chão sendo cuidado pelo chacareiro na expectativa de que ele produza laranja, sendo você uma pessoa minimamente inteligente diria que o homem estava louco, pois uma vez que o galho se desconectou da laranjeira ele não consegue produzir um fruto sequer.
Assim é o crente e sua dependência de Cristo, a saber, se ele estiver desconectado de Cristo ele nada pode fazer em termos de frutificação, por mais esforçado que se mostre.
Em lugar da cobrança no sentido de serem frutíferos, os crentes deveriam ser orientados pelas mensagens em como frutificar, tendo por base o que a Palavra de Deus diz neste sentido, e aí sim a frutificação aconteceria espontaneamente.
O que é preciso dizer é que o fruto que glorifica a Deus não é o fruto que o crente produz, mas sim o fruto que o crente simplesmente manifesta.
Há enorme diferença entre o crente produzir e o crente manifestar fruto.
No primeiro caso, quando a pregação cobra do ouvinte a produção de fruto, o que está embutido nesta exigência é que o crente deve se esforçar e se empenhar no processo de frutificar como se por suas próprias forças fosse capaz de produzir algo para a glória de Deus.
Jesus, no entanto, já fez um alerta a respeito de mensagens desta natureza quando disse: não pode o ramo produzir fruto de si mesmo (Jo 15.4).
Portanto, você como ramo não tem a mínima condição de por si só produzir fruto algum para a glória de Deus.
No segundo caso, isto é, o  crente manifestar o fruto, as forças e o empenho pessoais neste caso  não contam no processo de frutificação, pois , na condição de ramo, ele  simplesmente vai manifestar o fruto que é da videira.
Desde logo o crente precisa saber que  ramo algum  produz fruto, mas somente a  videira.
Vale observar as palavras de Jesus ditas neste sentido: quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto (Jo 15.5).
Ou seja, é o permanecer em Cristo e Cristo permanecer no crente é que torna este último frutífero.
Portanto, a produção do fruto é obra da videira, enquanto aos ramos cabe somente manifestar o fruto que dela procede.
Ao contar a parábola da videira verdadeira, através da qual Jesus se apresenta como a videira e chama os crentes de ramos, sua grande ênfase não é exigir dos ramos que frutifiquem, mas sim que permaneçam nEle.
Ou seja, o segredo para o ramo ser frutífero consiste em estar em Cristo, em permanecer ligado a Ele, caso contrário o  ramo murcha, fica sem vida, infrutífero e morre.
Sem mim, Jesus observa, nada pois fazer (Jo 15.5), ou seja, sem a videira o ramo não tem força ou capacidade para frutificar.
Mas uma vez que o ramo permanece na videira, e a seiva da videira permanece ou circula por ele, o fruto que dela procede será por ele manifestado, como Jesus alertou: quem permanece em mim, e eu nele, esse dá muito fruto (Jo 15.5).
Se você tem tido vontade de frutificar para glorificar a Deus, mas este desejo se frustra a cada nova tentativa pessoal, o que explica seu insucesso neste particular é que você tem tentado por suas próprias forças produzir fruto que somente Cristo pode produzir.
Para sair da frustração e entrar numa vida de realização a única alternativa é voltar-se para Cristo, é permanecer em Cristo e aí sim, a vida de Cristo em você produzirá o fruto que a Deus glorifica.
Se você permanecer em Cristo e Cristo permanecer em você, você dará muito fruto, e sendo este um fruto da videira verdadeira ele glorificará a Deus.
Troque, portanto, o esforço de produzir fruto pelo o de permanecer na videira para manifestar fruto que dela decorre para que tudo seja diferente.
Se você não se esquecer que o fruto é da videira verdadeira e não do ramo, e como ramo se lembrar de permanecer na videira sempre, sua vida será  frutífera e Deus será glorificado.
Afinal, Jesus nunca exigiu que seus discípulos fizessem algo que Ele não lhes desse condições de fazer, dentre elas frutificar.
Lutero de Paiva Pereira

