sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

NATAL FELIZ


Toda religião que deseja ter adeptos tem que exigir sacrifícios pessoais dos que a professam, pois o homem valoriza o sacrifício como algo necessário a qualquer tipo de credo.
Isto é assim porque a pessoa pensa que fazer sacrifícios religiosos chama a atenção de Deus em seu favor, despertando Seu interesse em abençoar aquele que se propõe a algum tipo de flagelo.
Quem faz sacrifício acha que está “pagando” o preço para alcançar o bem desejado, e o fato de ter “sofrido” em favor de si mesmo parece assegurar-lhe o direito de ser recompensado no presente e no futuro por Deus.
Com este entendimento a alma humana encontra na religião o caminho próprio para desenvolver sua prática sacrificial.
Dificilmente a pessoa não se deixa levar por uma mensagem dessa natureza, pois ela pensa exatamente assim em seu coração, ou seja, de que sofrendo Deus será benevolente para com ela.
Mesmo fazendo tudo isto o homem não consegue a tão sonhada e desejada paz no coração, e nem sua consciência fica tranquila.
Em razão desse problema humano o cristianismo puro e verdadeiro, apresenta-se com uma proposta  totalmente diferente daquela que a religiosidade oferece.
O cristianismo prega que o mérito para ser abençoado não está no sacrifício que o homem faz, mas sim, na fé que o homem coloca no sacrifício que outro fez em seu favor.
O cristianismo prega e apresenta Jesus Cristo como aquele que fez o sacrifício verdadeiro, puro e santo, que pode dar ao homem o direito de ser abençoado por Deus.
E o fato de Jesus Cristo ter feito o sacrifício puro em favor do homem pecador é obra exclusiva da graça de Deus.
Graça, portanto, é o meio de Deus dispensar o homem de fazer qualquer sacrifício pessoal, ao tempo em que o convida a crer no sacrifício de Cristo feito em seu favor lá na cruz para desfrutar de todas as bênçãos espirituais de que necessita para viver bem.
Sem se dar a fazer qualquer tipo de sacrifício pessoal para merecer a salvação de Deus Paulo escreve: Jesus Cristo veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal (1 Tm 1.15).
Em tão poucas palavras o apóstolo está afirmando que não era ele mesmo quem se salvava a si mesmo, mas sim a pessoa de Jesus que veio ao mundo exatamente para esse fim.
Portanto, a mensagem bíblica propõe levar o homem a crer em Jesus Cristo depositando fé em Sua pessoa e em Sua obra, ao invés de estar exercitando fé em si mesmo e em seu esforço pessoal para ser eternamente salvo.
Vale lembrar que a palavra fé significa, dentre outras coisas, confiança e é exatamente isto que o evangelho chama o pecador a fazer, ou seja, a confiar na obra de Cristo como totalmente suficiente para reconciliá-lo com Deus, dispensando o esforço pessoal de fazer aquilo que Jesus Cristo já fez por ele completa e eficazmente.
Portanto, diferentemente das religiões que se propagam pela sugestão de sacrifício pessoal de seus adeptos, exigindo “pagamento” quase que diário dos pecados para terem direito a algum benefício vindo do céu, o cristianismo é um alívio ao convidar o homem a simplesmente crer na obra sacrificial de Cristo, a qual se mostra capaz de pagar todos seus pecados dando-lhe o direito de gozar de paz eterna com Deus.
O apóstolo Paulo escreveu: eu sei em quem tenho crido (2 Tm 1.12) ao invés de afirmar: eu sei o que tenho feito porque bem sabia que o mais importante é saber em quem se crê e não no que se faz.
A essência da fé cristã não é, portanto, repita-se, sacrifício de quem crê, mas crença no sacrifício daquele em quem se crê.
Quem assim proceder terá descanso pessoal,  júbilo no coração e gratidão ao Senhor como reação a Sua maravilhosa graça.
E foi para dar tal descanso e alívio ao homem que Jesus Cristo fez e faz o convite: vinde a mim, todos que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei (Mt 11.28).
Deixar os sacrifícios pessoais, quaisquer que sejam, para confiar única e totalmente no sacrifício do Filho de Deus, para que a vida cristã seja verdadeiramente abundante, é o que o evangelho do Reino oferece aos homens que estão cansados e sobrecarregados em seus ritos religiosos.
Escrevendo aos efésios o autor sagrado registra: Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda a sorte de bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo (Ef. 1.3).
Esse versículo demonstra que as bênçãos que o homem precisa estão todas elas centralizadas em Cristo.
Você prestou atenção no que o versículo diz?
Ele informa categoricamente que Deus já nos abençoou em Cristo, ou seja, Deus já tomou a iniciativa de nos abençoar em Cristo de modo que não precisamos fazer sacrifício algum para ter direito àquilo que gratuitamente já nos foi dado em Jesus.
Uma fé nesses termos traz alívio, renova as forças e dá ânimo para seguir em frente.
Natal feliz, portanto, é quando você descobre que em Jesus Cristo Deus estava reconciliando você com Ele para todo o sempre.
Natal feliz é quando você descobre que Deus amou você antes que você o tenha amado, como escreveu o apóstolo João: Nós amamos a Deus porque Ele nos amou primeiro (1 Jo 4.19).
Natal feliz é que quando você descobre que não precisa ficar se dando a qualquer tipo de sacrifico para alcançar aquela paz no coração, a qual você experimenta ao crer em Cristo.
Natal feliz é quando você descobre que o Verbo eterno de Deus, a saber, o Filho de Deus, veio ao mundo com o propósito de fazer em seu favor aquilo que você precisava e não conseguia fazer, ou seja, o pagamento pleno dos seus pecados.
Lembre-se sempre destas palavras do apóstolo: Deus prova o seu amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores (Rm 5.8).
Um amor provado e demonstrado ninguém pode duvidar. Portanto, não duvide do amor de Deus por você que já foi provado ao tempo em que Jesus Cristo morreu por você, quando você ainda era um pecador.
Foi o escritor sagrado quem disse: porque aquele que entrou no descanso de Deus, ele próprio descansou de suas obras, como Deus das suas (Hb 4.10).
Deixe, portanto, de somente desejar feliz natal. Experimente pessoalmente o ter um natal feliz crendo e descansando na obra salvadora de Jesus Cristo.



