sexta-feira, 30 de março de 2012

PAULO, PEDRO, JÓ ... BONS PASTORES



O cristão, diferentemente de todas as outras pessoas que se dão a algum outro tipo de confissão religiosa, é único no sentido de ter o privilégio de poder conhecer aquele no qual processa sua fé.
Ninguém mais a não ser o crente em Jesus Cristo pode conhecer Aquele que é objeto de sua fé, e isto porque morreu, ressuscitou e vive para sempre.
Contudo, embora o conhecimento de Cristo seja uma possibilidade acessível ao crente, é fato que nem sempre isto se torna uma realidade para os que creem, pois muitos deles não têm ânimo ou não são estimulados a tanto em face das pregações que ouvem.
Quando muito, os crentes gostam de conhecer a Bíblia mas não pensam naquele de quem a Bíblia trata, e isto torna seu conhecimento de Cristo pobre.
Em razão disto, a vida espiritual de tais pessoas não passa do cumprimento de rituais religiosos, os quais são satisfeitos para aplacar o medo que tem de Deus e não para intensificar sua comunhão com Ele.
No salmo 23, ao descrever a relação entre a ovelha e o pastor, o salmista diz que a ovelha não tem falta de coisa alguma porque seu pastor a conduz a pastos verdejantes, a águas tranquilas, etc., coisas mais que necessárias para tenha uma vida tranquila.
Tomando tal figura emprestada, os crentes deveriam se permitir ser pastoreados por Paulo, Pedro, Jó de modo a serem conduzidos àquilo que verdadeiramente necessitam, isto é, conhecer a Cristo.
Jesus Cristo, o Filho de Deus, veio ao mundo, morreu, ressuscitou, foi assunto aos céus e vive a direita de Deus com possibilidade de ser conhecido por meio da Palavra e por intermédio do ministério do Espírito Santo por todos que isto desejam, o que encerrar o propósito da salvação. Afinal, o salvo que não conhece seu Salvador não progrediu nada na salvação.
A vinda do Espírito Santo ao mundo teve como um de seus pontos principais não só levar as pessoas ao conhecimento de Cristo para serem salvas, o que é o início de tudo, como também para levá-las a conhecer a Cristo melhor depois da conversão.
Quando o crente para no primeiro momento e resiste em ir ao segundo estágio da salvação, sua perda é de graves consequências.
Se o crente conheceu a Cristo quando nasceu de novo, mas não O conheceu mais a partir de então, é bem possível que a alegria da salvação já tenha ido embora, pois para o coração se manter alegre com Cristo é preciso que continue a conhecer a Cristo mais e mais.
O conhecer a Cristo é, portanto, essencial e fundamental à fé, pois crer em quem não se conhece, ou se conhece somente por meio de informação de terceiros, deixa a alma carente de algo melhor.
No livro de Jó observamos que o grande final de sua experiência de sofrimento não foi o fato de que ele teve seu patrimônio multiplicado várias vezes por Deus, como muitos crentes materialistas enxergam. Pelo contrário, o ápice de sua experiência foi que ela lhe proporcionou a oportunidade de conhecer a Deus diretamente, pessoalmente, já que antes disto ele diz que O conhecia somente por ouvir falar dEle.
Eis sua confissão: Com os ouvidos eu ouvira falar de ti; mas agora te vêem os meus olhos (Jó 4.25).
Outra tradução: antes eu te conhecia só de ouvir falar, mas agora meus olhos de veem.
Conhecer a Deus por dedução, por suposição ou com base em meras informações não é suficiente para a fé, já que para a fé ser sadia e ter consistência é preciso que aquele que crê conheça aquele em quem crê.
Na questão de conhecer a Cristo o apóstolo Paulo foi enfático: porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele dia (2 Tm 1.12).
 Paulo não somente escreveu sobre Cristo e proclamou a Cristo a outros, como foi um dedicado conhecedor de Cristo.
E tanto o apóstolo O conheceu bem e se maravilhou-se em conhecê-Lo, que suas epístolas estão recheadas de detalhes riquíssimos a respeito de Cristo e de sua obra, de modo que por intermédio delas outros podem chegar ao mesmo nível de conhecimento do Senhor.
Saber em quem se crê é mais importante do que o próprio ato de crer, já que ignorar o objeto da fé é o mesmo que não ter fé nenhuma.
E ao dizer que conhecia Aquele em quem cria, o apóstolo afirma que estava tranquilo e seguro pois ele era poderoso para guardar o seu depósito até aquele dia.
Ao conhecer a Cristo o apóstolo ficou sabendo também a respeito do poder de Cristo para lhe dar segurança plena até o dia final, de modo que nenhuma angústia em termos de futuro lhe incomodava mais.
O que dava segurança a Paulo em termos do que estava por vir não era sua fé mas sim, aquele em quem sua fé estava depositava.
Com efeito, conhecer a Cristo é toda a dinâmica da vida cristã e, de alguma forma, a essência da própria vida eterna, pois Jesus mesmo informou que a vida eterna consiste em conhecer a Deus e a seu Filho: E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, como o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que tu enviaste (Jo 17. 3).
No mesmo sentido do apóstolo Paulo, Pedro convida aqueles que já conheceram a Cristo, por terem sido salvos por Ele, a prosseguirem no Seu conhecimento ainda mais, pois o conhecer inicial de Jesus como Salvador não esgota em si mesmo a beleza de conhecê-Lo como Senhor: antes crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como até o dia da eternidade ( 2 Pe 3.18).
A despeito das cartas de Paulo e dos demais escritores sagrados terem por objetivo apresentar aos seus leitores a pessoa de Cristo, e isto para que eles possam conhecê-Lo de modo que intensa e consistentemente possam falar dEle para conhecimento de outros, o uso que os crentes normalmente fazem das Escrituras não tem este escopo.
Com efeito, se a Bíblia é lida somente como projeto de leitura anual; para conhecer doutrinas; para "adquirir" poder para fazer milagres; para saber sobre a atuação de demônios etc, e não para conhecer a Cristo, a vida do crente indicará este desvio de finalidade no uso da Palavra.
Retire o conhecimento de Cristo como alvo do coração e a fé murchará como uma fruta deixada numa gaveta, comprometendo o amor do crente para com Deus e seu reino.
Deste modo, deixe-se  pastorear por Paulo e sua convicção, por Pedro e sua dinâmica e por Jó e sua experiência, de modo a ganhar um estilo de vida à altura do evangelho, sendo estimulado a ir adiante no processo de conhecer a Cristo.
Afinal, o melhor da salvação reside no fato de conhecer o Salvador.
No Antigo Testamento o profeta aspirava: Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como a chuva serôdia que rega a terra (Os 6.3).
Aspiremos assim.
Lutero de Paiva Pereira

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