terça-feira, 18 de setembro de 2012

DEUS FALOU COMIGO


Em termos da comunicação de Deus com os homens é possível dividir os crentes em duas categorias distintas.
Na primeira estão aqueles que poderiam ser chamados de “crentes on line”, os quais insistem em afirmar que Deus fala ou se comunica com eles direta e constantemente toda a semana, quando não, todos os dias. Na segunda, os “crentes off line”, que são categóricos em dizer que Deus nunca fala ou jamais se comunica ou se comunicou com eles.
Estas duas categorias de pessoas são comuns nas igrejas, e com elas dois tipos de crentes, a saber, os presunçosos, ensimesmados e orgulhosos que dizem ouvir Deus todo dia, e os entristecidos, depressivos e complexados, que pelo fato de Deus não falar com eles como fala com os outros, se sentem rejeitados e não amados pelo Senhor.
Ambos os crentes são difíceis de serem lidados, pois suas posições “espirituais” lhes dão uma resistência a qualquer tipo de ensino que tente removê-los destas atitudes.
No entanto, olhando com mais atenção para as Escrituras é possível dizer que ambos , os on line e os off line na verdade estão enganados, pois Deus não fala com os primeiros como eles dizem, nem deixa de falar com os segundos como eles imaginam, pelo contrário, Deus já falou com ambos, só que através de Jesus Cristo e não numa linha direta e exclusiva como querem alguns.
O escritor sagrado ao escrever sua carta aos Hebreus, já nos dois versos iniciais do capítulo primeiro é enfático em dizer que Deus falou com os homens utilizando-se de suas formas distintas de comunicação. Ao tempo do Antigo Testamento, diz ele, Deus falou de muitas maneiras por meio dos profetas (Hb 1.2).
Ou seja, no tempo antigo Deus utilizou-se dos profetas por Ele mesmo comissionados, para comunicar-se com seu povo, de modo que querendo alguém saber o que Deus disse, a via adequada para ouvir eram os profetas.
Quando, no entanto, chega a era do Novo Testamento, que o escritor chama de últimos dias, a maneira de Deus falar com os homens já não é mais através de profetas, mas sim, através de uma via muito mais elevada, a saber, seu próprio Filho. O escritor então informa: nestes últimos dias, nos falou pelo Filho (Hb 1.2).
Assim, no tempo da graça, no tempo do evangelho do reino, o falar de Deus aos homens se dá por intermédio de Jesus Cristo, o qual representa tudo aquilo que Deus desejou falar ou comunicar aos pecadores.
Hoje se o crente deseja saber o que aprouve a Deus que ele saiba; se quer saber o que Deus tinha a lhe comunicar e, se tem interesse em conhecer o que de Deus se pode conhecer, não deve sair atrás de pseudos profetas ou "ouvidores" divinos, pelo contrário, é preciso que seu coração esteja disposto a conhecer a Cristo, e conhecendo-O, ter a experiência espiritual real de saber o que Deus falou.