quinta-feira, 28 de novembro de 2013

VEM E VÊ

 O evangelista não é um executivo da igreja para fazer algo, mas sim um enviado dela para anunciar alguém. Se o evangelista fez muita coisa mas não apresentou Cristo às pessoas, ele pode ser visto como um empreendedor mas não como um arauto do evangelho.
Felipe, vivendo ao tempo de Jesus, não dispunha de nenhum centro “acadêmico” para qualificá-lo para evangelizar Natanael, quando este duvida que da Galiléia pudesse sair o Messias. Ao invés de falar sobre as quatro leis espirituais ou coisa parecida, Felipe simplesmente diz a Natanael: vem e vê (Jo 1.45).
Ao convidar Natanael a ir  a Jesus para conhecê-Lo, Felipe está tratando na verdade da essência e da alma do evangelho, a saber, ver e conhecer Cristo por experiência pessoal.
Evangelizar não é ensinar um povo a mudar seus hábitos de limpeza ou melhorar sua estética, coisas em si mesmas boas e em nada reprováveis. Evangelizar, pelo contrário, é chamar o pecador a vir a Cristo para conhecê-Lo ou, de outra forma, é levar Cristo às pessoas para que seja conhecido delas, e se convertam ao Seu senhorio para serem salvas.
E para fazer isto o que o evangelista precisa é ele mesmo ter tido um encontro pessoal com Cristo, para depois levá-Lo a outrem. Felipe somente convidou Natanael a ir a Jesus depois que ele mesmo foi a Jesus, tornando-se seu discípulo.
Se alguém precisa de alguma agência missionária para aprender a evangelizar, a melhor delas é a de Felipe, que além de simples é eficaz na mensagem: Vem e vê.
Vem e vê é o método mais que aprovado para evangelizar, mas ele só pode ser aplicado por aquele que já veio e viu a Cristo.
O apóstolo Paulo escreve dizendo que as pessoas não terão como crer se alguém não pregar (Rm 10.14), e pregar aqui tem a ideia de anunciar. Sabendo que a pessoas precisam crer e para crerem necessitam de que Cristo lhes seja apresentado o apóstolo é enfático na pregação ou no anúncio das boas novas.
Vem e vê. O que passa disso não importa ou, se o caso, importa menos.
Se você, a exemplo de Felipe, já viu a Cristo está mais que habilitado a convidar “natanaéis” a virem e verem a Cristo, pois só será salvo quem vier a Ele. Mas se você ainda não veio e nem viu a Cristo, vá e O veja rapidamente para não ser como Jó, que depois de muitos anos descobriu que conhecia a Deus só de ouvir falar, o que percebeu somente depois que viu a Deus: hoje os meus olhos te veem (Jó 42.5). Quem anuncia Cristo sem ter visto a Cristo, é como  um cego apresentando a outro cego uma paisagem que está longe de sua capacidade de perceber.





Lutero Paiva Pereira

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

JESUS CRISTO, NOSSO MEDIADOR


Quando o Brasil iniciou a era das operadoras de telefonia de longa distância, na televisão começaram as propagandas para ganhar os consumidores para esses serviços.
 Dentre os vários códigos anunciados, me lembro da operadora 21 onde no comercial aparecia uma atriz de braços abertos dando a mão direita a uma avó que estava no nordeste e a mão esquerda ao neto que se encontrava no sul do Brasil.
Dizia a propaganda que aquela operadora se interpunha entre aquelas duas pessoas tão distantes uma da outra para aproximá-las pela telefonia.
Esse comercial de alguma forma nos faz pensar na figura do mediador.
O mediador é aquele que se coloca no meio ou entre duas ou mais pessoas com o fim de estreitar seu relacionamento.
A função do mediador é tornar próximas pessoas que se acham distantes, e isto para o bem estar delas.
Pessoas que estão afastadas entre si por uma mágoa ou desavença são aproximadas pela atuação de um mediador.

Conforme lemos em 1ª  Tm 2.5, de forma enfática e objetiva o apóstolo afirma que um mediador entre Deus e os homens, e que esse mediador único entre Deus e os homens  se chama Jesus Cristo Jesus.
Jesus Cristo é Aquele que foi posto entre Deus e os homens para aproximar um do outro de forma permanente e duradoura.

Jesus foi posto como mediador entre Deus e os homens em razão de três questões básicas:

A primeira razão de Jesus ser o mediador entre Deus e os homens é porque Deus pretende estreitar seu relacionamento com os homens.
Está provado que Deus quer se relacionar com o homem porque foi Deus mesmo e não o homem quem tomou a iniciativa de estabelecer um mediador para estreitar o relacionamento que está rompido.

A segunda razão para Jesus ser o mediador ou estar entre Deus e os homens é porque se trata de pessoas distantes entre si.

Deus está no céu e os homens, na terra, é verdade.
Mas a verdadeira distância que há entre Deus e o homem e que exige a mediação de Jesus Cristo  é em termos de grandeza e de glória.

Deus está longe do homem porque Ele é Deus, o Criador e o homem é a criatura, e nada mais do que isto.
A própria grandeza do Criador o faz distante da criatura.
O profeta Isaias escreveu:: porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos (Is 55.8).

Os pensamentos de Deus são mais elevados do que os pensamentos do homem porque Deus é em tudo superior e mais elevado que o homem.

A terceira razão para Jesus ser o mediador entre Deus e os homens é porque Deus e os homens são partes discordantes uma da outra, e não podem se aproximar a não ser mediante o processo da mediação Filho de Deus.
Os propósitos e os procedimentos divinos são opostos aos propósitos e aos pensamentos humanos.
O que Deus ama o homem abomina, e vice-versa.
E é assim porque ambos – Deus e o homem - têm naturezas distintas.
Deus é luz, e não há nele trevas nenhuma (1Jo 1.5), os homens são trevas, e neles luz nenhuma há. 
Essa discordância entre Deus e os homens é decorrência direta do pecado humano, pois a partir da Queda todos os homens passaram a ser dominados por uma natureza carnal, que é inimiga de Deus (Rm 8.7), que não se sujeita à lei de Deus, e nem tem disposição para segui-la.
Porque o homem está rebelado contra Deus e em constante conflito com Ele, isto mantém a distancia entre eles, distancia que o homem não tem como superar por esforço próprio.

