sábado, 23 de junho de 2012

ADORAÇÃO: NEM, NEM, MAS



A vinda de Cristo ao mundo inaugura uma nova era e uma maneira totalmente diferente do homem se relacionar com Deus, e comparada com aquela anunciada e vivenciada ao tempo do Antigo Testamento é melhor e mais intensa para todos.
O Novo Testamento deixa claro que a partir de Cristo: a) as bênçãos não são mais de ordem material (chuva para multiplicar a colheita), mas sim espiritual: abençoados com toda sorte de bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo (Ef 1.3); as lutas não tem mais caráter literal, físico, como aquelas travadas entre Israel e os Cananeus, por exemplo, porém espirituais: Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais (Ef 6.12); a santificação já não mais implicará na observância de rituais de lavar as mãos, guardar dias, festas, mas acima de tudo em santificação do Espírito (1 Pe 1.12); ser povo de Deus não é mais questão de pertencer a uma etnia específica, ou seja, ser judeu, ou mesmo a uma nação determinada, isto é, Israel, mas sim pertencer a igreja de Cristo onde estão presentes povos de todas as rações, tribos e nações alcançadas pelo evangelho que deverá pregado a todas as nações (Mt 28.19); etc. etc., etc.
Enfim, com o Reino de Deus inaugurado pela ressurreição de Cristo tudo é novo e tudo que não é novo nada tem a ver com sua proposta.
Aliás, a grande luta do apóstolo Paulo foi, no caso das igrejas da galácia, impedir que os crentes voltassem ao tempo antigo, à época do judaísmo, visto que desejavam deixar a realidade que é para voltarem àquilo que não mais era.
Paulo os chama de insensatos (Gl 3.1), ou seja, de crentes sem sensatez, sem juízo, loucos mesmo pois além de pretenderem voltar ao que não mais existia, também estavam deixando o melhor para se darem a práticas escravizadoras.
Ainda vale ressaltar que outro ponto também sofre modificação radical e profunda a partir de Cristo é a adoração a Deus.
Com Jesus Cristo a adoração deixa de obedecer o ritual vétero testamentário, inclusive no que diz respeito ao lugar específico para sua prática, e passa a um nível muito mais elevado de ser realizada.
Vale lembrar que no tempo antigo a adoração era feita com apresentação de animais e cereais ao Senhor (ver o caso de Caim e Abel); com oferta de animais e cereais em altares (ver as práticas de Noé, Abraão) e depois, já ao tempo do povo de Israel, a oferta de animais e cereais feita em altares tinha que acontecer no templo na cidade de Jerusalém.
Quando num determinado momento da história de Israel surgiram os samaritanos, sua adoração  ao invés de ser em Jerusalém passou a ser praticada num determinado monte em Samaria, portanto, fora do templo.
Quando Jesus se encontra com uma mulher samaritana junto ao poço de Sicar (Jo 4.5) da conversa entre eles fica evidenciado o fato de que samaritanos e judeus tinham lugares diferentes para a prática de sua adoração, pois supondo que Jesus era um profeta (Jo 4.19), a mulher não reluta em lançar uma pergunta para resolver sua dúvida, ou seja, para definir qual o lugar certo para se adorar a Deus.
Os samaritanos diziam que a adoração deveria ser feita no monte, já os judeus asseguravam que ela não poderia ser realizada senão no templo na cidade de Jerusalém.
Como Jesus estava trazendo uma nova realidade sua resposta foi: nem no monte em Samaria, nem no tempo em Jerusalém, mas em espírito em verdade (Jo 4. 21-23).
Estas palavras de Jesus é que dão título a esta reflexão: nem num lugar, nem noutro, mas em espírito e em verdade.
A partir destas palavras Jesus está afirmando que a adoração não estava mais presa a uma geografia específica; mesmo porque daquela hora em diante não haveria mais altar e nem razão para se oferecer animais e cereais a Deus, pois a adoração seria praticada noutros termos.
A adoração agora seria espiritual; a adoração seria em todos os lugares; a adoração deveria ocorrer em todo o tempo e o povo de Deus seria achada entre todas as nações.
A adoração seria mais um estilo de vida do que propriamente um momento da vida.
Contudo, mesmo Jesus tendo dito a mulher que nem no monte, nem em Jerusalém mas em espírito em verdade é que os adoradores devem adorar a Deus, as práticas modernas de adoração, tudo indica, estão de alguma forma contrariando essa realidade.
A adoração atual proclama e conclama os crentes a um local certo e a uma hora determinada para ali se adorar a Deus, de modo que todos devem ir a igreja para desempenhar seu papel de adorador.
Como a ideia é que a adoração deve ser feita na igreja, os crentes estão perdendo o privilégio de adorar a Deus em espírito em verdade todo o tempo em qualquer lugar, preferindo fazê-lo somente num dia certo e num lugar indicado.
De alguma forma isto representa uma volta ao Antigo Testamento, onde a geografia ou o local era importante para a prática da adoração a Deus.
Deus, através de Jesus Cristo, derrubou altares e templos para universalizar a adoração, e os crentes pretendem reconstruir ambos para voltar aquilo que não mais existe.
Vivendo no contexto do Novo Testamento os crentes devem repensar suas práticas de adoração, de modo que possam viver adorando a Deus em espírito e em verdade dentro do metrô, do avião, no lazer, na escola, no trabalho, em casa, enquanto caminham pela cidade ou pelo campo e também, e não somente, na igreja.
Afinal, um crente normal, uma pessoa que tem ocupações comuns na vida e não aquela fanática que acha que ser crente é não fazer mais nada a não ser ficar envolvido com sua religiosidade, ela somente tem condições de ir a igreja um dia da semana, e nesse dia ficar no máximo duas ou três horas dentro no templo, de modo que se sua adoração se limitar a igreja o privilégio de adorar a Deus ficará reduzido a um tempo muito curto, curtíssimo mesmo, de sua semana o que representa grande perda.
Afinal, adorar a Deus, diferentemente do que se possa pensar, mais revitaliza o adorador do que propriamente o esgota.
Os verdadeiros adoradores, disse Jesus, não adoram nem aqui, nem ali mas em espírito e em verdade aqui e ali, porque são estes os adoradores que o Pai procura para seus adoradores (Jo 4.23) e não mais adoradores de lugares específicos.
São palavras do apóstolo Paulo: Porque a circuncisão somos nós, que adoramos a Deus em espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne (Fp 3.3).
Lutero Paiva Pereira

