quinta-feira, 26 de junho de 2014

TIRANDO FORÇA DA FRAQUEZA


A palavra fraqueza, que aponta para um estado de debilidade, ausência de forças, perda de energia e coisa parecida, qualquer que seja o sentido em que é empregada, nunca agrada a quem a ouve.
Se a pessoa está emocionalmente fraca, sua resistência é baixa; se ela está fisicamente enfraquecida, sua saúde corre perigo e se se encontra financeiramente debilitada, a coisa é bem séria.
Como fraqueza é sempre sintoma de problema, o homem vive à procura de poder, de força e de vigor em todos os sentidos, e isto não só para seu bem-estar pessoal, como também para estar bem diante do semelhante, visto que os fracos têm pouco espaço ou nenhum espaço no ambiente social.
No entanto, quando a fraqueza é analisada no âmbito da caminhada cristã, por mais incrível que possa parecer, e o paradoxo é até mesmo alarmante, sua presença não só é real e bem-vinda, como até mesmo necessária para o desempenho de qualquer serviço ou ministério.
No Reino de Deus só os dotados de fraqueza parecem ter espaço garantido para irem bem, pois são a tais pessoas que Deus estende atenção e ajuda relevante.
Noutras palavras, se o crente quer ser um vitorioso e um cristão capaz de provar o melhor de Deus, a fraqueza é necessária, a debilidade é indispensável e a ausência de forças requisito essencial.
Isto quer dizer que aqueles que querem ser fortalecidos por Deus nunca podem negar suas fraquezas.
Esta é uma frase que bate atravessada em qualquer ouvido, pois no mais das vezes o que o crente ouve é que ele precisa ser forte, que não deve ser fraco, até mesmo porque, segundo alguns dizem, quem crê em Jesus Cristo tomou para si tal dose de poder que daí por diante se tornou um gigante a combater anões.
Contudo, essa mensagem de otimismo extremo, essa pregação que tenta produzir super-homens, não encontra respaldo na Escritura Sagrada, a despeito de sociologicamente se mostrar atraente.
Pela Escritura o convite feito ao crente é não negar, menos ainda não ignorar a própria fraqueza, mesmo porque fraqueza em si mesma não é sinal de derrota ou de falta de fé, mesmo porque o crente que entendeu bem a mecânica da graça de Deus provará da beleza que é tirar força da fraqueza.
Todavia, se o crente prefere ouvir mais a mensagem de empoderamento, um termo em inglês que indica tornar-se poderoso por si mesmo, do que a mensagem bíblica que aponta para sua realidade de fraqueza como necessária a ação da graça em sua vida, ele perderá a condição básica para ser fortalecido por Deus.
 Afinal, nenhum crente forte, poderoso, energizado em si mesmo poderá contar com Deus, com Sua graça, com Seu poder, menos ainda com ajuda do Seu Santo Espírito, já que somente os fracos têm socorro divino posto ao seu alcance.
O apóstolo Paulo foi o mais fraco dos crentes e, consequentemente, o mais forte dos filhos de Deus, de modo que vale a pena observá-lo como exemplo a ser seguido.
Ele chegou a dizer que se gloriava em suas fraquezas, pois elas lhe permitiam a experiência de ser fortalecido pelo poder de Deus, de modo que não havia porque se envergonhar de qualquer delas.
Paulo sabia de suas fraquezas, não se incomodava nenhum pouco com essa realidade e até mesmo via razão mais que espetacular para tê-las, pois segundo ele era por causa dessas fraquezas que o poder de Cristo passava a habitar nele: De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo (2 Co 12.9).
 É estranho pensar que Paulo se gloriava em suas fraquezas, mas literalmente foi isso que ele escreveu aos coríntios, uma igreja apaixonada por crentes fortes. São palavras suas: Se convém gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito às minhas fraquezas ( 2 Co 11.30). E mais à frente: De um assim me gloriarei eu, mas de mim mesmo não me gloriarei, senão nas minhas fraquezas (2 Co 12.5). E em seguida: pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo (2 Co 12.10).