Quando o crente conhece a Cristo e Sua obra, imediatamente ele está sabendo o que Deus lhe falou, pois tudo aquilo que o crente tem de saber de Deus está em Jesus Cristo.
Deus não fala nada ao homem fora de Jesus Cristo, e em Jesus Cristo o homem sabe tudo que Deus quis lhe comunicar.
Deste modo, tendo Deus centralizado em Cristo todo o seu falar com os homens, é possível dizer que as duas categorias de crentes acima expostas estão totalmente erradas.
A primeira, a dos “crentes on line” porque não existe a possibilidade de uma pessoa estar conectada com Deus a não ser através de Jesus Cristo. Ou seja, não há a menor chance de Deus ficar falando com alguém além daquilo que Ele já falou em Cristo e através de Cristo. De modo que tais pessoas precisam rever esta “voz”que dizem lhes falar, pois ela pode não ser a voz de Deus.
A segunda, a dos “crentes off line”, porque Deus já falou com eles em Cristo, de modo que se desejam saber aquilo que Deus deseja que saibam, precisam voltar seus corações as Escrituras para conhecerem mais e mais de Cristo, e conhecendo-O, ouvirem Deus falar com eles.
Quando, por exemplo, Paulo escrevendo aos romanos diz que Deus prova seu amor por nós pelo fato de Cristo ter morrido por nós quando nós éramos ainda pecadores (Rm 5.8), o que você acha que Deus está falando com você neste verso?
Está falando que o ama, e que através de Cristo provou que o ama, e esta prova foi dada ao tempo em que você ainda era um pecador.
Não é bom saber disto?
Por outro lado, ao escrever que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo (2 Co 5.19), o apóstolo quer dizer com estas palavras que Deus está lhe falando que através de Cristo Ele afastou a inimizade que existia entre Ele e você, de modo que de agora em diante  você e Ele estão em paz um com o outro.
Não é excelente ouvir isto?
Estes e tantos outros textos da Escritura são o falar de Deus aos homens através de Jesus Cristo, falar que quando ouvido gera grande alegria no coração de quem ouve.
Cristo comunica o amor de Deus a nós, Cristo fala do amor de Deus por nós, e quanto mais de Cristo se conhece, tanto maior será a certeza do falar amoroso de Deus conosco.
Portanto, através de Cristo, e somente de Cristo, Deus falou e Deus continua falando aos homens sobre Sua graça, verdade e propósito.
O crente precisa, e com urgência, ter ouvidos para ouvir a voz maravilhosa de Deus, que lá na cruz do calvário se tornou mais que sonora aos ouvidos de todos.
Se você está na categoria dos on-line, mas fora de Cristo, você não está ouvindo Deus, mas seu próprio coração enganoso. Mas se você é da categoria dos off-line, você não está ouvindo não porque Deus não fala com você, mas porque você não está devidamente ligado a Cristo, o falar de Deus com os homens.
Portanto, deixe-se atrair a Cristo, e aí sim você poderá dizer, com verdade: Deus falou comigo hoje.
Jesus Cristo afirmou: E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo (Jo 12.32).
Lutero de Paiva Pereira