segunda-feira, 18 de junho de 2012

ABSOLVIDO



Não há coisa tão sofrida ao homem quanto responder a um processo judicial de natureza criminal, principalmente quando o fato que lhe é imputado for grave o suficiente a ponto da Justiça poder lhe aplicar a pena de morte. Em alguns países a pena capital está prevista em sua legislação.
Alguém que vive sob a tensão de um julgamento assim não terá sono tranqüilo a não ser no dia que ouvir do juiz a sentença: absolvido.
Em relação a Justiça divina o homem está na incômoda condição de réu, respondendo a processo cuja pena a ser aplicada é a de morte eterna.
Neste processo Deus, como Juiz, não precisa de provas para dizer que o acusado é um transgressor da Lei divina, e como tal merecedor de punição, pois a Bíblia mesmo assevera que todos pecaram (Rm 3.23 ) e que não há um justo sequer (Rm 3.10), sendo tais afirmativas mais que suficientes para impor a condenação a todos os homens.
Mesmo que a Justiça divina pareça tardar, isto não quer dizer que ela um dia não será aplicada, pois a Bíblia assegura que todos os homens comparecerão diante do santo Tribunal para ouvir do Justo Juiz a decisão irrecorrível lançada com efeito eterno.
Assim, enquanto o Tribunal divino não se instala para chamar um a um a sala de audiência para ouvir sua sentença, o evangelho conclama os homens a receberem Jesus Cristo como Salvador, arrependendo-se de seus pecados, confessando-O como Senhor para escaparem de uma sentença condenatória.
Escrevendo aos romanos o apóstolo Paulo mostra o efeito judicial imediato de ser salvo, quando diz que nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito (Rm 8.1).
Ao dizer que nenhuma condenação há o escritor inspirado quer dizer que não existe sentença que seja contrária aquele que está em Cristo Jesus. Ou seja, a partir do momento que o pecador crê em Cristo imediatamente Deus, o Justo Juiz, decreta sua absolvição.
E não haverá mais condenação para quem está em Cristo porque por sua obra na cruz Jesus o justifica e o reconcilia com Deus, o que quer dizer que daí por diante ele está quite com a Justiça divina.
A pena de morte que o pecador suportaria Jesus Cristo sofreu na cruz, e isto para que o pecador ficasse livre de qualquer condenação.
A respeito desta ação de Cristo em favor daqueles que seriam sentencionados a pena de morte  o profeta Isaias escreve: o castigo que nos traz a paz estava sobre ele (Isa 53.5).
Com efeito, Deus não condenará nenhum daqueles que recebeu por filho porque em seu favor o Filho amado entregou Sua vida na cruz.
Quem soube que um dia foi merecedor de condenação e que agora sabe que nenhuma condenação mais pesa sobre ele, e isto por causa da obra salvadora de Jesus Cristo, amará a Deus que o absolveu e a Cristo que lhe trouxe absolvição.
Portanto, se você já creu em Jesus Cristo viva como absolvido e alegre-se sempre no Senhor que suportando a pena em seu lugar o colocou na condição de isento de qualquer punição.
Lembre-se que Deus amou o mundo de tal maneira que enviou seu Filho Unigênito para receber o castigo que você merecia, e isto para que você não sofresse a condenação do perecimento eterno (João 3.16).
Proclame isto aos ouvidos daqueles que ainda vivem atormentados pela ausência da convicção de que em Cristo são absolvidos por Deus.
Lutero de Paiva Pereira.