Mas é certo que Paulo não se gloriava em suas fraquezas como uma pessoa mentalmente desequilibrada, como se o ser fraco por si só lhe trouxesse algum bem estar. Pelo contrário, o que levou Paulo a: 1º) admitir suas fraquezas; 2º) a não posar de forte diante da igreja e, 3º) a gloriar-se nas fraquezas que admitia, é que ele estava certo de que a relação do homem com Deus é diferente da relação do homem com seu semelhante.
Enquanto nas relações humanas é preciso esconder a fraqueza para não ser dominado pelo outro, nas relações com Deus admitir a fraqueza é condição básica para ser ajudado por Deus.
Numa afirmativa que parece contrariar toda lógica humana, Paulo deu a razão do gloriar-se nas fraquezas, pois segundo afirmou quando estou fraco, então, sou forte (2 Co 12.10b).
Por que Paulo tinha tanta certeza de que ao estar fraco ele não continuaria fraco, mas sim seria forte?
O motivo dessa certeza é que um dia ele ouviu de Deus as confortantes palavras: a minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza (2 Co 12.9).
A expressão aqui trazida para “se aperfeiçoa” no original é teletai e significa “se consuma”, “se completa”, ou seja, algo que alcançou sua completeza ou completude.
 É certo que Deus tem um poder em tudo superior ao poder do homem, mas esse poder de Deus somente atua no homem quando o homem está em seu estado de fraqueza, porque é quando o crente está em fraqueza que Deus encontra a condição básica para o seu poder entrar em ação e assim tornar forte o fraco.
Isto quer dizer que para desfrutar do poder divino o crente precisa, necessariamente, estar em estado de fraqueza, mesmo porque é no estado de fraqueza que ele se volta a Deus em busca de socorro e O encontra disposto a ajudá-lo.
Foi assim que Deus disse a Paulo: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa, isto é, se completa ou se torna pleno, na fraqueza ( 2 Co 12.9).
Se o poder de Deus se manifesta pleno ou completo quando o crente se encontra em estado de fraqueza, isto quer dizer que o estado de fraqueza por si só não é mal nem indicativo de fim, mas de início de uma nova realidade produzida pelo poder de Deus que nele vai se mostrar pleno para tirá-lo da situação de incapacidade.
A fraqueza espiritual do crente, pois crente tem fraqueza espiritual, portanto, é o meio adequado para provar da plenitude do poder de Deus, e somente os fracos é que serão sustentados pelo Seu poder.
Aquele que se julga forte por suas próprias forças para vencer tudo e todos, jamais provará do poder de Deus, o qual energiza o crente para lutar destemidamente.
Portanto, quando o crente está em fraqueza, aí sim Deus tem um terreno apropriado para fazer vicejar nele seu poder.
Mas a fraqueza do crente não dá somente oportunidade para o poder de Deus agir nele para fortalecê-lo, como também propicia a ajuda do próprio Espírito Santo.
O Espírito Santo, concedido ao crente a partir do momento que ele crê em Jesus Cristo, tem muitas funções ou ministérios em sua vida, e se mostra imprescindível ao pleno desenvolvimento de sua salvação.
Uma das muitas funções do Espírito na vida do crente diz respeito a ajuda que Ele lhe oferece nos momentos de oração, notadamente nos momentos de fraqueza.
E da mesma maneira também o Espírito”, escreve Paulo, “ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis (Rm 8.26)”.
Quando o crente está provando de seu estado de fraqueza, e fraqueza tal que atinge até mesmo sua oração, ele perde a capacidade de orar convenientemente. Nesse momento de oração inconveniente, ao invés de Deus ficar com raiva dele por ter orado assim, o que muita gente pensa que acontece, Deus o ajuda através de Seu Santo Espírito que no crente orará com gemidos que não têm como serem expressos em linguagem humana.
O Espírito Santo ajudará no momento de oração feita de forma totalmente diferente a própria necessidade de quem ora, ao crente fraco que nesta condição nem mesmo sabe do precisa pedir, pois muitas vezes nem mesmo sabe qual sua real necessidade.
O estado de fraqueza ao atingir a vida de oração do crente, lhe dá a condição básica de experimentar a bênção de ser socorrido e ajudado pelo Santo Espírito como seu intercessor presente e pessoal, de modo que até mesmo neste momento a fraqueza se lhe mostra favorável.
