segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

QUEM HABITARÁ NO SANTO LUGAR?


No sentido natural é certo afirmar que quanto melhor a casa, mais requintada a habitação e nobre o seu morador, maiores são as restrições e exigências feitas em desfavor daqueles que, estranhos a família, desejem entrar ali.
Um nobre morando num palácio não autoriza e nem faculta a entrada do homem comum em suas dependências, pois o lugar está reservado e fechado para uso exclusivo de pessoas de distinta consideração do seu dono.
Quando Davi olha para Deus e o contempla como o Senhor da terra, aquele que a formou (Sl 24.1), o que implica em reconhecer seu poder, glória e também santidade a pergunta que lhe acode o coração é: quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no seu santo lugar (v.3)?
Tendo em vista a importância dAquele que habita o monte santo Davi vai apresentar os requisitos que o homem tem que satisfazer para ter direito de chegar-se ali a encontrar-se com o Criador.
Ao se referir ao monte do Senhor e ao lugar santo, o salmista tem em mente aquele lugar na terra que Deus elegeu para ser sua morada entre os homens ao tempo do Velho Testamento.
E porque este lugar teve a distinção de ser a habitação de Deus, o acesso ali não poderia ser feito por qualquer pessoa seguindo a máxima de que no lugar onde se mora o nobre, o famoso o homem comum não tem liberdade para ir e vir a não ser cumprindo os requisitos exigidos para tanto.
Assim, o salmista começa a perguntar-se sobre as exigências que Deus faria para aquele que tivesse a intenção de visitá-Lo naquele lugar. E tendo em vista o habitante do lugar, a saber, Deus mesmo, o escritor começa a indicar os requisitos a serem satisfeitos pelo homem para subir ao monte.
Partindo do princípio que é santo o morador do monte, as exigências feitas aqueles que pretendessem subir ali seriam também santas. O visitante deveria apresentar características que indicassem para uma vida correta, um viver justo sem o que não teria direito  achegar-se ao monte, menos ainda de subir ali.
Desta forma, o salmista começa a dizer que o interessado em subir e estar no lugar santo junto de Deus deveria preencher os seguintes requisitos: primeiro, ter mãos limpas, o que aponta para atitudes que não comprometessem sua moral; segundo, que seu coração fosse puro, de modo que sua vontade mais íntima não se apresentasse de qualquer forma contrária a santidade de Deus; terceiro, que sua alma não fosse entregue a vaidade, o que quer dizer que seus sentimentos não deveriam se direcionar para uma vida fútil; quarto, que não tivesse uma língua que jurasse dolosamente, pelo contrário, fosse de falar  sempre sim, sim e não, não, e que num e noutro momento não denegrisse ninguém.
Estes requisitos não deveriam ser casuais, isto é, presentes na pessoa somente de vez em quando, muito menos somente no dia de subir ao monte, e também não seria admissível que três deles fossem satisfeitos e um não, ou 2 fossem cumpridos e 2 descumpridos. O que se nota do salmo é que os quatro requisitos deveriam estar presentes na vida da pessoa por todo o tempo.
Quem preenchesse tais requisitos estaria autorizado por Deus a subir o monte e estar junto dele no lugar santo, porque trataria de uma pessoa íntegra.
Mas a pergunta que se faz é: Existiu alguém ao tempo do salmista que preencheu todos esses  requisitos para ter direito de subir ao monte santo? Ou, modernamente falando, existe alguém que preenche todos estes requisitos todo o tempo para ter o direito de estar no lugar santo?
A resposta à luz da Escritura é não. Ou seja, nenhum homem descendente de Adão preencheu ou preenche essas exigências para estar junto de Deus.
Desta forma, o que se pode dizer é que mesmo Deus abrindo as portas de sua casa para recepcionar o homem na terra, nenhum deles pode adentrar aos  seus aposentos santos, passando os portais de justiça, porque ninguém  tem dignidade suficiente para morar em ambiente tão puro, e isto em razão de sua pecaminosidade.
Todo pecador é um homem de mãos sujas, de coração  impuro, de alma dada à vaidade e de língua cheia de dolo, e como tal desqualificado para estar na casa de Deus.
No entanto, quando Jesus Cristo vem ao mundo sua proposta salvadora é feita no sentido de qualificar o homem para “subir” ao monte e estar no “lugar santo” junto de Deus e para sempre.
E para dar ao pecador este direito Jesus Cristo morre na cruz, derrama seu sangue para “purificar de todo o pecado” aqueles que por Deus foram chamados e convidados a morarem em Sua casa, dando-lhes acesso ali.
Lembra-se da parábola do filho pródigo?  Quando o rapaz volta para casa sujo, imundo e impuro o pai o recebe mas manda dar-lhe banho e trocar as roupas porque a casa limpa do pai não comporta um filho sujo.
Isto nos ajuda a pensar na figura do monte relatada por Davi, que sendo santo porque Deus estava ali o lugar não comportava a presença do imundo.
Assim, se você pode estar com Deus e habitar com Deus, isto acontece não porque você em si mesmo tem mãos limpas, coração puro, alma não entregue a vaidade e língua não maldizente, porque você mesmo sabe que não tem.
Aliás, biblicamente falando você é considerado ímpio, impuro e homem de lábios e de coração enganoso e nesta condição impedido de ter acesso ao monte santo.
E se você não se ve como impuro  sua situação é ainda pior, pois neste caso seus olhos são tão impuros que eles não conseguem ver impureza em você mesmo, o que diante da justiça de Deus é algo terrível.
Mas o fato de você não ver impureza em você não significa que você esteja limpo, menos ainda que Deus não a veja.
No entanto, ao crer em Jesus, ao recebê-lo como Salvador e confessá-Lo como Senhor você foi feito uma nova criatura, uma criação diferente daquela que você sempre foi, tornando-se filho de Deus, e como tal puro e santo aos olhos do Senhor. E porque você recebeu esta nova condição de vida pela fé em Cristo você, aí sim, está autorizado a entrar na casa de Deus e a habitar ali para sempre, como escreveu o salmista: e habitarei na casa do Senhor para todo o sempre (Sl 23.6).
Se a mesma pergunta do salmista fosse feita nestes dias: quem habitará na casa do Senhor? tendo em conta a santidade de Deus, olhando para si mesmo e vendo sua impureza pessoal você teria que responder: “eu não posso porque não sou um homem de mãos limpas, nem de coração puro, menos ainda de alma não entregue a vaidade, quiçá de língua não maldizente.”
Mas, tendo em conta o que a graça de Jesus Cristo fez em seu favor quando te regenerou, você pode responder com alegria e coração quebrantado de outra forma: “sim Senhor, eu posso morar porque Tu mesmo me tens chamado e purificado.”
Que glorioso foi o dia em que você foi lavado por Deus como está na Escritura:
mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus (1 Co 6.11).

Assim, Deus não só abriu as portas de Sua casa na terra como enviou Jesus Cristo para qualificar você para entrar  ali e é por causa de Cristo e de Sua obra que você pode se considerar um morador eterno do tabernáculo santo.
Lutero de Paiva Pereira

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