sábado, 20 de julho de 2013

DIMINUA SEU SOFRIMENTO

O sofrimento é uma marca registrada da existência humana, de modo que todos sofrem em tempo, modo e intensidade diferentes. Embora seja universal a dor é, no entanto, algo pessoal no sentido de que cada um reage de uma maneira a sua agressão. Não há como padronizar o sofrimento exigindo reação idêntica das pessoas frente ao mesmo trauma. Outrossim, é certo que existem sofrimentos que levam qualquer um ao desespero total , e a palavra desespero significa exatamente a perda da esperança.
Quando o desespero toma conta do homem a força para reagir ao sofrimento é infinitamente menor, comparativamente a pressão que ele exerce, o que agrava o quadro e o torna tantas vezes perigoso. O apóstolo Paulo disse que num certo tempo na Ásia ele passou por uma carga tão elevada de sofrimento que isto o levou a desesperar da própria vida (2Co 1.8), pois a a tribulação que o atacou estava acima de suas próprias forças. Noutras palavras, o Paulo estava dizendo que ele esteve dentro do desespero.
Que fique claro que desesperar-se em situações desta natureza não significa perda da fé, de modo que o crente pode ficar à vontade para passar pelo vale do desespero sem culpa, já que muitos cristãos sofrem não só com a dor física ou com dor da alma, mas também com a dor de não poder falar que está em desespero total porque falar assim significa dizer que não tem fé, coisa que não tem base bíblica para ser afirmada desta forma.
Dizer Deus meu, porque me desamparastes, como Jesus o fez, falando sem medo, pode fazer bem a quem sofre, inclusive aqueles que foram amordaçados por uma teologia que os enclausurou num silêncio sepulcral durante anos.
Este silêncio era da boca para fora, pois da boca para dentro a alma sempre gritou de desespero. O sofrimento que pode estar acima das próprias forças atinge o corpo e a alma, e não poucas vezes ambos ao mesmo tempo.
 A dor decorrente de um órgão que não funciona corretamente ou de outro que foi atingido por uma doença de cura difícil, ou mesmo a dor resultante de uma depressão aguda, quando a mente é bombardeada por pensamentos de suicídio, de agressividade, etc., traz sofrimento que balança as estruturas emocionais e espirituais de quem quer que seja, e se torna responsável pele desespero de muitos.
O sofrimento se torna maior quando experimentado com desespero, pois sofrer com esperança pode tornar a dor mais suportável mesmo quando ela causa o incômodo que próprio de sua natureza.
Para os sofrimento que não podem ser combatidos eficazmente com remédios, ou mesmo para aqueles que podem ser enfrentados com medicamentos mas sem uma eficiência total, uma alternativa que resta para enfrentá-lo um pouco melhor é buscar na Escritura Sagrada algo que traga alívio ao coração e, então, forças para seguir em frente.
Biblicamente falando a diminuição do sofrimento pode ser alcançada quando os olhos são postos um pouco mais a frente, para enxergar a vida sem sofrimento que espera por aqueles que confessaram a Jesus Cristo como Senhor. Escrevendo aos romanos o apóstolo afirma: os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós (Rm 8.18).
Primeiramente o texto admite o sofrimento como uma realidade próxima de todos nós, já que se trata do sofrimento do tempo presente. Mas, por outro lado, o texto não projeta o sofrimento presente para o futuro, visto que no futuro não mais existirá o sofrimento que é próprio do tempo atual. Passamos por um presente mal, é fato, mas esperamos por um futuro glorioso, o que é verdadeiro. Quando Cristo voltar, e isto pode acontecer nesta semana, neste mês, neste semestre, no próximo ano ou em tempo mais adiante, não importa, mas Ele voltará, naquele tempo nosso corpo mortal será transformado para ser igual ao corpo de glória de Jesus Cristo (Fp 3.8), e isto para vivermos eternamente na nova terra provando da plena redenção.
Ao falar desse futuro espetacular reservado aos crentes em Cristo João escreve dizendo que no tempo eterno já não mais existirão luto, pranto e dor, visto que as primeiras coisas já passaram (Ap 21.4).
Portanto, uma maneira de diminuir o sofrimento presente é aprendendo a olhar e a esperar pelo tempo em que o sofrimento não mais existirá, pois a fé colocada num futuro de glória comunica ao coração uma força que ajuda o remédio ingerido hoje, seja aquele tomado para combater um mal no corpo, seja o ingerido para afastar uma dor da alma. Na esperança é que fomos salvos (Rm.24) e é nesta esperança que devemos viver, pois os sofrimentos do tempo presente não são comparados com a glória  a ser revelada em nós.

Lutero de Paiva Pereira

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