A palavra desse versículo traduzida como conveniente no original tem o significado de necessário, e quer dizer que quando o crente está em estado de fraqueza ele não tem nem mesmo condições de orar de acordo com aquilo que ele mesmo tem necessidade, daí ser ajudado pelo Espírito Santo que sabendo o que o crente realmente precisa para ter resolvido seu estado de fraqueza, ora nele e por ele.
Paulo descobriu, então, que seu estado de fraqueza não somente dava oportunidade para o poder de Deus agir nele, como também abria uma oportunidade para o Espírito Santo ser aquele Consolador presente e atuante em sua vida.
 Mas, indo um pouco mais além, Paulo vê outra utilidade para a fraqueza que nele habitava.
É que a fraqueza o capacitava a ajudar corretamente a igreja.
É estranho dizer que a fraqueza é um meio adequado para dar ao fraco a condição básica para ajudar a igreja, pois em regra se entende que somente os fortes podem ajudar os fracos.
Na igreja o crente não vive somente para si mesmo mas também para os outros, sendo que a ajuda mútua deve ser uma característica dos remidos.
No entanto, para ajudar o outro de forma real e efetiva, de maneira que possa haver crescimento na graça e assim acontecer o desenvolvimento da salvação, é preciso que o ajudador esteja em fraqueza.
Quem se julga forte não está em condições de ajudar a ninguém, e quem não ajuda ninguém não desempenha bem sua função no corpo de Cristo.
O apóstolo Paulo foi um fraco que fortalecer muita gente.
Ele disse aos crentes de Corinto: E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor. A minha palavra e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, mas no poder de Deus (1 Co 2.3-5).
Paulo nunca desejou que os crentes apoiassem sua fé em palavras persuasivas de sabedoria humana, exatamente para que a fé se mostrasse sólida.
Assim, quando ele pregou em estado de fraqueza, a fraqueza lhe retirou a capacidade de ser um pregador de sermões assentados em sabedoria humana. Como estava em fraqueza Paulo teve que se fortalecer do poder de Deus para ter uma pregação apoiada na sabedoria de Deus, de maneira que quando falou a igreja ouviu uma mensagem na qual poderia assentar sua fé sem qualquer risco.
Qual, pois a utilidade da fraqueza neste caso?
A utilidade da fraqueza foi fazer Paulo ser dependente do poder de Deus para transmitir uma mensagem sustentada por esse poder, e dessa forma uma pregação verdadeira que fez bem aos que a ouvem.
Quando o pregador prega em fraqueza tal que tem que buscar força no poder de Deus, sua pregação apresenta aos ouvintes um ponto firme para apoio de sua fé.
Porém, quando o pregador está tão forte que chega a dispensar o poder de Deus, sua pregação se estrita na sabedoria humana e os que ouvem correm o risco de apoiarem sua fé na mentira e no engano.
Depois de viver tanto tempo rodeado por fraqueza interior e fortalecido pelo poder exterior, Paulo pode então afirmar: quando estou fraco, aí é que sou forte (2 Co 12.10).
A vista da experiência e do escrito de Paulo se pode tirar as seguintes lições:
a) a fraqueza não é coisa estranha ao crente, e nem pode ser tida como um estado de ausência de fé. Afinal, Paulo foi sempre cheio de fé, e também sempre cheio de fraquezas;
b) a fraqueza no crente é condição básica para ele provar do poder de Deus, pois o poder de Deus somente se torna pleno na fraqueza do homem;
c) a fraqueza que retira a capacidade de orar como necessário, é a mesma que oportuniza ao crente ser assistido pelo Espírito Santo que nele intercede em seu favor;
d) a fraqueza se mostra mais que necessária para o crente ser um bom proclamador da Escritura, pois é nesta condição que ele deixará a sabedoria terrena e se apoiará na sabedoria do alto, a qual faz bem à fé;
Portanto, que ninguém se iluda querendo ser forte, quando Deus mesmo se propõe a fortalecer os fracos, e Deus dá poder na fraqueza para que a glória seja Sua.