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

POBRE CRENTE RICO

Quando o coração diz que você não tem, mesmo você tendo, na realidade você não tem, pois você vê ou percebe a vida ou as coisas conforme seu coração comanda. 
Certamente você já viu ou ouvir falar de pessoas ricas que vivem como miseráveis, e do quanto suas atitudes são dignas de dó, e isto acontece porque elas acham que são pobres ou mesmo detentoras de poucas posses, embora possuam bom patrimônio.
Os crentes, com raras exceções, no que diz respeito a vida espiritual, vivem miseravelmente embora sejam ricos. E aqueles que adotam este tipo de pensamento e, consequentemente, de conduta têm uma prática cristã de grande sofrimento, pois não medem esforços para buscar bênçãos e mais bênçãos, não percebendo que já as possui em abundância em Cristo.
Lembro-me de ter lido a história de um rapaz cuja família tinha muitos bens, mas mesmo assim sua vida não era nem um pouco compatível com sua realidade financeira. Seus amigos julgavam que ele tinha uma vida bastante agradável em razão do patrimônio dos seus pais, mas ninguém conhecia seu drama pessoal, pois o rapaz achava que nada possuía.
Uma vez seu problema veio à tona, e isto em razão de circunstância familiar bem íntima.
Insatisfeito com tudo, o rapaz foi logo dizendo a seu pai que não aguentava mais aquela situação. Afinal, muitas vezes quis dar uma festa aos seus amigos, mas não conseguia fazer nada, porque não tinha dinheiro ou recurso para promover o encontro. 
Seu pai ficou espantado com sua atitude  e lhe disse que não havia porque ter este sentimento, pois todo o patrimônio que ele tinha era dele também, de modo que poderia fazer a festa que bem entendesse sem nenhum problema.
Acontece que o rapaz mesmo sendo rico em razão da riqueza do pai, não se julgava como tal e isto o impedia de desfrutar do patrimônio 
Pobre rapaz rico. Que decepção. Que momento de choro deve ter sido aquele em que o pai lhe dá a conhecer o que seu coração ignorou por todo tempo, ou seja, que tudo do pai lhe pertencia.
Tal é a história de muitos pobres crentes ricos, os quais descobrem muito darde  que Deus já o abençoou com todas as bênçãos espirituais em Cristo (Ef 1.3), de modo que tudo aquilo que precisam ter para viver de modo saudável já lhe foi concedido em Cristo. 
Quando o crente se depara com esta realidade espetacular ele tem a sensação de ter perdido tempo à época em que “correu” atrás de bênçãos, ignorando as bênçãos espirituais que já eram suas em Cristo Jesus.
O apóstolo Paulo diz que orava em favor dos crentes da igreja de Éfeso para que eles tivessem iluminados os olhos do seu entendimento, para que soubessem qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos (Ef 1.18).
Com tais palavras o escritor sagrado demonstra que desejava que aqueles crentes tivessem a experiência de terem seus olhos aclarados para verem seu patrimônio espiritual inesgotável e, vendo pudessem viver em função das riquezas da glória que participavam em Cristo, pois bem sabia o grande evangelista que se eles vivessem nesta perspectiva, suas vidas em tudo seriam melhor e diferente.
Prosseguindo no seu ministério de fazer os crentes verem que já possuíam muito mais do que imaginavam ter, o apóstolo diz que Deus nos ressuscitou juntamente com Cristo e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus (Ef 2.6), uma realidade espiritual que pode ser percebida e vivenciada hoje, e que quem consegue compreender isto já tem riqueza mais que abundante para ter uma vida espiritual regada pela alegria e  satisfação.
O pobre crente rico precisa, com urgência, descobrir suas riquezas em Cristo, e quem isto fizer certamente não viverá como o jovem da história acima descrita, que consta da parábola que Jesus contou do filho pródigo.
Por todo o tempo em que o rapaz morou na casa do pai, e de um pai rico, ele se portou como nada tendo, como um pobre, pois seu coração nunca permitiu notar a bondade do pai para com ele, bondade esta que tinha levado o pai a considerar como dele tudo que era seu.
É preciso que os crentes descubram logo o amor de Deus por eles, amor que levou Deus a abençoá-los com toda a sorte de benção espiritual em Cristo, de modo que nada lhes falta daquilo que é útil para um viver saudável de quem foi salvo pela graça.
Converter o coração a Deus é uma atitude constante e progressiva, e ainda hoje é tempo do seu coração se voltar mais um pouco para o Senhor, de modo a perceber que de nada tem falta, pelo contrário, tem total suficiência em Cristo para viver rica e abundantemente.
Descubra nas Escrituras as bênçãos espirituais que Deus já o abençoou em Cristo e você verá quão rico é, e ao fazer esta descoberta  suas orações ao vez de pedir passarão mais a agradecer a Deus por sua bondade.
Ao Deus de toda graça que nos abençoou em Cristo, seja toda a glória.
Lutero Paiva Pereira


segunda-feira, 30 de julho de 2012

CRENTE MULA, IGREJA CURRAL.