A despeito de tudo isto, o fato é que Deus criou o homem para viver com ele, para estar com ele e para se relacionar com Ele eternamente, de modo que a separação entre eles deve ser vencida.
E foi exatamente para aproximar-se do homem que Deus tomou a iniciativa de eleger e estabelecer um mediador entre Ele e os homens, para que esse mediador possa reconciliar o homem com Deus, aproximando ambos para um relacionamento bom e eterno.

Da mesma forma que aquela atriz da operadora 21 abrindo os braços pegava na mão da avó e na mão do neto e ligava um ao outro através da telefonia, Jesus Cristo na cruz abre os braços para tocar as mãos de Deus e as mãos dos homens e aproximar o Criador da criatura para uma plena comunhão.

Se alguém deseja aproximar-se de Deus, é preciso valer-se do ministério mediador de Jesus Cristo, pois é Cristo quem tem o poder e o ministério de aproximar partes tão distantes.

Para entendermos essa função mediadora de Jesus Cristo em nosso favor, vamos considerar três pontos especiais desse seu ministério.

Antes, porém, precisamos dizer que à luz da Bíblia Cristo Jesus é o ÚNICO mediador entre Deus e os homens.
Noutras palavras, não há outro mediador na terra capaz de intermediar a aproximação entre Deus e os homens, pois o único capaz de realizar tal feito é Jesus Cristo.
Por isto a Bíblia que Não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos (Atos 4.12).
Ao dizer que não há salvação em nenhum outro, o texto bíblico está afirmando que não há outro mediador entre Deus e os homens.

Não há dois ou mais mediadores entre Deus e os homens, mas somente um, e este é aquele que Deus mesmo instituiu, o qual é Seu Filho.

Deus aproxima-se dos homens através do único caminho que é Jesus Cristo, e o homem aproxima-se de Deus através desse mesmo único caminho, ou seja, Jesus Cristo.
Jesus Cristo mesmo disse: eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim (Jo 14.6).
Aquele que deseja ir ao Pai é preciso valer-se do caminho que é Jesus Cristo, o Mediador entre Deus e os homens.

Tendo essa certeza de que Jesus Cristo é o único mediador entre Deus e os homens, podemos tratar de 3 pontos que caracterizam a obra mediadora de Jesus Cristo em favor dos pecadores.

A primeira característica da obra de Jesus Cristo como mediador, é que ele é um mediador EFICAZ.
Falamos que é algo é eficaz quando produz o resultado desejado.
Jesus Cristo não somente se interpõe entre as duas partes distantes entre si, a saber, Deus e os homens, como interpondo aproxima um do outro de forma eficaz.
Sendo competente para realizar essa obra de aproximação, o resultado de sua mediação está totalmente garantido.
Os que estavam longe de Deus, através de Jesus Cristo se achegam a Deus sem precisar recorrer a qualquer esforço pessoal ou de terceiros, porque Jesus Cristo garante o resultado de sua mediação em favor daquele que nele crê.
Os que viviam separados de Deus a Deus se unem por meio do ato mediatório de Jesus Cristo para sempre por causa da eficiência de sua obra.
O pecado que separou os homens de Deus, em Cristo Jesus é removido na cruz para não mais haver separação entre o Criador e a criatura, e isto que garante é o Mediador estabelecido por Deus.
Na cruz o Mediador recebe o castigo que nos traz a paz (Isa 53.5), paz que uma vez estabelecida nos dá livre acesso a Deus.
A morte de Jesus Cristo na cruz tem poder para operar tudo isto, mudando o curso da história daquele que nele deposita fé.
Jesus Cristo é, portanto, um mediador eficaz que dispensa ajuda de qualquer outra pessoa para fazer aquilo que se propõe fazer, ou seja, aproximar o homem de Deus.

A segunda característica de Jesus Cristo como mediador é que ele se apresenta como um mediador NECESSÁRIO.  

Os homens necessitam de ser purificados de suas iniqüidades para desfrutarem de comunhão com Deus, e somente através do sacrifício desse Mediador é que os pecadores são purificados de sua imundície pecaminosa para serem aproximados do Deus santo.  

 A Bíblia diz que Deus é tão puro de olhos que não pode contemplar a iniqüidade (Hc 1.13).

Imersos em iniquidade os homens não podem achegar-se a Deus em seu estado pecaminoso, sob o risco de receberem sobre si a ira divina.

Neste caso o Mediador Jesus Cristo se torna necessário para realizar a obra de purificação dos pecados dos homens para habilitá-los a viverem com o Deus santo.

Diz a Escritura que Cristo Jesus a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda a iniqüidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu (Tito 2.14).  

Necessitando de serem purificados dos seus pecados, os homens carecem do Mediador se apresentar em condições de lhes outorgarem o status de santos diante de Deus, o que Jesus Cristo faz por sua obra expiatória.

Portanto, não há fora de Cristo a menor condição para homem alcançar a condição de justo, mas em Cristo ele é feito justo.

Portanto, Jesus Cristo é o mediador necessário porque somente Ele pode transformar um homem imundo num homem puro ou santo para levá-lo a Deus.

A terceira característica de Cristo Jesus como mediador é que Ele é um mediador COMPLETO.

Isto significa que Ele dispensa ajuda dos homens na sua obra de mediar a aproximação deles com Deus, porque tudo que o homem precisa de um Mediador ele encontra em Jesus Cristo.

A obra de mediação que por Jesus Cristo foi realizada plena e completamente e de nada ela tem falta.

Jesus Cristo orou: Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste fazer (Jo 17.4).
E quando Jesus disse na cruz: está consumado (Jo 19.30), é porque tudo foi plenamente satisfeito.
Uma obra consumada é uma obra realizada na sua completude, e tal é a obra do Mediador Jesus Cristo.
Paulo escreve que o homem não é justificado pelas obras da lei e sim mediante a fé em Cristo Jesus (Gl 2.16).

Isto quer dizer que ninguém precisa recorrer a nada, exceto a Jesus Cristo para ser justificado de suas transgressões para aproximar-se de Deus de modo agradável ao Senhor.

Portanto, ninguém deve procurar fora de Cristo aquilo que somente nEle consegue achar.

Jesus Cristo, diz a Escritura, pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles (Hb7.25).