E o crente em fraqueza que vence com o poder de Deus saberá glorificá-Lo sempre.

terça-feira, 10 de junho de 2014

DEUS CONSERTA VASO QUEBRADO







A palavra do SENHOR, que veio a Jeremias, dizendo:
Levanta-te, e desce à casa do oleiro, e lá te farei ouvir as minhas palavras.
E desci à casa do oleiro, e eis que ele estava fazendo a sua obra sobre as rodas,
Como o vaso, que ele fazia de barro, quebrou-se na mão do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso, conforme o que pareceu bem aos olhos do oleiro fazer. Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? diz o Senhor. Eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel (Jeremias 18.1-6).

Miguel Ângelo Buonarroti, mais conhecido como MICHELÂNGELO, foi um dos maiores artistas italianos do século XV. Além de pintor afamado ele foi também um escultor de renome e no campo da escultura Davi, Leda, Moisés e Pietá são as obras que o imortalizaram. A Pietá, que em português quer dizer Piedade, é uma representação que o artista fez de Maria, a mãe de Jesus.  
Como é próprio de todas as obras do grande artista, a Pietá é de uma beleza sem igual e os turistas que passam por Roma fazem questão de conhecê-la de perto visitando a basílica de São Pedro, no Vaticano, onde encontra-se exposta à visitação pública. Em 1972, no entanto, a Pietá foi danificada por um louco que a atingiu com várias marteladas comprometendo sua beleza original. A escultura, mais tarde, foi reparada mas a obra de restauração foi trabalhosa e demorada porque exigia muita habilidade do restaurador para não comprometer sua beleza primitiva.
Existem muitas outras obras de arte espalhadas pelo mundo, as quais causam espanto e admiração dos que as contemplam, pois vêem nelas a habilidade do artista de fazer nascer do mármore, do bronze, do ferro, da argila, do gesso e de uma centena de outros materiais brutos, uma peça ou uma figura de rara beleza.
Mas dentre todas as obras de arte que no mundo podem ser admiradas, existe uma que se apresenta como sendo a maior, a mais bonita, a mais especial, a mais delicada e a mais valiosa. E também a mais complexa.
Como as outras, essa obra de arte refinada também foi insculpida por um Artista renomado que a partir de um material bruto, de onde ninguém poderia imaginar que sairia algo notável, dali Ele fez surgir sua obra-prima. A expressão obra-prima quer dizer obra ou trabalho principal de um artista.
Com uma habilidade que o homem não tem foi que, a partir do pó da terra, Deus trouxe a existência sua obra mais elevada, a saber, o homem, já que dentre todas as coisas que Deus criou o homem é seu trabalho mais notável, e tem o status de obra inigualável por ter a imagem e semelhança do Criador.
Afinal, ao decidir fazer o homem do pó da terra Deus idealizou dar-lhe uma dignidade que não havia dado a nenhuma outra criatura, ou seja, e de ser feito à sua imagem e conforme Sua semelhança, conforme está escrito na Bíblia: Também disse Deus: façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. ... Criou, pois, o homem, a sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou (Gn 1.26-27).
Ao ser criado por Deus com a dignidade de ter sido feito a Sua imagem e conforme a Sua semelhança, o homem se tornou uma obra de arte de beleza incomparável, de qualidade incomum e de capacidade imensurável.
Trazer a imagem de Deus dá ao homem o destaque de ser a criação mais perfeita, mais gloriosa e mais espetacular do Supremo Escultor, de modo que na terra ninguém a ele se compara neste sentido.
Mas essa obra de arte bonita, delicada, complexa, especial e única, infelizmente, foi danificada e sofreu uma agressão que comprometeu sua beleza original, suas qualidades especiais e sua capacidade insuperável, atingindo em cheio a razão de sua própria existência.
Mesmo assim, é fato, o homem ainda continua a ser obra de arte de Deus, mas obra de arte trincada, danificada e estragada.
E o que foi que trincou a obra-prima de Deus? Quem foi que danificou o vaso especial da criação de Deus? Não foi uma martelada de um louco qualquer, como aconteceu com a Pietá de Michelângelo, nem qualquer outro tipo de agressão feita pelo homem.
Foi algo pior.
O que danificou a obra prima de Deus foi o pecado.
O pecado trincou o vaso especial de Deus; o pecado enfeou o vaso admirável de Deus; o pecado comprometeu a obra prima de Deus em sua função originária, qual seja, a de poder expressar a glória de Deus, de modo que na condição em que o homem se encontra hoje ele está relativamente distante do projeto do Criador.
Não só a Bíblia apresenta o homem como um ser desajustado, desorganizado e em completa desordem, como a vida de cada pessoa é uma prova incontrariável e mais que evidente de que o homem não está bem e  vai mal em seus pensamentos, feitos e obras.
O pecado retirou da obra prima de Deus a capacidade de expressar plenamente Sua glória, o que levou o apóstolo a escrever: porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Rm 3.23), onde  destituído quer dizer estar privado ou desvestido.
 O pecado foi algo terrível e desde então o homem passou a sentir seus efeitos desastrosos em seu corpo, alma e espírito pois sua violência contra o ser humano foi total e fatídica. O pecado danificou a mente, desorganizou a alma, alterou a emoções, comprometeu a vontade, adoeceu o físico e, ainda, trouxe morte ao espírito do homem, fazendo do belo vaso inicial um vaso agora de pouca admiração e desvestido de Sua glória.
E como se tudo isto não bastasse para demonstrar que o homem sentiu profundamente o golpe que lhe foi desferido pelo pecado, ele ainda fez com que a obra prima de Deus perdesse sua capacidade de se relacionar com Deus, com o próximo e consigo mesmo, aumentando significativamente seu drama.
Distanciado de Deus o homem passou a ter dificuldade de ficar perto do seu semelhante, e não poucas vezes se vê dominado até mesmo pela vontade tormentosa de querer fugir de sua própria companhia, o que se constitui numa situação que o atormenta de dia e de noite, ontem, hoje e amanhã, e torna a vida um palco onde se desenrola uma peça cujo enredo não agrada a quem encena, menos ainda quem a assiste.
