quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O DIA R

O que torna alguns dias especiais, diferentes e únicos a ponto de merecer destaque no calendário, são os acontecimentos para os quais eles apontam. Brasileiros e americanos têm, respectivamente, os dias 7 de setembro e 4 de julho em alta estima pois são datas nas quais comemoram o dia de sua independência.
A importância dessas datas especiais é manter a memória viva em relação a fatos e acontecimentos, os quais têm justificada razão para serem lembrados sempre.
Perder o contato com a história é correr o risco de repetir seus erros ou de não reproduzir seus acertos, daí a importância de algumas datas merecerem apreço maior.
O dia 6 de junho de 1945, por exemplo, é um daqueles dias que o mundo ocidental guarda com especial devoção, e tem razões de sobra para isto. Historicamente ele ficou conhecido como Dia D, nome dado à operação militar deflagrada para conter o avanço da opressão político-ideológica chamada nazismo, que pretendia dominar o mundo.
Nesse dia iniciou-se o desembarque das tropas aliadas na costa da Normandia (França) para o grande e triunfante ataque que se seguiria contra a Alemanha e seus adeptos, quando o ímpeto tirano de Adolfo Hitler seria dominado pondo fim aos horrores e ao morticínio produzido pela 2ª Guerra Mundial.
Para melhor se compreender o Dia D é prudente olhá-lo sob dois aspectos, a saber, pelo ângulo do dia que realmente foi e do dia que não teria sido caso o desembarque tivesse sido frustrado por alguma razão.
Como dia realmente acontecido o Dia D trouxe como benefício o término da 2ª Grande Guerra, a qual havia sido responsável pela morte de milhares e milhares de pessoas, bem assim a derrota do nazismo. O fim da Guerra beneficiou imediatamente aqueles que estavam diretamente envolvidos no conflito, salvando vidas e seus países e a derrota do nazismo trouxe alivio as gerações futuras.
No entanto, se o Dia D não tivesse acontecido ou acontecido sem o sucesso que foi, a 2ª Guerra teria continuado por muito mais tempo ceifando vida e destruindo países, bem como o Nazismo imperado por todos os cantos espalhando seus horrores.
Desta forma é possível afirmar que o mundo a partir do Dia D foi um e sem ele teria sido outro bem pior, destrutivo e caótico para se viver nele.
Portanto, ter a memória aviventada por certas datas para colocar as pessoas em contato com acontecimentos históricos tem seu efeito pedagógico inegável, pois não são poucas as lições que determinados fatos oferecem aos que os rememoram.
Mas o calendário além do Dia D deveria ter reservado espaço também para o Dia R, tendo em conta os muitos e inexcedíveis benefícios por ele trazidos para toda a humanidade.
O Dia R aponta para um acontecimento que trouxe vida onde só existia morte, liberdade onde reinava a escravidão, alegria no reino da tristeza, esperança no terreno do desespero, luz nas mais densas trevas e paz no ambiente do medo.
 Com estes resultados positivos para o homem o Dia R certamente teria que ser lembrado e comemorado sempre.
Assim, qual não foi a alegria dos homens que viveram ao seu tempo quando, enfim, ecoou a notícia de que a vida venceu a morte.
O Dia R, a exemplo do Dia D, também envolveu uma guerra, e até pior do que a 2ª Guerra Mundial, e isto para destruir um ditador bem mais terrível que Hitler, de modo que sem que o Dia R tivesse existido a vida seria insuportável na terra.
Mas, que dia espetacular é este que o calendário não foi cuidadoso em lhe devotar uma data especial de comemoração? Que acontecimento notório deveria merecer atenção de todos?
O Dia R não é outro senão o Dia da Ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, fato ocorrido no terceiro dia depois do seu sepultamento.
O registro bíblico deste acontecimento espetacular é feito nos seguintes termos: Mas, no primeiro dia da semana, alta madrugada, foram elas ao túmulo levando os aromas que haviam preparado. E encontraram a pedra removida do sepulcro; mas, ao entrarem, não acharam o corpo do Senhor Jesus. Aconteceu que, perplexas a esse respeito, apareceram-lhes dois varões com vestes resplandecentes. Estando elas possuídas de temor, baixando os olhos para o chão, eles lhes falaram: Por que buscais entre os mortos ao que vive? Ele não está aqui, mas ressuscitou (Lc 24.1-6).
Buscar entre os mortos aquele que morreu era uma questão de lógica, pois toda pessoa que morre permanece entre os mortos. No entanto, buscar entre os mortos aquele que ressuscitou, entrando na morte e dela saindo com vida, não era coisa a ser feita.
Não é de estranhar o fato dos discípulos terem sido tomados de grande ânimo e de enorme alegria quando souberam que no primeiro dia da semana Jesus venceu a morte e tornou-se Senhor sobre tudo e todos, porque a ressurreição trouxe ao mundo a esperança que a morte havia levado embora.