A igreja se tornar num “curral” repleto de “mulas” não é ficção religiosa, mas uma realidade que está bem mais próxima de nós do que as vezes conseguimos perceber.
Ao tempo do Antigo Testamento Deus usou uma mula para falar com um profeta, a saber, Balaão, é verdade, mas este fato inédito nem de perto quer dizer que Deus deseja que os crentes sejam mulas para estarem a Seu serviço. Pelo contrário, a orientação expressa de Deus é que os crentes não sejam iguais a mula, pois se procederem como tal não poderão servi-Lo adequadamente.
Ainda que Deus possa fazer todas as coisas, o que o crente não duvida, parece mais fácil Deus fazer uma mula que não é crente falar uma verdade, como aconteceu no episódio com Balão, do que um crente mula falar com entendimento.
Daí a razão de Deus não desejar que os crentes se pareçam com a mula, pois se agem como tal não podem glorificá-Lo.
O irracional para falar como racional requer, se tanto, somente uma articulação de sons diferente daquela que é própria de sua natureza, numa alteração simples de sua mecanicidade original. Já o racional falar com entendimento é coisa mais séria, pois exige mais do que articulação de sons, é preciso o uso adequado e correto da capacidade de pensar, de raciocinar o que, em lhe faltando, o deixa imprestável para comunicar corretamente a verdade.
E para falar a Palavra de Deus o crente precisa ter mais do que uma boa intelectualidade, mais do que uma bela oratória, ele precisa ter entendimento sobre a própria Verdade, coisa que ao homem não é natural mas adquirida à medida que medita na Palavra de Deus.
A base bíblica a sustentar a idéia de que Deus não quer que os crentes sejam como a mula está no verso 9, do capítulo 32 do livro dos Salmos, onde Deus fala direta e objetivamente através do salmista:
Não sejais como o cavalo, nem como a mula, que não têm entendimento, cuja boca precisa de cabresto e freio para que não se cheguem a ti.
Este verso permite boas reflexões.
Primeiramente dele se pode deduzir que é sim possível ao crente ser igual a mula.
Se Deus disse através do salmista: não sejais como a mula, é porque o homem pode se tornar, em termos de comportamento, semelhante ao referido animal.
Quando Deus diz: não sejais como é porque o crente pode ser como, isto é, igual a, pois se não houvesse esta possibilidade Deus obviamente não faria tal observação.
Portanto, é plenamente sustentável a afirmativa de que o crente pode sim ser igual a mula.
Em segundo lugar, do verso se conclui que Deus não deseja que o crente seja igual a mula.
Se é possível ao crente ser igual a mula, e não há como negar que possa se parecer com ela, visto que se não pudesse a ela se assemelhar Deus não o exortaria a não se parecer com o animal, por outro lado está claro que Deus não deseja que o crente se pareça com o quadrúpede.
A mesma afirmativa de Deus – não sejais como a mula ­– que aponta para o fato de que o crente pode ser parecido com o animal, revela também que Deus não deseja que o crente se pareça com o animal.
Fica certo, portanto, que Deus deseja que o crente seja diferente da mula.
Em terceiro lugar do verso se depreende que o que diferencia um do outro, ou seja, o que torna o crente diferente da mula é o entendimento.
No verso 9 onde está implícito que o crente pode ser igual a mula está explícito que Deus deseja que ele seja diferente dela, e ali mesmo Deus indica o ponto que diferencia um do outro, o qual faltando torna ambos iguais, e o ponto em questão é o entendimento.
Deus diz: Não sejais como a mula, que não tem entendimento.
Ao não ter entendimento o crente se torna igual a mula, e ao adquiri-lo ele se diferencia dela.
A única coisa, portanto, que pode dar ao crente um comportamento diferente da mula, no caso, é o entendimento, de modo que aquele que se assemelha a mula age sempre sem entendimento, e o que dela se mostra diferente, com entendimento se comporta.
Portanto, para o crente não ser igual a mula ele precisa buscar entendimento.
