No
sentido natural é certo afirmar que quanto melhor a casa, mais requintada a
habitação e nobre o seu morador, maiores são as restrições e exigências feitas em
desfavor daqueles que, estranhos a família, desejem entrar ali.
Um
nobre morando num palácio não autoriza e nem faculta a entrada do homem comum
em suas dependências, pois o lugar está reservado e fechado para uso exclusivo
de pessoas de distinta consideração do seu dono.
Quando
Davi olha para Deus e o contempla como o Senhor da terra, aquele que a formou (Sl
24.1), o que implica em reconhecer seu poder, glória e também santidade a pergunta
que lhe acode o coração é: quem subirá ao
monte do Senhor, ou quem estará no seu santo lugar (v.3)?
Tendo
em vista a importância dAquele que habita o monte santo Davi vai apresentar os
requisitos que o homem tem que satisfazer para ter direito de chegar-se ali a encontrar-se
com o Criador.
Ao
se referir ao monte do Senhor e ao lugar santo, o salmista tem em mente aquele lugar
na terra que Deus elegeu para ser sua morada entre os homens ao tempo do Velho
Testamento.
E
porque este lugar teve a distinção de ser a habitação de Deus, o acesso ali não
poderia ser feito por qualquer pessoa seguindo a máxima de que no lugar onde se
mora o nobre, o famoso o homem comum não tem liberdade para ir e vir a não ser
cumprindo os requisitos exigidos para tanto.
Assim,
o salmista começa a perguntar-se sobre as exigências que Deus faria para aquele
que tivesse a intenção de visitá-Lo naquele lugar. E tendo em vista o habitante
do lugar, a saber, Deus mesmo, o escritor começa a indicar os requisitos a serem satisfeitos pelo homem para subir ao monte.
Partindo do princípio que é santo o morador do monte, as exigências feitas aqueles que pretendessem subir ali seriam também santas. O visitante deveria apresentar características que indicassem para uma vida correta, um viver justo sem o que não teria direito achegar-se ao monte, menos ainda de subir ali.
Partindo do princípio que é santo o morador do monte, as exigências feitas aqueles que pretendessem subir ali seriam também santas. O visitante deveria apresentar características que indicassem para uma vida correta, um viver justo sem o que não teria direito achegar-se ao monte, menos ainda de subir ali.
Desta
forma, o salmista começa a dizer que o interessado em subir e estar no lugar
santo junto de Deus deveria preencher os seguintes requisitos: primeiro, ter mãos limpas, o que aponta para atitudes
que não comprometessem sua moral; segundo, que
seu coração fosse puro, de modo que sua vontade mais íntima não se
apresentasse de qualquer forma contrária a santidade de Deus; terceiro, que sua
alma não fosse entregue a vaidade, o
que quer dizer que seus sentimentos não deveriam se direcionar para uma vida fútil;
quarto, que não tivesse uma língua que
jurasse dolosamente, pelo contrário, fosse de falar sempre sim,
sim e não, não, e que num e noutro momento não denegrisse ninguém.
Estes
requisitos não deveriam ser casuais, isto é, presentes na pessoa somente de vez em
quando, muito menos somente no dia de subir ao monte, e também não seria
admissível que três deles fossem satisfeitos e um não, ou 2 fossem cumpridos e 2 descumpridos. O que se nota do salmo é
que os quatro requisitos deveriam estar presentes na vida da pessoa por todo
o tempo.
Quem
preenchesse tais requisitos estaria autorizado por Deus a subir o monte e estar
junto dele no lugar santo, porque trataria de uma pessoa íntegra.
Mas
a pergunta que se faz é: Existiu
alguém ao tempo do salmista que preencheu todos esses requisitos para ter direito de subir ao monte santo? Ou,
modernamente falando, existe alguém que preenche todos estes requisitos todo o tempo
para ter o direito de estar no lugar santo?
A
resposta à luz da Escritura é não. Ou seja, nenhum homem descendente de Adão
preencheu ou preenche essas exigências para estar junto de Deus.