E todos os homens encontram-se envolvidos nesse teatro de horror, onde numa hora são artistas e noutra plateia, mas em qualquer das duas posições sem prazer algum. Afinal, viver o drama humano é terrível e assistir o drama vivido pelo outro também não é bom.
Em razão desse quadro caótico  real  experimentado por homens e mulheres, ricos e pobres, novos e velhos, cultos e incultos a pergunta que se faz é: há possibilidade de  restaurar o vaso quebrado? Pode a  obra-prima de Deus ser consertada para ter revertido seu drama? Se a resposta for sim, é preciso saber: Quem poderá fazer esse trabalho tão sério e que requer tanta habilidade? A quem os vasos quebrados devem recorrer para serem consertados?
Em princípio o quadro complicado que envolve os homens parece não ter esperança, pois não há na terra alguém com capacidade e habilidade suficientes para fazer trabalho tão delicado, pois a ciência é incapaz, a religião é insuficiente e a cultura, ineficaz para tanto.
A única esperança para o vaso quebrado para ser reparado está fora da terra, ou seja, está em Deus.
Somente Deus pode consertar sua obra prima restaurando, de alguma forma, sua beleza original e reparando sua funcionabilidade perdida.
Somente com a restauração de Deus é que o homem consegue pensar melhor, sentir melhor, relacionar-se com Deus, com o semelhante e consigo mesmo de forma mais tranquila, intensa e ordeira.
Somente Deus pode e tem habilidade suficiente para reparar o homem, salvando-o da situação de desespero em que se encontra em razão de seu estado pecaminoso.
Olhemos, agora, para o texto bíblico que foi lido ao início, o qual fala da experiência do profeta Jeremias quando foi visitar um oleiro em sua oficina, obedecendo a palavra de Deus que neste sentido lhe havia sido dirigida.
O profeta desceu à casa do oleiro e o viu trabalhando. Diz o texto que enquanto o oleiro fazia um vaso  esse se quebrou (v. 4). Quando se quebrou, ao invés de jogar fora o vaso quebrado o oleiro se propôs a trabalhar para fazer do vaso quebrado um vaso novo, o que o fez trazendo a existência um vaso novo conforme pareceu bem aos seus olhos.
Ao fazer o profeta ver o oleiro que consertou o vaso que havia se quebrado, Deus perguntou a Jeremias: Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro (v.5)?
Ou seja, Deus indaga ao seu servo: "Não poderei eu consertar o povo de Israel, que atualmente encontra-se todo quebrado?"
A pergunta que Deus faz tem como objetivo levar o profeta a refletir sobre o seguinte: “se o oleiro pode reparar um vaso quebrado, Deus não é capaz de fazer o mesmo com o povo de Israel que está na condição de vaso quebrado? Se o oleiro tem habilidade para consertar um vaso que se estragou, Deus não tem habilidade para consertar a casa de Israel que se encontra trincada por causa de seus pecados?”
Com tais palavras Deus estava trazendo esperança ao profeta Jeremias, esperança que deveria ser levada ao povo de Israel que naquela altura de sua história encontrava-se em estado de terrível cativeiro, ou seja, viviam como vasos quebrados, mas Deus poderia consertá-los.
A PREGAÇÃO HOJE
Quando o evangelho da graça é anunciado hoje na terra, a mensagem proclamada aos ouvidos de homens e mulheres que, por serem pecadores, estão na condição de vasos quebrados, tem que ser de esperança no sentido de que Deus pode consertar e reparar o estrago que o pecado lhes fez.
E deve ser assim porque o evangelho se dirige a homens e mulheres que na condição de obra prima de Deus, estão danificadas em sua mente, vontade e emoção, faculdades que podem muito bem ser recompostas pelo poder que no evangelho existe.
O evangelho ao ser difundido aos quatro cantos da terra tem como proposta trazer aos homens a esperança de serem vasos novos, vasos restaurados, vasos curados, para voltarem ao seu relacionamento com Deus, e poderem expressar um pouco mais da glória de Deus.
Para mudar sua história o homem precisa passar da condição de vaso quebrado para a de vaso novo, e isto somente Deus, o Supremo artista e o Sábio escultor pode fazer, pois a Bíblia diz que aquele que se encontra em Cristo é feito uma nova criatura (2 Co 5.17), ou seja, é feito um vaso novo, um vaso cujos trincos foram reparados e cuja quebradura foi curada.
No evangelho de Jesus Cristo é que o homem encontra não somente a graça como também o poder de Deus para fazer dele um vaso sem trinco, um vaso novo.
É através da graça do evangelho que Deus vem ao encontro do homem para consertar o estrago que o pecado lhe fez.
É através do poder do evangelho que Deus repara no homem o mal que o pecado lhe causou.
Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? Deus perguntou ao profeta Jeremias.
Essa pergunta que o profeta ouviu naquela época é feita hoje por Deus a todos os homens através do evangelho de Jesus Cristo: “Porventura não posso fazer com você o mesmo que o oleiro fez com o vaso que se quebrou? Por acaso não tenho poder bastante para reparar em você as trincas que o pecado promoveu?”
Paulo escreve: Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera, A esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre. Amém (Ef 3.20-21).
Quando o poder de Deus opera em nós ele é capaz de fazer  algo muito maior e melhor do que imaginamos que possa fazer, pois ele faz algo para a glória de Deus.
Assim, a resposta do vaso quebrado hoje quando ouve o  evangelho deve ser: “Sim Senhor, o Senhor pode fazer em mim mais do que o pecado fez, e eu quero que assim seja. E é por isto que neste momento eu recebo a Jesus Cristo como meu Salvador e  Senhor para me tornar um vaso novo.”
Os pecadores precisam conhecer o Deus que conserta vasos quebrados, pois somente os vasos por Ele reparados é terão condições de manifestar e de expressar Sua glória.  
Lutero de Paiva Pereira