Conclusão
Como Mediador eficaz (que garante o resultado daquilo que Ele propõe), como Mediador necessário (já que o homem precisa ser justificado para aproximar-se de Deus) e como Mediador completo (já que tudo está em Cristo), Jesus Cristo Jesus é o único Mediador que pode realmente aproximar o homem de Deus.

Os que confessam a Jesus Cristo como Senhor e o receberem como Salvador, serão salvos e aproximados de Deus para todo o sempre, porque na condição da Mediador eficaz, necessário e completo Jesus Cristo une aquele que nele crê a Deus, o Pai.

Se você deseja aproximar-se de Deus para unir-se a Ele eternamente a oportunidade está dada através da mediação de Jesus Cristo.
Se você crer no Mediador, reconhecendo-o como seu mediador pessoal eficaz, necessário e completo sua aproximação de Deus está assegurada imediatamente e para sempre, porque através de Cristo você passará da condição de pecador impuro e imundo, a condição de justificado, puro e santo.
Se você já creu em Jesus Cristo e, portanto, já foi aproximado de Deus por obra da mediação do Mediador eficaz, necessário e completo, seu coração deve não só descansar na obra desse Mediador único, eficaz, necessário e completo, como também ser grato a Deus pelo fato de ter encontrado um mediador eficaz, necessário e completo, porque sem ele você nunca poderia se achegar a Deus, e através dele você nunca mais ficará distante de Deus.

A Cristo Jesus, nosso mediador,  toda honra e toda glória hoje e sempre. Amém.

Lutero de Paiva Pereira
                                              






quinta-feira, 24 de outubro de 2013

ORAÇÃO PARA A VIDA: VENHA O TEU REINO


Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;
Venha o teu reino (Mt 6.9-10).

A oração, pode se dizer, é antes de tudo um mecanismo criado pelo próprio Deus e colocado à disposição dos seus filhos para o bem deles. Ao escrever seu livro Pai Nosso, o Rev. Hermisten Maia Pereira Costa faz a seguinte observação sobre oração:
‘A Palavra de Deus insiste conosco quanto à necessidade que temos de orar, já que a oração foi instituída e é ensinada por Deus por nossa causa, para o nosso bem, não por alguma carência no ser de Deus. Aliás, os preceitos de Deus não visam simplesmente satisfazê-Lo, mas, sim, propor caminhos para o homem, os quais ele, seguindo, será feliz e Deus será glorificado.’
A oração, instituída por causa de nossa carência, deve ser praticada com esta proposta e não como um meio de dar ordens Àquele de quem somente se deve receber ordens.
Desta forma, a oração é um meio eficaz para que o crente apresente a Deus os desejos e os anseios de seu coração, aguardando daí por diante o que o Senhor dirá a respeito.
O coração humano tantas vezes tem reboliços que só através da oração se consegue acalmar suas inquietações, de modo que muitas vezes a oração funciona como um verdadeiro refrigério para o atribulado, que não podendo segurar dentro do peito a pressão ora e eleva ao Senhor sua necessidade. Quem já leu o livro de Salmos viu bem como orações de corações aflitos estão registradas ali para nosso consolo e edificação.
Mas a oração não tem somente o fim de exteriorizar nossas questões pessoais ou particulares diante de Deus. Ela tem um outro lado que mesmo não sendo percebido com facilidade dela faz parte.
Se de um lado a oração trata da vontade do homem, de outro ela trata da vontade direta do próprio Deus.
Afinal, é através da oração que o crente também pede a Deus aquilo que Deus mesmo quer que ele peça, importando-se com aquilo que Deus deseja que ele se importe.
De uma leitura das Escrituras é possível perceber que Deus orienta seus filhos a buscar alguma coisa que eles não buscariam, se não fossem orientados pela Palavra a fazer tal busca, e quando se comportam assim o pedido tem a ver com a vontade de Deus.
Na oração do Pai Nosso que Jesus ensina seus discípulos a orarem, dentre os vários pedidos que ele aponta para que façam parte da oração um deles trata da vontade de Deus, com o qual os discípulos devem aprender a se importar.
Qual esse pedido que deve fazer parte da oração do crente, e cujo alvo não tem a ver com sua vontade pessoal, mas sim com a vontade de Deus?
O pedido é: venha o Teu reino.
O que está contido nestas poucas palavras é a vontade de Deus para os salvos, pois Deus quer que eles orem ou se importem em pedir que o Seu Reino venha até eles.
Se Jesus não tivesse ensinado os discípulos a orarem pedindo que o Reino de Deus viesse, é possível que nenhum deles se importaria em fazer uma oração assim, pois normalmente oramos o que é da nossa vontade e não necessariamente o que é da vontade de Deus.
Não é que esteja errado orar aquilo que diz respeito a nossa vontade. O erro está em não orar também aquilo que diz respeito a vontade de Deus.
Venha o Teu Reino é um pedido que deve fazer parte de nossas orações, porque a vontade de Deus é que Seu Reino venha a nós.
Esse pedido deve ser feito com consciência e desejo verdadeiro, pois se trata de algo de grande importância na própria missão que trouxe Cristo à terra, pois Jesus ao mundo primeiramente para inaugurar o Reino de Deus aqui e, então, para salvar pessoas do império das trevas transportando-as para o Reino da luz, de modo que o Reino de Deus é acima de tudo o centro do evangelho.
Agora que os crentes sabem que não mais vão para o inferno, e sim para o eterno Reino de Deus, o melhor a fazer é conhecer algo a respeito do lugar para onde vão, ao invés de se preocuparem com o lugar para onde não mais irão.
Portanto, preocupar-se mais com o inferno, o lugar para onde não vão, do que com o Reino, o lugar onde estarão, é uma proposta teológica sem amparo na Escritura.
A oração do Pai Nosso quando meditada, é uma bela oração e enche a alma de alegria. Mas quando suas palavras são proferidas sem conhecimento, não passa de uma reza que se perde no próprio momento em que é feita.
E se é a vontade de Deus que oremos para que Seu Reino venha, podemos estar certos de que este pedido feito em oração contém algo muito bom, pois a vontade de Deus, no dizer do apóstolo Paulo, é sempre boa, perfeita e agradável:
E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus. (RM 12.2)

