Saber em quem se crê, para fins de vida
eterna, é tão ou mais importante do que o próprio ato de crer. Afinal, o que
salva o homem não é a fé propriamente dita, mas sim Aquele em quem a fé é
depositada.
A Bíblia indica, de forma clara e objetiva, a pessoa em quem o
pecador precisa crer para ter direito a vida eterna com Deus, e é exatamente essa
pessoa bendita que o homem precisa conhecer para nEle depositar fé.
Colocar a fé na pessoa certa requer
conhecê-La suficientemente bem, pois crer num desconhecido é o mesmo que crer
em ninguém.
Em nossas relações humanas, notadamente
quando nossa saúde e nosso patrimônio estão em jogo, queremos saber algo a
respeito do profissional que cuidará de nós e de nossos bens, pois de forma
alguma gostaríamos de entregar-nos ou as nossas coisas a quem não se encontrasse habilitado o bastante para garantir
um mínimo de segurança naquilo que irá fazer em nosso proveito.
Por isto mesmo é que procuramos
informações a respeito do médico e do advogado aos quais vamos confiar a solução
de nossos problemas, para que esperemos confiadamente no resultado almejado.
Procedemos essa verificação porque o simples fato de acreditar em alguém não torna essa
pessoa qualificada para nos atender bem. O contrário é que é verdadeiro, ou
seja, precisamos descobrir a pessoa qualificada para aí sim confiarmos a ela nossos bens e nossa saúde. Isto quer dizer que nos campos da saúde e do patrimônio é o profissional quem
garante a fé e não a fé quem garante o profissional.
Como não desejamos em hipótese alguma correr
risco em relação a saúde e ao patrimônio, pois qualquer serviço mal prestado num
e noutro caso poderá comprometer nosso futuro, é que
diligenciamos o quanto possível para escolher o melhor médico e o advogado mais
qualificado.
Quando a questão diz respeito ao nosso
futuro eterno, algo muito mais sério e de maior implicação do que somente cuidar
de nossa saúde e de nosso patrimônio temporários, com maior razão devemos
conhecer Aquele em quem vamos crer, para a partir daí entregar-lhe o cuidado de nosso
destino último.
A fé cristã, que trata de nosso destino
eterno, não é e nem deve ser depositada em qualquer pessoa, menos ainda em
pessoa que não se conhece, pois se o fizermos corremos risco de morte.
É preciso conhecer Aquele que poderá dar-nos descanso no sentido de que tem poder para garantir nossa eternidade com Deus.
É preciso conhecer Aquele que poderá dar-nos descanso no sentido de que tem poder para garantir nossa eternidade com Deus.
Por isto é que o conhecimento de Cristo
é essencial à fé porque ninguém pode crer em alguém desconhecido, e Cristo é o
único que pode comunicar segurança em termos de vida eterna ao homem.
É através da Escritura Sagrada, livro
inspirado por Deus, que a pessoa e a obra de Cristo são apresentados aos homens
para que possam conhecê-Lo e nEle crer, de forma a terem segurança inabalável quanto ao seu futuro eterno.
O descanso
é um dos resultados da fé que foi posta na pessoa certa, pois aquele que
crê na pessoa errada, ou seja, em quem não pode assegurar o futuro que se espera,
tal crença não gera descanso mas incertezas e dúvidas que não tornam atraente o
futuro que se aproxima.
Somente a pessoa que conhece a Cristo e
a Sua obra e nEle deposita sua fé, é que pode sonhar com um futuro melhor e com a certeza
de que tudo irá acontecer conforme Ele promete.
O descanso que vem do fato de saber que
Jesus Cristo é poderoso o bastante para cuidar e guardar nosso tesouro até o
dia final, comunica bem-estar a alma e afasta insegurança em termos de futuro.
No processo de se conhecer a Cristo é
preciso que fiquemos atentos a uma questão muito séria, embora nem sempre perceptível
ao coração, a saber, que conhecer a Jesus pelo nome não é garantia suficiente
para dizer que se conhece Sua pessoa.
Até mesmo em sentido natural é possível
se conhecer uma pessoa pelo nome sem que isto seja garantia de ter conhecimento da pessoa propriamente dita.
Se fosse feito uma pesquisa é provável
que se chegaria à conclusão de que todos ou a maioria dos brasileiros ou mesmo grande
parcela da humanidade, atestaria conhecer a Jesus, pois de alguma forma já
ouviram falar do seu nome, o qual vem sendo proclamado há séculos por todos os
quadrantes da terra.
No entanto, essas pessoas que dizem
conhecer a Jesus porque já ouviram falar dEle podem não dizer como Paulo disse: eu sei em quem tenho crido simplesmente
porque elas podem ter conhecido Jesus pelo nome mas não conheceram sua pessoa e
Sua obra por experiencia pessoal.
Esse fenômeno de se conhecer o nome e
ignorar ou desconhecer a pessoa a quem o nome indica pode ser visto de outra
forma.