Em quarto lugar fica patente que a falta de entendimento põe em risco tanto a mula, quanto o crente que a ela se assemelha, pois ao não agir com entendimento o perigo se avizinha cada vez mais.
Sem entendimento, sem poder discernir os perigos, as armadilhas, sem poder pensar e raciocinar corretamente sobre o que fazer e o que não fazer, a mula se põe em desabalada carreira e precisa de freios na boca e cabresto na cara para ser conduzida pelo seu dono, salvando-a dos grandes desastres.
O crente mula, ou seja, o crente sem entendimento, anda pelo caminho do erro, tem comportamento tresloucado, pensa desarticuladamente, age mais por instituto do que pelo raciocínio, e por isto está sempre próximo do perigo.
O povo de Israel teve comportamento de mula, e sua experiência de agir sem entendimento foi grandemente dolorida e serve de exemplo para o crente de hoje.
A ida do povo de Israel ao cativeiro tem como causa o seu comportamento muar, ou seja, o  ter vivido como mula, isto é, sem entendimento.
Através do profeta Deus faz esta constatação: Portanto o meu povo será levado cativo, por falta de entendimento (Isa 5.13).
Ao não ter entendimento, e não o teve porque se afastou de Deus e de Sua Palavra, o povo de Israel correu em direção ao cativeiro, mesmo pensando que estava indo em direção contrária.
A falta de entendimento faz isto com o crente, ou seja, rouba-lhe a capacidade de perceber para qual direção está se encaminhando, e como não sabe para onde vai pode andar por caminhos cujo início são caminhos que parecem de vida, mas o fim deles é a morte (Pv 14.12).
Já a própria destruição do povo de Israel é debitada em sua conta por Deus como sendo causada pela falta de conhecimento, isto é, de entendimento no agir: O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento (Os 4.6).
Portanto, tanto na mula, quanto no crente, a falta de entendimento é causa de cativeiro e de destruição.
Em quinto lugar é preciso tratar da fonte de entendimento disponível ao crente.
O salmista expressamente declara: Pelos teus mandamentos alcancei entendimento (Sl 119.104).
A Lei do Senhor, para o salmista, era a fonte de entendimento. Guardar a lei no coração lhe assegurava entendimento mais que suficiente para viver como alguém que sabia discernir as coisas, e não como a mula que anda irresponsavelmente em toda a sua conduta, correndo risco de ser presa fácil e de ser destruída pelos perigos que estão a sua frente.
O crente sabe que a Palavra de Deus dá sabedoria aos simples ( Sl 19.7), e que fora dela não é possível ter o entendimento necessário para evitar o cativeiro e, por fim, a destruição.
O problema muitas vezes é que o crente nem sempre está disposto a meditar na Palavra que dá sabedoria.
Não se estribe no teu próprio entendimento (Pv 3.5), advertiu o sábio, mas busque entendimento em Deus e em Sua Palavra, para que o comportamento sábio apareça. Ademais, vale observar que no chamado mundo religioso a possibilidade de ser enganado por falta de entendimento é bem mais séria do que as vezes se imagina.
Conclusão.
O pregador, o grande responsável por ajudar o crente a diferenciar-se da mula, deve ser alguém que estimule a igreja conhecer a Escritura, a meditar nela, a ir à fonte do pleno entendimento, e isto para que tenha uma vida pautada pelo entendimento que vem da verdade.
O pregador, para agir assim, precisa ele mesmo ser um dedicado conhecedor da Escritura, evidenciando em sua pregação o entendimento que a Palavra comunica aos que nela meditam de dia e de noite (Sl 1.2).
O pregador, para cumprir este seu mister, deve expor a Escritura sempre e para bom entendimento dos ouvintes, levando-os ao pleno conhecimento da verdade, pois se assim não o faz corre o risco de transformar a igreja num curral cheio de mula.
Portanto, o alerta de Deus para cada um dos seus filhos é: não sejais como a mula, que não tem entendimento.
Lutero de Paiva Pereira

