segunda-feira, 1 de julho de 2013

EU SEI EM QUEM TENHO CRIDO


Saber em quem se crê, para fins de vida eterna, é tão ou mais importante do que o próprio ato de crer. Afinal, o que salva o homem não é a fé propriamente dita, mas sim Aquele em quem a fé é depositada.
A Bíblia indica, de forma clara e objetiva, a pessoa em quem o pecador precisa crer para ter direito a vida eterna com Deus, e é exatamente essa pessoa bendita que o homem precisa conhecer para nEle depositar  fé.
Colocar a fé na pessoa certa requer conhecê-La suficientemente bem, pois crer num desconhecido é o mesmo que crer em ninguém.
Em nossas relações humanas, notadamente quando nossa saúde e nosso patrimônio estão em jogo, queremos saber algo a respeito do profissional que cuidará de nós e de nossos bens, pois de forma alguma gostaríamos de entregar-nos ou as nossas coisas a quem não se encontrasse habilitado o bastante para garantir um mínimo de segurança naquilo que irá fazer em nosso proveito.
Por isto mesmo é que procuramos informações a respeito do médico e do advogado aos quais vamos confiar a solução de nossos problemas, para que esperemos confiadamente no resultado almejado. Procedemos essa verificação  porque o simples fato de acreditar em alguém não torna essa pessoa qualificada para nos atender bem. O contrário é que é verdadeiro, ou seja, precisamos descobrir a pessoa qualificada para aí sim confiarmos a ela nossos bens e nossa saúde. Isto quer dizer que nos campos da saúde e do patrimônio é o profissional quem garante a fé e não a fé quem garante o profissional.
Como não desejamos em hipótese alguma correr risco em relação a saúde e ao patrimônio, pois qualquer serviço mal prestado num e noutro caso poderá comprometer nosso futuro, é que diligenciamos o quanto possível para escolher o melhor médico e o advogado mais qualificado.
Quando a questão diz respeito ao nosso futuro eterno, algo muito mais sério e de maior implicação do que somente cuidar de nossa  saúde e de nosso patrimônio temporários, com maior razão devemos conhecer Aquele em quem vamos crer, para a partir daí entregar-lhe o cuidado de nosso destino último.
A fé cristã, que trata de nosso destino eterno, não é e nem deve ser depositada em qualquer pessoa, menos ainda em pessoa que não se conhece, pois se o fizermos corremos risco de morte. 
É  preciso conhecer Aquele que poderá dar-nos descanso no sentido de que tem poder para garantir nossa eternidade com Deus.
Por isto é que o conhecimento de Cristo é essencial à fé porque ninguém pode crer em alguém desconhecido, e Cristo é o único que pode comunicar segurança em termos de vida eterna ao homem.
É através da Escritura Sagrada, livro inspirado por Deus, que a pessoa e a obra de Cristo são apresentados aos homens para que  possam conhecê-Lo  e nEle crer, de forma a terem segurança inabalável quanto ao seu futuro eterno.
O descanso é um dos resultados da fé que foi posta na pessoa certa, pois aquele que crê na pessoa errada, ou seja, em quem não pode assegurar o futuro que se espera, tal crença não gera descanso mas incertezas e dúvidas que não tornam atraente o futuro que se aproxima.
Somente a pessoa que conhece a Cristo e a Sua obra e nEle deposita sua fé, é que pode sonhar com um futuro melhor e com a certeza de que tudo irá acontecer conforme Ele promete.
O descanso que vem do fato de saber que Jesus Cristo é poderoso o bastante para cuidar e guardar nosso tesouro até o dia final, comunica bem-estar a alma e afasta insegurança em termos de futuro.
No processo de se conhecer a Cristo é preciso que fiquemos atentos a uma questão muito séria, embora nem sempre perceptível ao coração, a saber, que conhecer a Jesus pelo nome não é garantia suficiente para dizer que se conhece Sua pessoa.
Até mesmo em sentido natural é possível se conhecer uma pessoa pelo nome sem que isto seja garantia de ter conhecimento da pessoa propriamente dita.
Se fosse feito uma pesquisa é provável que se chegaria à conclusão de que todos ou a maioria dos brasileiros ou mesmo grande parcela da humanidade, atestaria conhecer a Jesus, pois de alguma forma já ouviram falar do seu nome, o qual vem sendo proclamado há séculos por todos os quadrantes da terra.
No entanto, essas pessoas que dizem conhecer a Jesus porque já ouviram falar dEle podem não dizer como Paulo disse: eu sei em quem tenho crido simplesmente porque elas podem ter conhecido Jesus pelo nome mas não conheceram sua pessoa e Sua obra por experiencia pessoal.
Esse fenômeno de se conhecer o nome e ignorar ou desconhecer a pessoa a quem o nome indica pode ser visto de outra forma.