Desta
forma, o que se pode dizer é que mesmo Deus abrindo as portas de sua casa para
recepcionar o homem na terra, nenhum deles pode adentrar aos seus aposentos
santos, passando os portais de justiça, porque ninguém tem dignidade suficiente para morar em ambiente tão puro, e isto em razão de sua pecaminosidade.
Todo
pecador é um homem de mãos sujas, de coração impuro, de alma dada à vaidade e de língua cheia
de dolo, e como tal desqualificado para estar na casa de Deus.
No
entanto, quando Jesus Cristo vem ao mundo sua proposta salvadora é feita no sentido
de qualificar o homem para “subir” ao monte e estar no “lugar santo” junto de
Deus e para sempre.
E
para dar ao pecador este direito Jesus Cristo morre na cruz, derrama seu sangue
para “purificar de todo o pecado” aqueles que por Deus foram chamados e
convidados a morarem em Sua casa, dando-lhes acesso ali.
Lembra-se da parábola do filho pródigo? Quando o rapaz volta para casa sujo, imundo e impuro o pai o recebe mas manda dar-lhe banho e trocar as roupas porque a casa limpa do pai não comporta um filho sujo.
Lembra-se da parábola do filho pródigo? Quando o rapaz volta para casa sujo, imundo e impuro o pai o recebe mas manda dar-lhe banho e trocar as roupas porque a casa limpa do pai não comporta um filho sujo.
Isto
nos ajuda a pensar na figura do monte relatada por Davi, que sendo santo porque
Deus estava ali o lugar não comportava a presença do imundo.
Assim,
se você pode estar com Deus e habitar com Deus, isto acontece não porque você
em si mesmo tem mãos limpas, coração puro, alma não entregue a vaidade e língua
não maldizente, porque você mesmo sabe que não tem.
Aliás,
biblicamente falando você é considerado ímpio, impuro e homem de lábios e de
coração enganoso e nesta condição impedido de ter acesso ao monte santo.
E
se você não se ve como impuro sua situação é ainda pior, pois neste caso seus
olhos são tão impuros que eles não conseguem ver impureza em você mesmo, o que
diante da justiça de Deus é algo terrível.
Mas
o fato de você não ver impureza em você não significa que você esteja limpo,
menos ainda que Deus não a veja.
No
entanto, ao crer em Jesus, ao recebê-lo como Salvador e confessá-Lo como Senhor
você foi feito uma nova criatura, uma
criação diferente daquela que você sempre foi, tornando-se filho de Deus, e como tal puro
e santo aos olhos do Senhor. E porque você recebeu esta nova condição de
vida pela fé em Cristo você, aí sim, está autorizado a entrar na casa de Deus e a habitar
ali para sempre, como escreveu o salmista: e
habitarei na casa do Senhor para todo o sempre (Sl 23.6).
Se
a mesma pergunta do salmista fosse feita nestes dias: quem habitará na casa do Senhor? tendo em conta a santidade de Deus,
olhando para si mesmo e vendo sua impureza pessoal você teria que responder: “eu
não posso porque não sou um homem de mãos limpas, nem de coração puro, menos
ainda de alma não entregue a vaidade, quiçá de língua não maldizente.”
Mas,
tendo em conta o que a graça de Jesus Cristo fez em seu favor quando te
regenerou, você pode responder com alegria e coração quebrantado de outra forma: “sim Senhor,
eu posso morar porque Tu mesmo me tens chamado e purificado.”
Que glorioso foi o dia em que você foi lavado por Deus como está na Escritura: mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus (1 Co 6.11).
Que glorioso foi o dia em que você foi lavado por Deus como está na Escritura: mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus (1 Co 6.11).
Assim,
Deus não só abriu as portas de Sua casa na terra como enviou Jesus Cristo para
qualificar você para entrar ali e é por causa de Cristo e de Sua obra que você
pode se considerar um morador eterno do tabernáculo santo.
Lutero
de Paiva Pereira
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