segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A MISSÃO DOS EVANGELHOS, DO EVANGELHO E DOS EVANGÉLICOS

Entre o último livro do Antigo Testamento e os primeiros do Novo, passaram-se mais de 400 anos até que Deus voltou a inspirar homens para escrever o que Ele julgava importante para conhecimento de todos. Assim, enquanto o Antigo Testamento se encerra com escritos proféticos o Novo se inicia com escritos evangelísticos, sob a pena de Mateus, Marcos, Lucas e João.
A missão dos evangelhos.
Os quatro evangelhos anunciam a chegada do Messias e seus notáveis feitos, os quais testemunham em favor de sua filiação divina. Afinal, somente o Filho de Deus poderia operar os sinais e milagres que ali encontram-se registrados. 


No entanto, o registro dos extraordinários feitos não tinha como objetivo fazer apologia dos próprios acontecimentos, mas sim, dizer que o autor deles era o Messias prometido no Antigo Testamento, o qual vindo a terra provava o amor de Deus pelos homens, inaugurava Seu reino e assegurava aos crentes a esperança de fazerem parte desse reino que jamais terá fim.
Quem deixa bem evidente que os sinais registrados nos evangelhos têm como objetivo levar as pessoas a olhar para Jesus para nele crer, é o evangelista João quando escreve: Jesus, pois, operou também em presença de seus discípulos muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome (João 20:30-31).
Ou seja, a missão dos quatro evangelhos era dar evidência  a filiação divina de Jesus, fato este que se torna mais notório quando Ele ressuscita dentre dos mortos.
Se naquele tempo os quatro evangelhos não tinham como proposta  ficar divulgando os sinais e milagres de Jesus a não ser para que eles apontassem para seu autor, pois mais importante do que os feitos era o Feitor, não pode ser diferente a leitura que se faz deles hoje.
A missão do evangelho.
Chega, então, o tempo da evangelização e é preciso saber qual a missão do evangelho.
Nas palavras de Richard Sibbes “o evangelho é uma carruagem que leva Cristo ao mundo”.
Assim, de quando em quando é preciso verificar se a “carruagem” não está indo vazia, isto é, desprovida de Cristo ou, o que ainda é pior, levando coisa diferente daquilo que é sua função transportar.
Para cumprir sua missão de “transportar” Cristo aos homens o evangelho deve ser fiel a Escritura, de modo que somente aquilo que a Palavra efetivamente diz a Seu respeito deve ser proclamado aos homens. 


Quem for zeloso na consulta ao texto sagrado para cumprir a ordem do ide e pregai o evangelho a toda criatura verá que anunciar a encarnação, a morte, a ressurreição, a exaltação de Cristo, seu retorno, enfim, sua obra de Salvador e Senhor, é a mensagem a ser anunciada sempre.
A missão do evangelho na função de transportar Cristo ao mundo tem como objetivo realizar a vontade de Deus que é reconciliar o homem consigo mesmo, e para que isto aconteça é preciso que o pecador confesse a Cristo como Senhor.
O que o homem precisa saber, e com urgência, é que aquilo que perdeu em Adão, ao pecar, muito mais ganhou em Cristo, quando por ele foi justificado.
  Nisto a graça divina é posta em evidência e o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo passa a ser bendito eternamente por aqueles que forem salvos pelo seu evangelho.
Paulo, exemplo de quem empenhou-se corretamente na pregação do evangelho não teve outra ocupação, senão pregar a Cristo para salvação dos perdidos, não se importando se os novos convertidos iriam mudar ou não seu status social, cultural, econômico, profissional, empresarial pelo fato de terem sido feitos novas criaturas.
Portanto, sob a luz da Escritura a missão do evangelho é estabelecer um novo, efetivo, seguro e agradável relacionamento entre o salvo e o Salvador, de modo que daí por diante ele tenha um comportamento “digno do 
A missão dos evangélicos.
Tendo o evangelho realizado sua missão de salvar o pecador, o que é seu ponto central, aí sim, e se for o caso, se descortina em favor dos salvos a missão dos evangélicos. 
Como a  Bíblia diz que se deve fazer o bem, principalmente aos da mesma fé (Gl 6.10), nisto a missão dos evangélicos consiste, dentre outras coisas, em ajudar, o quanto possível, e na medida da permissão dos novos evangélicos, seu desenvolvimento social, intelectual, etc.
Não se pode desprezar, no entanto, que a missão dos evangélicos somente terá acesso à medida da permissão dos novos convertidos, respeitando-lhes o direito de serem conforme lhes apraz ser, somente cuidando e orientando-os para que não permaneçam em práticas pecaminosas.
No entanto, padronizar os habituais culturais a partir de uma matriz que a Bíblia mesmo não estabeleceu não faz parte da missão dos evangélicos.
Cristo resolvendo o problema entre o homem e Deus, e os crentes ajudando-se mutuamente no seu desenvolvimento cultural lato senso, parece ser tudo que se pode alcançar.


Respeitadas as respectivas esferas de atuação, a missão dos evangelhos, do evangelho e dos evangélicos vai cumprir seu propósito de constituir um povo que anda para glória de Deus.
Deste modo, não sendo missão dos evangelhos anunciar sinais pelos sinais, nem do evangelho resolver problemas financeiros dos homens, menos ainda dos evangélicos estabelecer uma cultura única para todos os povos, é preciso bom entendimento para respeitar as ações que pertinem a cada um.
Se, a despeito disto, os evangélicos se utilizam do evangelho para resolver questões eminentemente sociais, a igreja se torna, se assim se pode dizer, numa ONG de Cristo, se prestando a resolver problemas sociais mais do que espirituais, invertendo por completo sua vocação.
Deixando a carruagem se encher de Cristo, já que é desta Pessoa que a humanidade se mostra carente, Deus em tudo será louvado, e os confins da terra serão alcançados pelo evangelho proposto pelos evangelhos, zelosamente anunciado pelos evangélicos.
Lutero de Paiva Pereira

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