Pelo menos no nosso tempo milhões de pessoas podem dizer que conhecem o presidente dos Estados Unidos, pois a veiculação de seu nome pela mídia é comum e bem frequente. Até mesmo o fato de ver sua imagem pela televisão transmite a sensação de conhecê-lo.
No entanto, mesmo entre essas  pessoas que alegam conhecer o presidente americano, o número daqueles que o conhecem pessoalmente é muito reduzido. 
Conhecer o presidente Obama por ter ouvido falar de seu nome ou tê-lo visto na televisão é bem diferente de conhecê-lo por ter tido contato pessoal com ele.
Desse modo, o mesmo público que alega conhecer o presidente da maior potência mundial deve ao mesmo tempo afirmar que o desconhece totalmente, e isto porque não teve nenhum contato pessoal com ele.
Para conhecermos a pessoa de Jesus o passo inicial é conhecer seu nome, mas conhecer Seu nome não é indicativo bastante de conhecer Sua pessoa.
Para conhecer a pessoa de Cristo é preciso dar um passo adiante no contato com Ele via Escritura Sagrada.
Quem se permite ir além do nome para conhecer a própria pessoa de Jesus Cristo, o que biblicamente é possível,  verá que conhecer Sua pessoa tem muito mais significado e satisfação do que simplesmente conhecer Seu nome.
Ademais, o  relacionamento ou a comunhão que o crente pode ter é com a pessoa de Cristo e não com o nome de Cristo, de modo que é preciso que seu conhecimento de Sua pessoa prossiga cada dia mais.
O apóstolo Paulo ao escrever sua carta a Timóteo demonstra que seu conhecimento da pessoa de Cristo era real e estava muito além do só conhecimento do Seu nome. E porque conhecia a pessoa de Cristo ele podia dizer a todos e com toda a convicção de sua alma: eu sei em quem eu tenho crido (2 Tm 1.12).
Podia dizer eu sei em quem tenho crido porque conhecia Aquele em quem cria, pois desde sua conversão o apóstolo teve como estilo de vida prosseguir no conhecimento do seu Salvador e Senhor.
E conhecendo Aquele em quem depositava sua fé Paulo dizia com toda a certeza que a fé lhe permitia fazer: Ele é poderoso para guardar o meu tesouro até o dia final (2 Tm 1.12).
Paulo sabia que Cristo era poderoso porque não ignorava nem a pessoa, menos ainda sua obra redentora, a qual foi mais que suficiente para lhe trazer salvação e mantê-lo salvo para todo o sempre.
O crente que não conhece a pessoa e, consequentemente, a obra de Cristo, mas somente seu nome, não tem um coração ousado para dizer com segurança que Jesus é poderoso para guardar seu tesouro para sempre, e vivendo sem estar convicção seu estilo de vida deixa sempre a desejar.
Observe que Paulo diz que Jesus era poderoso para guardar seu tesouro, e não que ele ou sua fé era poderosa para guardar seu tesouro.
Quando lemos a Escritura vemos que ela estimula os crentes a desenvolverem sua fé aconselhando-os a conhecer a Cristo e não simplesmente a conhecer Seu nome, razão pela qual Pedro escreve: crescei na graça e no conhecimento de Cristo (2 Pe 3.18).
Crescer no conhecimento de Cristo é, portanto, algo que pode ser levado a efeito pelos crentes, porque se tal não fosse possível o apóstolo não teria escrito da forma como escreveu incentivando os crentes a crescerem no conhecimento da pessoa de Cristo.
Os crentes precisam dar-se ao exame de sua fé para verem se ela não está levando-os a proclamar conhecimento do nome de Cristo, sem contudo lhes dar as condições necessárias para conhecer a pessoa de Cristo.
A verdadeira fé e, consequentemente, a alegria da fé advém do conhecimento do autor da nossa fé em quem nossos olhos devem estar fixados conforme escreveu o autor sagrado: olhando firmemente para o Autor e consumador da fé, Jesus, (Hb 12.2).
Não podemos esquecer que o nome Jesus é grande porque Sua pessoa é notável, pois se Sua pessoa não tivesse feito o que fez, a saber, morrido e ressuscitado tornando-se Senhor de todos seu nome teria pouco ou nenhum valor .
O profeta Oséias também escreveu orientando seus leitores a irem na direção do conhecimento pessoal de Deus: conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor (Os 6.3).
Para colocarmos maior dinamismo em nossa vida espiritual é preciso fazer da Escritura Sagrada o meio adequado para levar-nos ao conhecimento da pessoa de Jesus Cristo e não somente do seu nome ou mesmo de Sua doutrina. Quem fizer esta viagem em direção ao conhecimento da pessoa de Jesus Cristo certamente poderá um dia fazer suas as palavras de Jó: porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra (Jó 19.25).
Que o crente não sossegue seu coração enquanto não pude conhecer a pessoa daquele cujo nome confessa crer.

Lutero de Paiva Pereira

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