quinta-feira, 12 de julho de 2012

PENSANDO NO FUTURO


Só tem presente quem tem futuro e quem tem futuro excelente tem presente muito bom, pois o efeito do futuro no presente é inegável.
Esta afirmativa pode ser aplicada em qualquer campo da vida, pois aquilo que se espera, aquilo que se deseja obter, a expectativa que se carrega em relação a algo novo, é um combustível para a alma no dia de hoje.
O futuro bom constrói o presente, mas o futuro ruim o destrói.
Pergunte a um condenado a pena de morte como é o seu presente e você verá como a expectativa de um amanhã terrível torna insuportável o dia de hoje.
Embora não seja bom fixar-se demasiadamente no amanhã, sob pena de se perder o hoje, não é bom deixar de olhar para o futuro, mesmo porque uma pessoa que não sonha, não tem nada porque esperar pode mergulhar num pesadelo de grande sofrimento.
Biblicamente falando o crente é sempre estimulado a viver em direção ao scaton, as últimas coisas, o que se observa desde o início da história quando Deus promete salvação ao homem (Gn 3.15), até o fim dela quando João vê a nova terra que virá (Ap 21.1).
Se é certo dizer que o homem não tem domínio sobre o futuro é correto afirmar que o futuro tem domínio sobre o homem, de modo que querendo ou não, negando-o ou aceitando-o, os dias que estão sendo sofrem a pressão daqueles que ainda serão. 
Se o futuro que domina o homem, que sobre ele exerce pressão, que não está sob seu controle, não o atemoriza mas o conforta, não o angustia mas consola, não é repulsivo mas atraente, esse é  domínio para o bem e não para o mal, para a vida e não para a morte, para a esperança e não para o desespero.
Por isto, se o futuro é assim, no que for possível, é sempre bom dar uma espiada para ele para tornar melhor os dias presentes.
Em termos de futuro a fé cristã é que comunica a melhor expectativa para o homem, pois aponta para o estabelecimento do Reino de Deus na terra ao tempo da volta de Cristo, quando os salvos viverão a vida em sua plenitude.
E se o futuro é algo que não tem como ser evitado, e efetivamente não tem; se o futuro chega sem ser convidado, e chega rapidamente; se para o futuro se caminha sem retroceder, e ninguém pode evitá-lo, o melhor é conhecer um pouco do que está à frente para se prosseguir em sua direção e, até mesmo, de alguma maneira, ansiar por ele.
Os grandes teólogos já afirmaram que a fé cristã é eminentemente escatológica, pois tem uma carga substancial de futuro, de expectativa e de esperança em sua proposta.
Ignorar ou desconhecer a esperança da fé é, na prática, viver sem fé, e o melhor da fé está por acontecer.
O apóstolo Pedro diz que nós, segundo a promessa de Deus, esperamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça (2 Pe 3.13), palavras que denotam que o escritor sagrado tem expectativa em relação ao que Deus prometeu em favor dos salvos.
Esperar aquilo que Deus prometeu é aguardar o melhor, pois diz a Escritura que as coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam (1 Co 2.9); esperar o prometido por Deus é ter certeza de sua realização pois a Escritura afirma que Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa; porventura diria ele, e não o faria? Ou falaria, e não o confirmaria? (Nm 23.19); esperar pelo que Deus prometeu e cumprirá é descansar em boa expectativa Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti que trabalha para aquele que nele espera (Isa 64.4).
Na conhecida definição de fé apresentada pelo escritor sagrada o que se observa de seu conteúdo é que a fé faz o crente olhar para frente, para o futuro, para o que está por acontecer, dando-lhe ao mesmo tempo certeza de chegar lá e convicção de que chegar lá é encontrar o melhor.
Antes mesmo de apresentar exemplos de homens que viveram impulsionados e animados pela fé e, portanto, pela esperança, pelo futuro, o escritor da carta aos Hebreus diz que a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem (Hb 11.1).
Na primeira parte a fé é apresentada como a certeza de coisas que se esperam, o que significa dizer ser de sua essência a esperança, ou seja, o futuro.
Portanto, fé é a certeza do futuro que se espera.
Na segunda parte o autor diz que fé é a convicção de fatos que se não vêem, o que torna certo que a fé não cria fatos mas vê os fatos que Deus criou e espera por eles.
Se quando o homem pecou seu afastamento de Deus lhe roubou o futuro, a partir do modo que ele foi reconciliado com Deus pela fé em Jesus Cristo este fato lhe trouxe o futuro de volta, pois a fé em Cristo traz a expectativa da vida eterna, do Reino de Deus que o apóstolo caracteriza como sendo de justiça, paz e alegria no Espírito (Rm 14.17).
Se a fé em Cristo traz tanta esperança ao crente, se ela lhe comunica um futuro tão promissor, o melhor a fazer é fortalecê-la e a maneira da fé se tornar mais robusta é utilizar da mesma instrumentalidade aplicada para sua vinda, ou seja, a Palavra de Deus.
Se a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus (Rm 10.17), ouvir a Palavra, meditar nela, torna a fé mais consistente e, então, mais conhecível o futuro.
Abraão, diz o escritor inspirado, esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus (Hb 11.10), e os crentes fazem bem em andar nas pisadas daquela fé que teve nosso pai Abraão (Rm 4.12).
Pense, pois, no futuro nesta  perspectiva  para permanecerdes fundados e firmes na fé, e não vos moverdes da esperança do evangelho (Cl 1.23).
Lutero de Paiva Pereira