Assim, quando pedimos em oração: Venha o Teu Reino, estamos pedindo algo bom, perfeito e agradável para nós, de modo que não precisamos ficar com medo ou receio de fazer tal pedido com toda a convicção de alma.
E para orar com convicção, com fé, com discernimento, com sabedoria, até mesmo com satisfação, precisamos saber algo a respeito do Reino de Deus que estamos pedindo.
Mas antes mesmo de observarmos pela Escritura quais as características do Reino de Deus e, então, dos benefícios de sua vinda, é preciso que entendamos a oração tanto como um ato, quanto como uma atitude.
A oração como ato implica em reservar algum momento do dia ou da semana para sua prática reservada, como Jesus mesmo teve seus momentos de oração em particular.
Certamente Jesus orientou seus ouvintes: Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente (Mt 6.6.).
Portanto, é importante termos momentos de oração.
Embora tenhamos momentos de oração, não é certo dizer que oração é alguma coisa que se pratica somente num determinado instante e depois disto se encerra e deixa de existir.
Diferentemente disto, a oração ao invés de ser somente um ato determinado numa hora do dia ou num dia da semana, a oração deve ser vista, acima de tudo, também como um estado de espírito do crente.
Se a oração não pudesse ser um estado de espírito, de modo que o crente pudesse orar constantemente, mas somente um ato isolado no dia ou na semana, não haveria razão do apóstolo Paulo orientar os crentes a orarem sem cessar:
Orai sem cessar ( 1 Ts 5.17).
Se Paulo orientou os crentes a orar sem cessar é porque orar sem cessar é possível, e para orar sem cessar a oração não pode ser um ato isolado no dia ou na semana, mas um estado de espírito ou de coração que acompanha o crente todos os dias e o dia todo onde quer que ele esteja.
Portanto, quer oremos num determinado momento, quer oraremos incessantemente o dia todo, um dos pedidos que deve fazer parte de nossa oração é este que Jesus ensinou: Venha o Teu Reino.
Pensemos agora algo a respeito do Reino de Deus que vamos pedir que venha a nós.
Devemos entender algo sobre o Reino de Deus para orarmos sabendo o que estamos pedindo, inclusive para entendermos bem sobre seus efeitos em nossa vida.
Primeiramente devemos entender o Reino de Deus como sendo o governo, a ordem e os princípios de Deus em atuação santa e amorosa onde quer que estejam presentes.
Orar pedindo pela vinda do Reino de Deus não é outra coisa senão pedir que o governo de Deus venha sobre nossa vida e nossa casa.
Pedir que esse Reino chegue até nós, é também pedir que ele organize nossa vida e nossa família de acordo com a organização de Deus.
E quando pedimos que Deus organize nossa vida e nossa família de acordo com seu padrão de organização, é porque estamos reconhecendo que nossa vida e nossa família em alguma medida estão sofrendo o caos da desorganização produzida pelo pecado, pelo mundo, enfim, pelo império das trevas que está a nossa volta.
Devemos saber que mesmo sendo crentes, não estamos imunes às influências malignas.
Ao pedirmos que o Reino de Deus venha estamos reconhecendo então que os preceitos e os princípios desse Reino são superiores e melhores do que os preceitos e os princípios que muitas vezes estão dirigindo nossas vidas e nossas casas.
Buscar esse Reino traz a expectativa de que a vida abundante que Cristo veio trazer passe a ser uma marca registrada de todos nós, pois onde o Reino de Deus está ausente a vida abundante não se faz presente, como o contrário é verdadeiro, ou seja, a vida abundante se encontra presente onde o Reino de Deus não está ausente.
Pedir pela vinda do Reino de Deus é dizer que estamos dispostos a mudar nossa maneira de ser, de viver, de agir, de pensar para adequarmos nossa vida aos preceitos santos de Deus, os quais de excelência para um viver em ordem.
Pedir pela vinda do Reino de Deus é concordar com Jesus no sentido de que sua orientação a respeito de pedir isto em oração é a melhor orientação, pois foi Ele mesmo quem ensinou seus discípulos a orar pedindo pela vinda do Reino.
Querer que o Reino venha é o mesmo que dizer que estamos também dispostos a levar nossa vida para dentro do Reino, pois o Reino de Deus não é algo para ser admirado, mas para ser vivido.
Portanto, pedir pela vinda do Reino é estar disposto a viver como cidadão desse Reino.
Precisamos considerar agora o que nossa vida ganha quando pedimos a vinda do Reino ou do governo de Deus sobre nós.
Quais são as características próprias do Reino de Deus que vamos ganhar com essa oração?
Escrevendo aos Romanos, ao falar daquilo que é essencial ao Reino de Deus, Paulo diz que o Reino de Deus é justiça, paz e alegria no Espírito Santo.
Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo. Rm 14.17
Justiça ou retidão é a primeira característica do Reino de Deus; Paz é a segunda, e alegria no Espírito a terceira.
Quando oramos pedindo que o Reino de Deus venha a nós, estamos dizendo a Deus que desejamos a retidão do seu Reino, para termos a paz que ele proporciona, e desfrutar da alegria do Espírito.
Por que muitos crentes não gozam nem da alegria menos ainda da paz desse Reino?
A resposta é simples. Não experimentam nem a alegria nem a paz do Reino porque também não têm seus corações orientados pela retidão do Reino.
Se queremos a alegria do Reino, precisamos da paz que é própria desse Reino. E se desejamos essa paz, devemos nos importar com a retidão ou a justiça do Reino.
Portanto, orar a Deus venha o Teu Reino, é pedir pela retidão do Reino como baliza ou direção de conduta, de modo que a paz habite o coração e a alegria do Espírito seja real.
Conclusão
Deus tem um Reino de justiça, paz e alegria no Espírito para ser experimentado pelos homens.
E Deus não somente tem um Reino com estas características como quer que seus filhos experimentem esse Reino para provarem de sua retidão, de sua paz e de sua alegria.
Mas para que os crentes experimentem essas características do Reino é preciso que orem pedindo a Deus que seu Reino seja real em suas vidas.
É verdade, no entanto, que para o homem provar desse Reino a primeira condição é ser salvo por Jesus Cristo para se tornar um cidadão do Reino.
Quando a pessoa crê em Jesus Cristo a Bíblia diz que ela é transportada do império das trevas para o Reino da luz, transporte este que é feito pelo próprio Deus:
Dando graças ao Pai que nos fez idôneos para participar da herança dos santos na luz;
O qual nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor (Cl 1.12-13)
Como salvo e já fazendo parte do Reino de Deus, enquanto vive nesta terra como nova criatura o crente deve aprender a orar pedindo a vinda do Reino de Deus primeiramente sobre sua vida pessoal e também  familiar, e isto para que vivam todos como cidadãos desse Reino de glória.
Devemos orar pedindo a vinda do Reino de Deus tanto em momentos de oração isolada, como também em orações contínuas e incessantes.
Lembremo-nos das palavras de Jesus: buscai, pois, o Reino de Deus e Sua justiça, e as demais coisas lhe serão acrescentadas.
Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. (Mt 6.33).
 Sem dúvida alguma que a paz e alegria serão acrescentadas a todos quando desejarem a vinda do Reino.
Devemos fazer do Reino de Deus um alvo de nossas orações, e isto não só porque esta é a vontade de Deus, como também pelo fato de que, sendo a vontade de Deus a vinda desse Reino nos fará pessoas e famílias mais organizadas com potencial de desfrutar da paz e da alegria do Reino.