Pelo menos no nosso tempo milhões de pessoas podem dizer que conhecem o presidente dos Estados
Unidos, pois a veiculação de seu nome pela mídia é comum e bem frequente. Até
mesmo o fato de ver sua imagem pela televisão transmite a sensação de
conhecê-lo.
No entanto, mesmo entre essas pessoas que alegam conhecer o presidente
americano, o número daqueles que o conhecem pessoalmente é muito reduzido.
Conhecer o presidente Obama por ter
ouvido falar de seu nome ou tê-lo visto na televisão é bem diferente de
conhecê-lo por ter tido contato pessoal com ele.
Desse modo, o mesmo público que alega
conhecer o presidente da maior potência mundial deve ao mesmo tempo afirmar que o
desconhece totalmente, e isto porque não teve nenhum contato pessoal com ele.
Para conhecermos a pessoa de Jesus o
passo inicial é conhecer seu nome, mas conhecer Seu nome não é indicativo
bastante de conhecer Sua pessoa.
Para conhecer a pessoa de Cristo é
preciso dar um passo adiante no contato com Ele via Escritura Sagrada.
Quem se permite ir além do nome para
conhecer a própria pessoa de Jesus Cristo, o que biblicamente é possível,
verá que conhecer Sua pessoa tem muito mais significado e satisfação do
que simplesmente conhecer Seu nome.
Ademais, o relacionamento ou a comunhão que o
crente pode ter é com a pessoa de Cristo e não com o nome de Cristo, de modo
que é preciso que seu conhecimento de Sua pessoa prossiga cada dia mais.
O apóstolo Paulo ao escrever sua carta
a Timóteo demonstra que seu conhecimento da pessoa de Cristo era real e estava
muito além do só conhecimento do Seu nome. E porque conhecia a pessoa de Cristo
ele podia dizer a todos e com toda a convicção de sua alma: eu
sei em quem eu tenho crido (2
Tm 1.12).
Podia dizer eu sei em quem tenho crido porque conhecia Aquele em quem cria, pois
desde sua conversão o apóstolo teve como estilo de vida prosseguir no
conhecimento do seu Salvador e Senhor.
E conhecendo Aquele em quem depositava
sua fé Paulo dizia com toda a certeza que a fé lhe permitia fazer: Ele é poderoso para guardar o meu tesouro até o dia final (2 Tm 1.12).
Paulo sabia que Cristo era poderoso porque não ignorava nem a
pessoa, menos ainda sua obra redentora, a qual foi mais que suficiente para lhe
trazer salvação e mantê-lo salvo para todo o sempre.
O crente que não conhece a pessoa e,
consequentemente, a obra de Cristo, mas somente seu nome, não tem um coração
ousado para dizer com segurança que Jesus é poderoso para
guardar seu tesouro para sempre, e vivendo sem estar convicção seu estilo de vida deixa sempre a desejar.
Observe que Paulo diz que Jesus
era poderoso para guardar seu tesouro, e não que ele ou sua fé era
poderosa para guardar seu tesouro.
Quando lemos a Escritura vemos que ela
estimula os crentes a desenvolverem sua fé aconselhando-os a conhecer a Cristo
e não simplesmente a conhecer Seu nome, razão pela qual Pedro escreve: crescei na graça e no conhecimento de Cristo (2 Pe 3.18).
Crescer no conhecimento de Cristo é, portanto, algo que pode ser levado
a efeito pelos crentes, porque se tal não fosse possível o apóstolo não teria
escrito da forma como escreveu incentivando os crentes a crescerem no conhecimento da pessoa de Cristo.
Os crentes precisam dar-se ao exame de
sua fé para verem se ela não está levando-os a proclamar conhecimento do nome
de Cristo, sem contudo lhes dar as condições necessárias para conhecer a pessoa de Cristo.
A verdadeira fé e, consequentemente, a
alegria da fé advém do conhecimento do autor da nossa fé em quem nossos olhos
devem estar fixados conforme escreveu o autor sagrado: olhando
firmemente para o Autor e consumador da fé, Jesus, (Hb 12.2).
Não podemos esquecer que o nome Jesus é
grande porque Sua pessoa é notável, pois se Sua pessoa não tivesse feito o que
fez, a saber, morrido e ressuscitado tornando-se Senhor de todos seu nome teria pouco ou nenhum valor .
O profeta Oséias também escreveu orientando
seus leitores a irem na direção do conhecimento pessoal de Deus: conheçamos e prossigamos em
conhecer ao Senhor (Os 6.3).
Para colocarmos maior dinamismo em
nossa vida espiritual é preciso fazer da Escritura Sagrada o meio adequado para
levar-nos ao conhecimento da pessoa de Jesus Cristo e não somente do seu nome
ou mesmo de Sua doutrina. Quem fizer esta viagem em direção ao conhecimento da
pessoa de Jesus Cristo certamente poderá um dia fazer suas as palavras de Jó: porque
eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra (Jó 19.25).
Que o crente não sossegue seu coração enquanto não pude conhecer a pessoa daquele cujo nome confessa crer.
Lutero de Paiva Pereira
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