sexta-feira, 6 de julho de 2012

IGREJA: COLUNA DA VERDADE



Nesta nossa época é incrível observar como a velocidade dos acontecimentos envelhece rapidamente as coisas novas e aquilo que foi novidade ontem amanhã já é considerado antigo, dinamismo do tempo moderno ou pós-moderno visto no mundo material e no espiritual, no ambiente das coisas e no da religião, e em qualquer deles cobrando um preço muito alto dos que desejam ter satisfeitos seus desejos.
Diante deste quadro a pergunta que se faz é se a igreja, uma instituição antiqüíssima, deve se atualizar para continuar a ocupar seu espaço e responder à altura a fome de alma dos famintos e a resposta é que em termos de missão e do seu conteúdo a igreja não necessita de nenhum upgrade para justificar sua existência e atuação na sociedade e na cultura onde as pessoas, na linguagem bíblica, procuram pão que não alimenta e água que não sacia a sede.
 Com efeito, a igreja que deixa a Escritura e vive se atualizando, por mais paradoxal que possa parecer, tende a morrer, pois o que dá vida a sua existência não é o novo, mas sim o eterno o qual não sofre influência do tempo, é sempre atual e não envelhece nunca.
Trabalhando com a verdade, um “produto” único, insubstituível, necessário e imprescindível ao homem a igreja é sempre atual em seu propósito devendo, isto sim, manter-se fiel ao seu Senhor para em tudo corresponder ao seu chamado, fazendo coro com os apóstolos: mais importa obedecer a Deus do que aos homens (At 5.29), pois como coluna da verdade (I Tm 3.15), ela não se desatualiza e nem se reinventa a cada nova época, pois a verdade transcende o tempo, as eras e as gerações.
A procura de coisas novas no sentido espiritual ou religioso prova que o homem ainda não encontrou o que é eterno, pois quem se abastece do eterno não necessita ir atrás do que é passageiro, de modo que a igreja deve continuar a proclamar a verdade para que o pecador conheça, enfim, o caminho da vida.
A verdade da qual a igreja é coluna tem as seguintes características: a) veio por meio de Jesus Cristo – a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo (Jo 1.17); b) tem o poder de libertar - conhecereis a verdade e a verdade os libertará  (Jo 8.32); c) produz santificação -  santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade (Jo 17.17); d) fundamenta a adoração -  Deus é espírito; importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade (Jo 4.24); e) leva o homem a Deus – eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai senão por mim (Jo 14.6), o que demonstra que tudo está na verdade, que todos são seus dependentes e que fora dela não há vida, liberdade, menos ainda adoração ou possibilidade do homem encontrar-se com Deus.
É esta verdade que não sofre desgaste, que não envelhece nem perde sua importância e poder, que não se conforma a nada enquanto tudo deve se conformar a ela, é que a igreja é “distribuidora” autorizada junto aos perdidos, de modo que o melhor da igreja de uma época é não se conformar com sua época, mas influenciá-la com sua mensagem, deixando-se dirigir pelo Espírito da verdade (Jo 16.13), anunciando através da palavra da verdade do evangelho (Cl 1.3) a salvação em Jesus Cristo para tirar o pecador do desespero, do caos e da morte.
A verdade que valeu para o início e tem igual importância para o fim da história, deve ser proclamada sempre e sem interrupção, ainda que muitos prefiram entregar seus ouvidos a ouvir coisas novas, como era o caso dos “atenienses e estrangeiros residentes, de nenhuma outra coisa se ocupavam, senão de dizer e ouvir alguma novidade (At 17.21)”.
Mas a igreja não foi chamada para satisfazer tal nível de curiosidade dos homens, senão para cumprir a missão que seu Senhor lhe deu de pregar a palavra a tempo e fora de tempo ( II Tm 4.2), de modo que cabe-lhe mais obedecer quem a institui do que propriamente quem dela intenta tirar proveito.
Uma igreja que tem uma mensagem eterna ao invés de uma mensagem nova, uma palavra que liberta e não um discurso que distrai, uma proclamação que leva o homem a Deus e não aquela que leva o homem a nada, esta sim é uma coluna que inspira confiança dos pecadores e dá glória a Deus.
A igreja deve olhar para sua atividade essencial no mundo e com ela se comprometer ainda mais, sabendo que na qualidade de coluna da verdade não deve se preocupar com os apelos da modernidade mas sim com o propósitos gloriosos de Cristo, e se assim o fizer contará com a companhia indizível daquele que prometeu: eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século (Mt 28.20).
Lutero de Paiva Pereira