Oremos com entendimento a oração do Pai Nosso. Venha o Teu Reino é uma oração para a vida.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

O PODER DA ADORAÇÃO


Algumas palavras, considerando o que significam e aquilo para o que apontam, despertam grande interesse em serem ouvidas.
Tal é o caso, por exemplo, das palavras sucesso, riqueza, bênção, etc.
Um sermão que fale de sucesso, de riqueza, de bênçãos, independentemente de ter base teológica, é sempre bem ouvido e, na grande maioria das vezes, crido.
Mas existe outra palavra igualmente cativante, e talvez até mesmo mais atraente do que as anteriormente citadas, e que empregada no sermão torna a mensagem totalmente aprovada por todos.
É o caso da palavra poder.
Um sermão que aborde a questão do poder e proponha que o ouvinte ficará cheio dele não tem como não fazer sucesso.
Parece que o homem tem mais necessidade de poder do que de qualquer outra coisa, e os crentes em especial o procuram com muito mais dedicação do que ao próprio Deus.
Aliás, muitos procuram Deus para terem poder, o que em última análise significa que procuram o próprio poder.
Uma conferência que tenha como tema O poder da oração, por exemplo, terá bem mais inscrições do que aquela que anuncia simplesmente: A oração
Outra que anuncie: Poder para viver será mais frequentada do que aquela que apregoa: A vida do crente.
Ou seja, coloque a palavra poder e o resto que for acrescentado não interessa quase nada. No sentido contrário também é verdadeiro, isto é, não coloque a palavra poder e o que vier depois pouco interesse terá.
No caso da oração, a partir do momento que inventaram e divulgaram a ideia de que a oração tem poder, a temática ganhou espaço no coração dos crentes aguçando o apetite de todos para se apoderarem desse dínamo que necessitam para vencer tudo e todos.
No que diz respeito a adoração, pode-se dizer que ela cria vínculo real entre o adorador e a coisa adorada, e isto a ponto de transformar a pessoa que adora tornando-a parecida com aquilo a quem presta culto.
Esta é a ideia do poder da adoração a ser abordado aqui.
Não é que a adoração comunique algum poder a quem a prática, mas sim, que a adoração em si mesma tem o poder ou a capacidade de unir ou aproximar o adorador e o objeto adorado de tal forma um do outro a ponto deste comunicar suas características àquele.
Não é que a coisa adorada fica parecida com a pessoa que a adora, mas sim o contrário, ou seja, que a pessoa que adora se torna parecida com a coisa  que adora.
Este é o verdeiro poder constante da adoração.
Sabedor disto o crente precisa saber a quem está realmente adorando, e uma das maneiras seguras de fazer esta comprovação  é ver com quem ele está se parecendo a cada dia.
No salmo 115 a questão da semelhança que se estabelece entre o adorador e a “divindade” adorada fica patente e clara, pois o salmista diz que as nações pagãs fabricam seus deuses, os quais não têm vida, pois têm olhos, e não veem; têm boca, mas não falam; têm pés e não andam, de modo que aqueles que se entregam a esses deuses mortos são ou ficam mortos como mortos eles são.
O versículo 8 do referido salmo diz: A eles se tornem semelhantes os que os fazem, assim como todos os que neles confiam.
Quando o versículo diz que os adoradores desses deuses se tornam semelhantes a eles, isto prova que a adoração tem o poder de igualar o adorador à coisa adorada.
Num certo momento da vida de Israel, quando o povo se pôs a adorar ou a prestar cultos aos deuses estranhos, o poder da adoração fez com que eles adotassem uma prática abominável aos olhos de Deus, a saber, a de sacrificar os próprios filhos em honra à divindade adorada.
Se a adoração tem o poder de vincular o adorador àquilo que adora, a lógica é que a adoração ao Deus vivo, ao Deus que vê, ouve, fala, age, realiza, etc., ao Deus que é santo, amoroso, justo, bom, etc. deve comunicar aos que o adoram essa semelhança com Ele, tornando os cristãos capacitados a ver, ouvir, falar, fazer, realizar como Deus é capaz de tudo isto, bem como de serem santos, amorosos, justos, bons, como Deus o é.
Se isto é assim, porque os cristãos, em boa maioria, os quais dizem que adoram a Deus, não recebem de Deus as virtudes que dEle são próprias e  com Ele não se assemelham?
A única resposta possível é que podem não estar adorando o Deus verdadeiro, mesmo dizendo que estejam fazendo isto corretamente.
Como é possível o cristão não estar adorando o Deus verdadeiro?
A possibilidade vem quando adora um deus imaginário ou mesmo quando O adora de forma contrária aos seus preceitos.
Vale, pois, refletir e pensar sobre a adoração pessoal ou coletiva que se desenvolve, pois pode ser que alguma coisa não esteja certa nesta prática.
Espero que esta abordagem não tenha decepcionado quem intentou lê-la com o interesse de descobrir o poder da adoração conforme que se proclama por aí, mas que tenha ao menos servido de apoio para um estudo mais sério do tema à luz da Escritura. 

