Depois de haver concluído sua obra salvadora
e quando está na iminência de voltar para Deus, retornando ao seu lugar de
origem para desfrutar novamente da glória
que tinha com o Pai antes que o mundo existisse (Jo 17.5), considerando que
seus discípulos permaneceriam na terra, Jesus os adverte a não fazerem nada e a
não realizarem qualquer trabalho imediatamente após Sua partida, mas tão
somente ficar na cidade de Jerusalém aguardando o cumprimento da promessa de
Deus, da qual Jesus mesmo havia falado com eles várias vezes. Lucas registra suas
palavras: E, estando com eles,
determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a
promessa do Pai, que, disse ele, de mim ouvistes (At 1.4).A promessa consistia na vinda do
Espírito, de modo que quando ele chegasse os discípulos ficariam habilitados para
a obra de evangelização: Mas recebereis a
virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas,
tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra (At
1.8).O Espírito Santo habitando neles dinamizaria suas vidas com poder divino
para proclamarem e testemunharem sobre a pessoa e a obra de Cristo por onde
quer que fossem. Seguindo a orientação de ficar em Jerusalém os discípulos aguardaram
com grande expectativa a promessa.Quando chega o dia determinado o registro sagrado diz que eles estavam todos reunidos no mesmo lugar (At 2.1), quando veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu
toda a casa em que estavam assentados (At 2.2). A cena indica que línguas parecidas como de fogo (At 2.3) pousaram
sobre cada um deles e daí em diante todos
foram cheios do Espírito Santo, e
começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que
falassem (At 2.4).Naquele dia a cidade de Jerusalém estava cheia de gente, pois os judeus comemoravam
na ocasião a festa de pentecostes: E em
Jerusalém estavam habitando judeus, homens religiosos, de todas as nações que
estão debaixo do céu (At 2.5).Na linguagem dos dias de hoje se diria que Jerusalém estava repleta de turistas vindos de vários países.Uma vez cheios do Espírito Santo os discípulos começaram a evangelização
ali mesmo em Jerusalém, e os turistas que
estavam por lá ficaram espantados porque ouviam a mensagem em sua própria língua
nativa, embora quem estivesse falando eram homens galileus, ou seja, pessoas de
pouca ou de nenhuma cultura ou erudição.Assim está escrito o que o povo dizia a respeito daquilo tudo: não são galileus todos esses homens que
estão falando? Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que
somos (At 2.7-8), e os turistas
diziam que os discípulos lhes falavam das
grandezas de Deus (At 2.11).Como algumas pessoas começaram a criticar o movimento de evangelização que
tinha ali seu início dizendo que os discípulos estavam cheios de mosto (At 2.13), ou seja, embriagados, Pedro se levanta para
fazer a primeira pregação da era cristã. E como não poderia ser diferente sua
ênfase foi exaltar a Pessoa e a obra de Cristo, tratando de Sua morte e ressurreição
para concluir sobre Seu senhorio: Saiba
pois com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós
crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo (At 2.36).Assim que Pedro encerra sua exposição
as pessoas que ouviram tiveram seus corações compungidos ou sensibilizados por tais palavras e perguntaram aos
discípulos: Que faremos, varões irmãos?
(At 2.37). A resposta foi clara e objetiva: arrependei-vos,
e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados
e recebereis o dom do Espírito Santo (At 2.38).Isto quer dizer que tão logo se arrependessem e fossem batizados em nome
de Jesus para terem seus pecados perdoados eles também receberiam o dom do
Espírito Santo, isto é, o mesmo Espírito que os discípulos haviam recebido há poucas
horas atrás, o qual lhes deu poder ou capacidade de falar-lhes das grandezas de Deus.E Pedro explica que eles também
receberiam o Espírito Santo ao crerem em Jesus Cristo porque aos tais Deus
prometeu essa bênção: Porque a promessa
vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos
quantos Deus nosso Senhor chamar (AT 2.39).Ou seja, Deus prometeu enviar o Espírito Santo sobre todas as pessoas que Ele chamasse para Si, pois no original o verbo
chamar do verso 39 quer dizer chamar para
Si.Portanto, as pessoas que Deus chamar
para Si através de Jesus Cristo Ele mesmo concede o dom do Espírito Santo
para que elas possam viver por Sua força e direção, dando testemunho de Jesus Cristo para que outros também creiam para
perdão dos pecados e recebam do mesmo Espírito.Vemos assim uma bênção dupla ou
duplicada em favor das pessoas que têm
seus pecados perdoados por crerem em Jesus Cristo.A primeira benção consiste no fato de Deus
chamar as pessoas para Si mesmo, e
quem é assim chamado pertence a Ele e estará com Ele para sempre. O chamar para Si implica juntar-se
a Deus de forma inseparavelmente eterna do modo como o apóstolo Paulo declarou:
Porque estou certo de que, nem a morte,
nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o
presente, nem o porvir, Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra
criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso
Senhor (Rm 8.38-39).Quando Deus nos chama para Si nada
mais poderá nos separar do Seu amor.A segunda benção é que aqueles
aos quais Deus chama para Si a esses Deus
concede o dom do Espírito Santo para que possam viver por meio do Seu poder e
de Sua direção. E para receber o dom do Espírito a pessoa não precisa fazer
nenhum esforço ou cumprir este ou aquele ritual, visto que é promessa feita por
Deus em favor daqueles que têm seus pecados perdoados em Jesus Cristo.
Desta forma, a duplicada bênção, ou seja, o ser chamado por Deus e para Deus e ainda receber do Seu Santo Espírito, deve sempre agitar
o coração do crente para ter gratidão dobrada para com o Senhor.
Lutero Paiva Pereira
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