Com sua ressurreição dentre os mortos, ocasião em que Jesus venceu a Morte e o Diabo, o império das trevas teve seu imperador destronado e a morte perdeu seu poder de domínio, pois desde então as chaves da morte e do inferno passaram às mãos daquele que agora vive pelos séculos dos séculos como está escrito: Não temas; eu sou o primeiro e o último e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do inferno (Ap 1.18).
Os efeitos da Ressurreição ou do Dia R, a exemplo do que acima se apresentou para o Dia D, também podem ser vistos pelo lado negativo e positivo, ou seja, pela ótica do seu não acontecimento e pelo prisma de sua efetiva concretização.
Assim, se o Dia R não tivesse acontecido algumas das conseqüências negativas seriam:
1º. O homem continuaria pecador para sempre, e como tal eternamente posto debaixo da ira de Deus;
2º. Sem o perdão dos pecados destino último do homem seria a morte eterna;
3º. A fé em Jesus seria vazia e sem conteúdo, pois crer em alguém que morreu e não ressuscitou seria esperar por alguém incapaz de salvar da morte;
4º. A esperança não faria parte da história humana, pois um futuro sem vida eterna seria difícil de ser aguardado;
5º. O evangelho não existiria pois a palavra quer dizer boas novas, e nenhuma boa nova se teria a proclamar se Jesus tivesse morrido e continuasse retido ou subjugado pela morte. Não seria uma nova, porque todos os homens morrem e continuam mortos e não seria boa, porque seria ruim saber que o salvador não salvou nem a si mesmo do poder desse grande inimigo do homem que á morte;
6º. Todos os homens continuariam sujeitos e sujeitados ao poder do império das trevas que continuaria a exercer seu domínio;
7º. A Bíblia não seria digna de ser crida ao falar de uma coisa que aconteceria quando esta coisa não aconteceu.
Paulo chega a dizer que se Cristo não ressuscitou (1 Co 15.32) deveriam todos se entregar à comida e a bebida, ou seja, a uma vida sem propósito porque depois disto a única expectativa seria a morte.
Vendo, no entanto, o Dia R pelo lado positivo, já que se trata de um fato que faz parte da história, muitos são benefícios que dele decorrentes:
Por que Cristo ressuscitou:
1º. A morte foi derrotada e perdeu sua hegemonia sobre os homens, de modo que o apóstolo Paulo escreve que um dia se dira: Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória? (I Cor 15.55)
2º. Jesus prova que pagou os pecados dos homens pela Sua morte e que ao ser levantado de entre os mortos se tornou capaz para justificá-los diante de Deus conforme se lê: O qual por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação (Rm 4.25);
3º.  Ele, Jesus, faz a paz entre Deus e os homens como diz o texto sagrado: Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo (Rm 5.1)
4º. Os homens que nEle crêem ouvirão dele o agradável chamado: vinde benditos de meu pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo (Mt 25.34)
5º. Tendo sido o primeiro a ressuscitar dentre os mortos Cristo garante aos que nele crêem a mesma ressurreição, pois a Bíblia não diz que Ele seria o único mas sim, as primícias ou o primeiro dentre aqueles que dormem: Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem (1 Co 15.20)
6º. Finalmente, porque Cristo vive pelos séculos dos séculos os que por eles são salvos também viverão para sempre conforme sua promessa: Ainda um pouco, e o mundo não me verá mais, mas vós me vereis; porque eu vivo, e vós vivereis (Jo 14.19).
Muito ainda se poderia dizer sobre os efeitos do Dia D, mas os pontos apresentados parecem suficientes para falar de sua grande importância para o homem.
Conclusão
Se o Dia R não tivesse acontecido a morte dominaria para sempre; Jesus não seria Senhor, tampouco salvador; os homens continuariam pecadores não salvos; o reino de Deus não seria inaugurado na terra; nenhuma criatura poderia ser feita uma nova criatura e o fim da história seria o começo do que pode pensar de pior.
Como o Dia R marca que Jesus Cristo ressuscitou o evangelho é, sem sombra de dúvidas, as boas novas que deve chegar aos ouvidos dos pecadores para levá-los a desfrutar dos benefícios deste grande acontecimento.
Assim, quem crer no Senhor Jesus a alegria espantará a tristeza; esperança afugentará o desespero; a paz mandará embora o medo.
Do mesmo modo que o Dia D mudou os rumos da história o Dia R mudará sua história pessoal; da mesma forma que o Dia D pôs fim ao morticínio da Guerra, o Dia R porá termo ao domínio da morte sobre você; assim como o Dia D trouxe alívio para o mundo o Dia D trará bem-estar ao seu coração, e isto porque Jesus Cristo se tornou seu Salvador e Senhor.
Por isto Paulo escreve: se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que tudo se fez novo (2 Co 5.17)
          Lutero de Paiva Pereira

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