Lutero de Paiva Pereira

terça-feira, 3 de setembro de 2013

DEUS NÃO TEM 0800

As empresas de grande porte têm “0800” voltado exclusivamente ao interesse do cliente. Através do SAC – Serviço de Atendimento ao Consumidor – a linha telefônica recebe reclamações sobre produtos que apresentaram algum tipo de defeito e tem seu uso prejudicado. O 0800 é, portanto, um Serviço que se presta a resolver problemas.
Deus não tem nenhum SAC – Serviço de Atendimento ao Consumidor – cuja letra C poderia muito bem significar a palavra Crente. Ou seja, Deus não tem nenhum Serviço de Atendimento ao Crente para atender reclamações e solicitar providências celestiais para encaminhar soluções na terra. A despeito disto boa parte do mundo chamado evangélico parece trabalhar com a ideia de que Deus resolve todos os problemas dos crentes, bastando ligar para o “0800 celestial” através da oração.
É lógico que as igrejas que trabalham com essa proposta “cobram” do usuário uma pequena taxa para instruí-lo a fazer uso correto do “SAC-celestial”, extorquindo e espoliando a vida dos fieis.
Biblicamente falando Deus nunca prometeu resolver os problemas dos crentes de forma tão generalizada como atualmente se pensa ou se propaga pelo mundo evangélico. O que se pode aprender da Escritura é que ela dá sabedoria aos que meditam nela, e isto para que essa sabedoria ajude o crente tanto a evitar problemas, como a resolver muitos deles, sendo esta a regra geral.
O salmista foi enfático em dizer: Tenho mais entendimento do que todos os meus mestres, porque os teus mandamentos são a minha meditação (Sl 119.99). E noutro momento: muita paz têm os que amam a tua lei, e para eles não há tropeço (Sl 119.165). Nota-se destes dois versículos que entendimento e paz o salmista diz experimentar quando medita nos mandamentos divinos, e não quando faz oração.
A leitura da Escritura leva ao conhecimento da verdade, e o crente que nela medita desenvolve uma mente espiritualmente sadia e sábia que o ajudará a encaminhar-se bem na vida, dando-lhe destreza para resolver os problemas com a sabedoria que vem do alto.
Vale lembrar que o  grande objetivo da Reforma Protestante foi colocar a Palavra de Deus ao alcance dos crentes, não para que ela se tornasse um amuleto ou fosse esquecida no criado mudo durante a semana, mas para que fosse objeto de leitura constante. Talvez seja possível  contar nos dedos o número de crentes que meditam ou ao menos leem a Bíblia durante a semana, e são exatamente aqueles que não meditam na Escritura os que mais andam a procurar orações ou  reuniões de oração para buscar solução de seus dramas.
Se o crente quer solucionar seus problemas, e é justo que queira, que se afeiçoe à Palavra que é a verdade, e ela o habilitará a proceder de forma mais segura em tudo.
É melhor parar de “ligar” para o céu e conectar-se imediatamente à Palavra de Deus que está ao alcance de todos, pois não haveria razão da Bíblia ser escrita a não ser com o objetivo de ser lida por aqueles que desejam alcançar o desenvolvimento da salvação.
A fé não anula a inteligência ou a racionalidade do crente, pelo contrário, quem se deixa tomar pela fé bíblica verá que ela o instigará a pensar, e a pensar melhor cada vez mais.
Portanto, ao invés de ficar promovendo reuniões de oração sem fim, os crentes deveriam ser estimulados a meditar na Palavra de Deus constantemente, com o alerta de que meditar é coisa bem diferente de simplesmente ler a Bíblia.
Quando as orações dos crentes são feitas na busca de solução de coisas simples, que a mente razoavelmente desenvolvida poderia resolver, a impressão que o ímpio passa a ter é que a conversão tornou o converso inapto e incapaz para a vida, pois tudo que tem que resolver ele recorre a Deus como se  não tivesse capacidade de refletir e decidir sobre qualquer delas.
Embora Deus não tenha um 0800, nem por isto os crentes estão largados a sua própria sorte, porque Ele deixou Sua Palavra a qual eles fazem bem em ler e meditar com frequência para ter uma mente mais capaz. E ao ler as Escrituras a própria oração se tornará em tudo mais coerente com os ditames da fé. 

Lutero de Paiva Pereira




segunda-feira, 12 de agosto de 2013

NEM SÓ DE PÃO



Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus (Mt 4.4), foi a resposta dada por Jesus ao Diabo quando este O instigava a transformar pedra em pão para matar sua fome no deserto.
Com tal afirmativa Jesus reconhecia em primeiro lugar que o homem precisa de pão para viver, pois ao afirmar que não só de pão ele viverá, implicitamente estava dizendo que de pão também, embora não exclusivamente dele necessite.
Admitir que o homem vive de pão, embora não somente dele, é o mesmo que dizer que a natureza humana tem necessidade inerente a sua realidade física que não pode ser negada, e que essa carência é satisfeita por coisas eminentemente materiais.
Por outro lado ao dizer que não só de pão o homem viverá, mas também da palavra que procede da boca de Deus Jesus indicava outro tipo de alimento que o homem igualmente tem necessidade, a saber, a palavra que procede da boca de Deus. Com isto fica certo que Jesus vê o homem como um ser físico e metafísico, ou seja, um ser que precisa de alimento material e imaterial ao mesmo tempo.
Negar ao homem sua natureza  física como se fosse somente metafísico, é fazer dele um ser eminentemente espiritual, o que é contrário a sua criação. 
Por outro lado, tratá-lo como um ser somente material como se não possuísse uma parte espiritual, é negar sua espiritualidade.
Vale lembrar que as Escrituras dizem que ao ser trazido a existência “Deus formou o espírito do homem dentro dele” (Zc 12.1).
Por final, ao dizer que o homem precisa não só do pão material, mas também da palavra que procede de Deus, Jesus indicava que a palavra que vem de Deus tem conotação de alimento, de modo que o homem dela não pode prescindir.
Como toda a palavra que procede de Deus está contida hoje na Bíblia Sagrada, é preciso dela o homem ouvir para alimentar-se espiritualmente bem.
Se em termos de saúde física o homem precisa  cuidar de sua alimentação para não comer algo contaminado e adoecer, o mesmo se dá em relação à sua saúde espiritual.
É importante que a apresentação da Palavra de Deus seja feita aos ouvidos dos homens de modo correto, e assim fazer para que não se torne  alimento contaminado que lhe traga dano ao espírito.
O pregador que  faz o auditório rir, chorar, ficar com medo ou somente curioso quando lhe expõe a Palavra de Deus, não está fazendo uso correto dela como palavra que alimenta, pois rir, chorar, ficar com medo ou curioso não é nem um pouco útil a saúde de ninguém.
Quando o crente deixa de ler e de meditar na Palavra de Deus com frequência, esse verdadeiro jejum do pão celestial poderá acarretar a perda do vigor espiritual.
Se ao dizer que o homem  vive de pão mas não somente de pão, Jesus estava certo, mas certo estava ao dizer que sem a palavra que procede de boca de Deus o homem não tem a vida que somente essa palavra pode lhe comunicar.
Portanto, para estar física e metafisicamente bem, o homem precisa tanto do pão, quanto da palavra de Deus.
Lutero de Paiva Pereira