segunda-feira, 2 de junho de 2014

O SUCESSO DA IGREJA


Um prédio para ter ser edificado com boa durabilidade e para não sofrer qualquer dano, precisa ser lançado em bases sólidas e com emprego de material de boa qualidade, o que exige um  empreendedor idôneo.
A igreja tem seu empreendedor, e empreendedor altamente idôneo, a saber, Jesus Cristo, de modo que o resultado de sua edificação será de excelência, pois a obra está garantida por suas próprias palavras: eu edificarei a minha igreja (Mt 16.18).
Se Cristo não tivesse se empenhado pessoalmente na edificação da igreja, o que se poderia esperar desse “empreendimento” espiritual seria sua ruína total, pois os homens não têm idoneidade suficiente para concluir obra tão relevante.
Todavia, como Jesus disse que Ele mesmo edificaria sua igreja, a despeito dos muitos desvios doutrinários e comportamental  de muitas igrejas, o que os crentes fieis podem ficar certos é que a igreja finalmente será trazido à luz com sua realidade vitoriosa.
Todavia, o versículo acima citado indica um fato que muitas vezes foge a percepção geral , a saber, que Jesus não disse que edificaria as igrejas, nem mesmo que edificaria a igreja, mas sim, que edificaria a Sua igreja. Deve ser observado ali o pronome possessivo minha: eu edificarei a minha igreja.
Existem muitas igrejas, é fato, mas Jesus disse que edificaria a igreja dEle, de modo que dá para entender muito bem que Jesus tem a igreja dele que está presente no meio dessa multidão de igrejas que se espalha pela historia e pela terra, embora nem todas possam ser identificadas como sendo Dele.
É importante saber que a igreja de Cristo, a igreja que Cristo edificar, e somente esta, é que as portas no inferno não prevalecerão contra ela (Mt 16.18), enquanto as demais no tempo serão vencidas pelas referidas portas.

Ao final da história todos verão que a igreja de Cristo, e somente a dEle é que efetivamente vencerá, de modo que o sucesso da igreja está na sua edificação e não na aparência que vem dos seus números, dos movimentos que produz, dos valores que arrecada ou de coisa parecida com tudo isto.
Lutero Paiva Pereira