Nesta nossa época é incrível observar
como a velocidade dos acontecimentos envelhece rapidamente as coisas novas e aquilo
que foi novidade ontem amanhã já é considerado antigo, dinamismo do tempo
moderno ou pós-moderno visto no mundo material e no espiritual, no ambiente das
coisas e no da religião, e em qualquer deles cobrando um preço muito alto dos
que desejam ter satisfeitos seus desejos.
Diante deste quadro a pergunta
que se faz é se a igreja, uma instituição antiqüíssima, deve se atualizar para
continuar a ocupar seu espaço e responder à altura a fome de alma dos famintos
e a resposta é que em termos de missão e do seu conteúdo a igreja não necessita
de nenhum upgrade para justificar sua
existência e atuação na sociedade e na cultura onde as pessoas, na linguagem
bíblica, procuram pão que não alimenta e água que não sacia a sede.
Com efeito, a igreja que deixa a Escritura e
vive se atualizando, por mais paradoxal que possa parecer, tende a morrer, pois
o que dá vida a sua existência não é o novo, mas sim o eterno o qual não sofre influência
do tempo, é sempre atual e não envelhece nunca.
Trabalhando com a verdade, um “produto”
único, insubstituível, necessário e imprescindível ao homem a igreja é sempre atual
em seu propósito devendo, isto sim, manter-se fiel ao seu Senhor para em tudo
corresponder ao seu chamado, fazendo coro com os apóstolos: mais importa obedecer a Deus do que aos
homens (At 5.29), pois como coluna
da verdade (I Tm 3.15), ela não se desatualiza e nem se reinventa a cada nova
época, pois a verdade transcende o tempo, as eras e as gerações.
A procura de coisas novas no
sentido espiritual ou religioso prova que o homem ainda não encontrou o que é eterno,
pois quem se abastece do eterno não necessita ir atrás do que é passageiro, de
modo que a igreja deve continuar a proclamar a verdade para que o pecador conheça,
enfim, o caminho da vida.
A verdade da qual a igreja é coluna tem as seguintes características: a) veio por meio de Jesus Cristo – a graça e a verdade vieram por meio
de Jesus Cristo (Jo 1.17); b) tem o poder de libertar - conhecereis a verdade e a verdade os libertará (Jo 8.32); c) produz santificação - santifica-os
na verdade, a tua palavra é a verdade (Jo 17.17); d) fundamenta
a adoração - Deus é espírito; importa que os seus
adoradores o adorem em espírito e em verdade (Jo 4.24); e) leva o
homem a Deus – eu sou o caminho, a verdade
e a vida, ninguém vem ao Pai senão por mim (Jo 14.6), o que demonstra que
tudo está na verdade, que todos são seus dependentes e que fora dela não há
vida, liberdade, menos ainda adoração ou possibilidade do homem encontrar-se
com Deus.
É esta verdade que não sofre
desgaste, que não envelhece nem perde sua importância e poder, que não se
conforma a nada enquanto tudo deve se conformar a ela, é que a igreja é “distribuidora”
autorizada junto aos perdidos, de modo que o melhor da igreja de uma época é não
se conformar com sua época, mas influenciá-la com sua mensagem, deixando-se
dirigir pelo Espírito da verdade (Jo
16.13), anunciando através da palavra da
verdade do evangelho (Cl 1.3) a salvação em Jesus Cristo para tirar o
pecador do desespero, do caos e da morte.
A verdade que valeu para o início e tem igual importância para o fim da
história, deve ser proclamada sempre e sem interrupção, ainda que muitos
prefiram entregar seus ouvidos a ouvir coisas novas, como era o caso dos “atenienses e estrangeiros residentes, de
nenhuma outra coisa se ocupavam, senão de dizer e ouvir alguma novidade (At
17.21)”.
Mas a igreja não foi chamada para
satisfazer tal nível de curiosidade dos homens, senão para cumprir a missão que
seu Senhor lhe deu de pregar a palavra a tempo
e fora de tempo ( II Tm 4.2), de modo que cabe-lhe mais obedecer quem a
institui do que propriamente quem dela intenta tirar proveito.
Uma igreja que tem uma mensagem
eterna ao invés de uma mensagem nova, uma palavra que liberta e não um discurso
que distrai, uma proclamação que leva o homem a Deus e não aquela que leva o
homem a nada, esta sim é uma coluna que
inspira confiança dos pecadores e dá glória a Deus.
A igreja deve olhar para sua atividade essencial no mundo e com
ela se comprometer ainda mais, sabendo que na qualidade de coluna da verdade não deve se preocupar com os apelos da
modernidade mas sim com o propósitos gloriosos de Cristo, e se assim o fizer
contará com a companhia indizível daquele que prometeu: eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século (Mt
28.20).
Lutero de Paiva Pereira
Cada vez que leio este artigo aprendo um pouco mais, então lerei muitas vezes. Deus o abençoe sempre com sabedoria.
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