quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Do ritual para a realidade


Se você não consegue identificar a causa que o impede de alcançar uma vida espiritual mais cheia de significado, porque não indagar porque ela parece ser mais completa para outros? Talvez perguntando assim seja possível descobrir o problema e encontrar a solução que precisa.
O outro a quem se deve recorrer para este fim é o apóstolo Paulo, um cristão cheio de alegria, um homem amoroso, um devotado conhecedor de Cristo e diligente propagador do evangelho.
Vale lembrar que antes de se converter Saulo, como era chamado, foi alguém de comportamento religioso irrepreensível. Na avaliação de sua vida pregressa assegura que viveu como fariseu a seita mais severa de nossa religião (At 26.5).
O farisaísmo era vivido eminentemente do cumprimento de rituais. Fazia parte de sua liturgia guardar dias, festas, oferecer sacrifícios, etc. Alguns desses rituais originavam-se do judaísmo, outros foram desenvolvidos por idéias humanas.  A essência do farisaísmo era o próprio ritual, de modo que sem o ritual a religião praticamente não existia.
No entanto, a vida de Saulo teve uma mudança brusca após seu encontro com Jesus Cristo no caminho de Damasco. Daí por diante o Saulo violento passou a ser o Paulo amoroso, o fariseu irrepreensível se transformou num cristão exemplar, o cumpridor de rituais numa pessoa de grande realidade com Cristo.
Sua vida encontrou um sentido novo e um significado jamais provado, qual seja, o de conhecer a Cristo e se alegrar nele, sempre.
Ao dizer que tudo de outrora passou a ser considerado como refugo (Fp 3.8), Paulo diz que isto aconteceu pelo fato de que agora podia ganhar a Cristo (Fip 3.8), ou seja, conhecer a Cristo e o poder de sua ressurreição (Fp 3.10).
Como nova criatura, como ele mesmo escreveu, alguém para o qual as coisas antigas se passaram e tudo se fez novo (2 Co 5.17), Paulo deixou todo seu ritual religioso de lado e se deu a realidade de viver Cristo diária e constantemente, de modo que afirmou que pra mim o viver é Cristo (Fp 1.21). E tal foi sua convicção de que o ritual religioso para nada mais servia a partir do momento que passou a pertencer a Cristo, é que ao escrever aos gálatas eles os chama de loucos por desejarem voltar aos rituais religiosos de guardar dias, meses, tempos e anos (Gl 4.9), coisas incompatíveis com a fé cristã.
Como alguém que viveu não de cumprir rituais mas de conhecer a Cristo, Paulo pode provar da alegria que disso advém, e isto mesmo em lugares terríveis, como é o caso quando está preso em Roma. Dentro de uma cadeia romana ele diz que aprendeu a estar contente em toda e qualquer situação, pois tudo podia naquele que o fortalecia (Fp 4.11/13).
Se Paulo não tivesse abandonado seus rituais religiosos para se dar ao prazer de conhecer a Cristo e viver para Ele, esta experiência jamais poderia ter sido relatada, pois ritual algum é capaz de oferecer este bem estar a quem os cumpre.
A conversão fez Saulo abandonar rituais que não tinham mais sentido, para conhecer a Cristo que lhe dava sentido para existir.
Talvez seja esta particularidade da vida de Paulo que muitos cristãos não provam, pois mesmo convertidos a Cristo eles insistem em fazer que sua vida espiritual consista do cumprimento de rituais religiosos e nada mais.
Fazer do cristianismo uma religião ritualista de cumprir preceitos de final de semana ou coisa semelhante, é perder tudo aquilo que Cristo é e oferece aos que O professam como Senhor.
O ritual é nada se comparado a Cristo. O ritual pode, quando muito, parecer bom enquanto com ele se envolve, mas tão logo ele finda o coração fica vazio e volta para casa com a sensação ruim de nada, deixando para trás o ambiente “sagrado” onde tudo foi praticado.
Alegrar-se em Cristo, no entanto, é totalmente diferente, pois tal fato não fica sujeito a um lugar nem a um dia, pois em todo lugar em qualquer dia o Espírito Santo pode dar ao crente um conhecimento maior do Salvador, o que encherá de jubilo o coração convertido.
Se Paulo teve rituais religiosos mais sérios do que os nossos e os abandou por causa de Cristo, porque conservar nossos rituais modernos, e para prejuízo do conhecimento de Cristo?
É tempo de abandonar o ritual para entrar na realidade da comunhão com Cristo deixando tudo que para trás fica e prosseguindo para o alvo da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus (Fp 3.13-14).
Você não notou que nas cartas de Paulo, Pedro, João, Tiago etc., não há nenhum versículo orientando os crentes a este ou aquele ritual religioso? Por outro lado não chegou a sua percepção que sua vida espiritual tem consistido de rituais religiosos, os quais são instigados por uma pregação que não apresenta Cristo como centro de tudo?
Se você descobriu agora que foi sempre um cristão ritualista, deixe que o apóstolo Paulo e leve a realidade de Cristo para que a alegria de ser crente brote e a gratidão a Deus dobre de tamanho.
Lutero de Paiva Pereira

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