A história é pródiga em demonstrar que o amor que o homem devota a loucura extrapola seu apego a sanidade, de modo que aquilo que a sensatez leva séculos para construir a insensatez impiedosamente destrói em pouco tempo. A verdade que com esforço se estabelece num certo período se esvazia no curto prazo sob aplauso dos que dela se dizem livres.
Contudo, não percebem esses “revolucionários” que a decantada libertação da verdade consiste na instauração da própria escravidão.
Ao tempo do iluminismo, movimento ou fenômeno filosófico dos séculos XVII e XVIII, quando se acreditou que a mente humana tinha luz suficiente para iluminar o caminho do homem de modo a dispensar a luz de Deus, creu-se de tal forma na razão que a expectativa de uma vida melhor por ela dirigida seria alcançada brevemente. No entanto, não durou muito e a frustração tomou conta de todos quando o que se provou foi exatamente o contrário do que se esperava.
Restou demonstrado, então, que a luz interior não tinha brilho suficiente para dissipar as trevas do coração.
Chega, então, o tempo que se pode chamar de “aluminismo”. Este “movimento” sorrateiramente presente no comportamento dos dias atuais faz o homem negar a razão, abandonar a mente e se afeiçoar exclusivamente aos sentimentos.
Agora pensar é coisa do passado, pois sentir é a onda do momento.
“Aluminismo”, um neologismo provocativo, fala de um tempo sem luz, sem saber, sem ciência, onde o que importa são as emoções e não o conhecimento.
Vale lembrar que a palavra aluno no latim, alumnu quer dizer aquele que recebe instrução, ensino e recebe porque não o tem. E se a instrução dissipa as trevas do não-saber, então aluno é aquele que não tem a luz do conhecimento.
O iluminismo que influenciou o mundo religioso por um certo tempo foi substituído pelo "aluminismo" nos dias atuais, pois agora o pensar nas coisas lá do alto foi substituído pelo sentir as coisas lá de cima, de modo que o momento de culto seja vibrante e espetacular, mesmo que sem a luz da verdade.
No entanto, a vinda de Cristo ao mundo teve como de um seus objetivos principais afastar as trevas da mente do homem, ali estabelecidas pelo pecado, e isto para que ele possa compreender e ser ILUMINADO pela verdade.
Jesus disse: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida (Jo 8.12).
A musicalidade gospel, em regra, toca os sentimentos mas ignora a compreensão da verdade, tornando menos racional e mais emocional o chamado “animal pensante”. E no púlpito o pregador para não contrariar o artista que se tornou “ídolo sacro”, um grande paradoxo da fé, reduz o tempo de exposição da Escritura e no pouco que dela faz uso se utiliza de textos que alimentam a idéia de tornar o ouvinte um vencedor, um herói, alguém capaz de derrotar tudo e todos, inflando seu ego já excessivamente massageado.
Os fundamentos da fé deixaram de sustentar o grande edifício chamado igreja, e suas colunas enfraquecidas ameaçam não sustentá-la por muito tempo.
O apóstolo Paulo ao se referir aos incrédulos diz que o “deus deste século cegou-lhe o entendimento”, (2 Co 4.4), dando provas de que a atuação do Mal é no entendimento do homem.
O pior é que as emoções não se satisfazem no simples fato de serem agitadas, de modo que quanto mais a igreja se presta a oferecer reuniões emocionais e emocionantes, mais a insatisfação toma conta do crente.
O caminho que a igreja deve trilhar é proclamar a verdade em sermões e músicas, de modo que a luz que da Palavra procede afaste do coração a escuridão da ignorância de Deus.
A respeito de Jesus o evangelista escreveu: Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo (Jo 1.9).
Achegue-se a Cristo para não ser nem do iluminismo, menos ainda um aluminista, mas sim um iluminado conforme o apóstolo escreveu: Tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos (Ef 1.18)
Lutero de Paiva Pereira
Nenhum comentário:
Postar um comentário