segunda-feira, 29 de julho de 2013

MISSÃO BIZARRA


É normal gostar do anormal? Normalmente não o é, mas ultimamente parece ser. O bizarro, esquisito, extravagante tem sido o prato predileto de muitos, de modo que quando tudo está normal o prazer é pouco ou nenhum, já que somente o estranho agrada os sentidos.
Através da televisão o telespectador tem acentuado seu apreço pelo anormal, pois os programas de audiência são aqueles que tratam e retratam o mundo extravagante de pessoas e animais.
 O prazer pelo bizarro extrapola todos os campos e chega ao próprio mundo da religião.
No mundo tantas vezes alienado da religião, as missões chamadas de evangelizadoras seguem a mesma sina da televisão, e alimentam a bizarrice dos que lhe emprestam atenção.
Atualmente a missão tida como de valor, muitos entendem assim, deve ter como alvo o homem ou mulher que pode ser considerado exceção à espécie humana, relegando ao segundo plano o cidadão comum ou, como queiram, normal.
Assim, tornou-se propósito da evangelização o homem diferente, o homem estranho, o homem não convencional em razão de uma particularidade que carrega a qualquer título.
Criando subgrupos cada vez mais específicos dentro da espécie humana, as missões se dirigem focadas num público seleto que possa despertar uma emoção diferente naqueles que ouvem algo a seu respeito.
Deste modo, não pode mais causar estranheza a aparição de missões especializadas em alcançar pessoas cujos tipos nem sonhávamos existir em número suficiente para justificar um trabalho específico em sua direção.
Neste caso, é possível que em breve surjam missionários especializados em evangelizar gagos, os quais serão tidos como uma população excluída que não é ouvida por ninguém. 
Não faltará estatística para dizer que 17,38% dos habitantes da terra são gagos não alcançados.
Como se classifica uma pessoa como gago? Qual o parâmetro adotado para enquadrá-la nessa categoria? Ninguém sabe.
Mas o que se afirma é que 17,38% dos habitantes do planeta são gagos e precisam de missionários que fafa,fafa,fafalem a sua linguagem.
O missionário para o gago, obviamente, terá que gaguejar.
Existirão também as missionárias especializadas em mulheres com joanete.
Elas, segundo senso de 2012, são 6,39% da população feminina do Brasil. Portanto, é preciso arrecadar fundos para ir atrás destas pobres coitadas que “sofrem” com seu complexo.
Como conseguiram mensurar esse número?
Novamente ninguém sabe.
Talvez consultaram podólogos, pedicures e outros profissionais que trabalham com os pés, e partir de suas fichas de clientes puderam fazer esse levantamento.
O que não dizer dos missionários que têm como alvo pessoas que têm pé chato, e que correspondem a 11,39% da população masculina.
Nem precisa dizer que este levantamento também não tem base segura de verificação.
Por suporem que tais pessoas são socialmente excluídos e, portanto, padecem grande sofrimento de alma, além do cansaço físico que o pé chato ocasiona, os missionários se especializaram neste nicho, saindo correndo a procura deles. E se os missionários estão correndo ao seu encalce o pé chato deles não permitirá ir longe até serem “abatidos”.
Identificar uma pessoa de pé-chato simplesmente olhando para o seu rosto parece coisa difícil, mas vale a pena ir atrás dela para pescar ao menos um.
E quando esses missionários do bizarro tiverem êxito em sua missão, é possível que tragam gravados testemunhos dos “evangelizados”, depoimentos que o homem minimamente inteligente desconfiará da ausência da verdadeira conversão.
A mulher de joanete dirá que agora está feliz porque se sente livre para andar descalça na praia sem o complexo que outrora a fazia usar botas na areia; o de pé chato não economizará palavras para dizer que agora seu fôlego é outro. Restará o testemunho do gago. Bem,  como o gago continua do mesmo jeito ninguém tem paciência de ouvir suas palavras repetidas de forma incontida por todo o tempo da gravação.
Infelizmente é assim que caminha boa parte da humanidade religiosa, onde o anormal é o normal.
Se a pessoa normal não se enquadrar num grupo de anormais, é possível que nenhum missionário tenha prazer de ir ao seu encontro, nem a agência missionária disposição de arrecadar fundos para fazer missão em sua direção, pois ninguém mais se interessa pelo homem comum.
E para que a missão seja ainda mais interessante e desperte interesse nas pessoas de contribuir financeiramente para seu sucesso, é preciso que ela aconteça bem longe e, se possível, até mesmo noutro continente. Assim, os gagos alcançáveis devem ser do Azerbajão, as mulheres de joanete da Mongólia e os homens de pés chato da Malásia, pois se eles estiverem na própria cidade não tem graça alguma fazer missão ali.
Precisamos aprender que o evangelho é para todos os povos, tribos línguas e nações, e não para uma espécie especial dentro da espécie geral chamada raça humana. E ainda, que homens e mulheres que estão próximos de nós, mesmo não tendo nenhum “adjetivo” que os distingam dos demais, estes também precisam ouvir o evangelho.
Façamos, pois, missão, mas não a missão bizarra. E ao fazer missão tenhamos o cuidado de levar o evangelho e não mais do que isto ao ouvinte, pois o que ele precisa saber é de que sua reconciliação com Deus somente é possível através de Jesus Cristo.

Lutero Paiva Pereira