quinta-feira, 27 de outubro de 2011

VINDE A MIM


Religião consiste, em certo sentido, no esforço do homem para se tornar melhor e despertar a atenção de Deus para si.
Quando os fariseus e os escribas saíam para converter pessoas ao farisaísmo, uma religião muito exigente e severa, Jesus dizia que esta pratica tornava os seus adeptos filhos do inferno duas vezes mais do que eles próprios (Mt 23.15), demonstrando seu efeito negativo .
O desgaste que a religião provoca no seu praticante está presente nas próprias palavras de Cristo dirigidas aos seus adeptos: vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei (Mt 11.28).
São às pessoas cansadas e sobrecarregadas por que carregam fardos religiosos pesados que Jesus convida: Vinde a mim para serem aliviadas e encontrar descanso para vossas almas.
Cansaço, fadiga, enfraquecimento, debilidade é algo terrível, pois não há coisa tão ruim quanto perder as forças, a energia e o vigor físico, emocional ou mental.
Em 1984, nas olimpíadas de Los
Angeles ficou famosa a cena transmitida pela televisão envolvendo a entrada da atleta suíça
Gabriele Andersen-Scheiss no ginásio, cambaleando como uma bêbada pela exaustão provocada pelo percurso da maratona feminina.
Toda pessoa tem seu limite para carregar peso e suportar pressão, e quando ele é extrapolado o cansaço se instala dizendo que o corpo ou a alma foi exigido além do que era capaz.
No mundo religioso não é pequeno o número de “atletas” vivendo como aquela maratonista, precisando de urgente socorro “médico”.
Gente que vive o desgaste de carregar mais peso do que consegue suportar; que perde forças e energia enquanto empurra uma carga religiosa que lhe foi imposta; gente que pouco a pouco foi se sobrecarregando de mandamentos que as Escrituras não autorizam nem exigem.
E nessa história de cansaço religioso uns não sabem o que fazer com a carga que levam, outros têm medo de se desfazer dela pois pensam que seria afrontar a Deus e ainda existem o que acham que uma religião sem esforço, sem cansaço, sem esgotamento não é uma religião séria.
Cumprindo mandamento que parece ser de 1 kg no início da caminhada, de 10 kg depois de um tempo, de 100 kg depois de dois tempos e de 1.000 kg daí por diante, não é de estranhar o estado deplorável em que se encontram.
Em Mateus 11 Jesus observa que as pessoas estão vivendo cansada. Ele as vê carregando um peso que não conseguem transportar. Ele observa que suas almas estão sem alívio.
E quanto mais elas se esforçam para serem o que não podem ser, maior é o seu cansaço e maior a opressão.
A religião vende alívio e entrega cansaço pois não consegue dar aos seus seguidores o bem-estar que proclama.
O texto de Mateus 11  apresenta boas lições para a alma cansada encontrar o descanso hoje.
1º. - Primeiramente a proposta de descanso ou de alívio que Jesus faz começa com o seu agradável convite ao sobrecarregado: vinde a mim.
O convite não chama a pessoa para ir a um novo conjunto de normas, de leis ou de preceitos, nem lhe propõe a mudança para um outro tipo de religião, pois é exatamente da religião que o convite as quer libertar. O convite traz consigo a idéia de um encontro pessoal entre o convidado e aquele que o quer aliviar, entre o pecador e Cristo.
Quando Cristo diz vinde a mim o que cansado precisa fazer é levantar-se e ir encontrar-se com Ele, rapidamente.
O convite é feito sem nenhuma condição imposta ao convidado, tal como: vinde a mim depois que você melhorar; ou vinde a mim depois que você fizer isto ou aquilo. Não. O convite é direto e objetivo: vinde a mim e nada mais.
Portanto, o processo de ver-se livre de cargas e de peso inicia-se com o ouvir e aceitar o convite de Jesus que diz: vinde a mim.
2º. - Em segundo lugar aprende-se do texto que as pessoas convidadas têm como característica comum o fato de estarem cansadas e sobrecarregadas. Jesus diz: Vinde a mim, todos que estais cansados e oprimidos.
Se as pessoas que Cristo convida são religiosas e mesmo assim se encontram cansadas e sobrecarregadas, disto se deduz que a religiosidade é sempre estafante e produz cansaço.
As pessoas religiosas se parecem, ao menos na alma, com a atleta suíça acima relembrada.
É interessante notar nas Escrituras que o evangelho está sempre voltado a atender pessoas fracas, frágeis e desesperançadas.
O socorro de Deus através do evangelho se direciona sempre a pecadores dilacerados.
O que pesa para as pessoas é uma carga terrível imposta pela religião ou pela religiosidade, que exige delas um esforço mais que humano para cumprir regras e preceitos que Jesus mesmo disse serem doutrinas que são mandamentos de homens (Mc 7.7) e como tais imprestáveis diante de Deus.
O farisaísmo ao tempo de Jesus, o que não é muito
diferente da religiosidade nos tempos atuais, esgotava as pessoas que com ele se envolviam por lhes exigir um comportamento sem lhes oferecer condições ou forças para cumpri-lo.
Afinal, tentar agradar a Deus através de prática de atos religiosos severos é um peso que não se agüenta carregar por muito tempo sem sofrer grande desgaste pessoal.
Assim, pessoas cansadas e sobrecarregadas não são abandonadas por Cristo, mas convidadas a um encontro pessoal com Ele.
3º. - Em terceiro lugar o objetivo do convite que Cristo faz aos cansados e oprimidos é para lhes dar alívio à alma.
Ele diz: Vinde a mim, todos que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.
O convite é feito com objetivo de dar alívio, de dar descanso, de dar aos convidados a oportunidade de se livrarem do peso e da carga religiosa que transportam sem terem forças para fazê-lo.
O convidado que aceitar o convite encontrará descanso para sua alma.
O apóstolo Paulo ao perceber que os gálatas estavam na iminência de voltar às suas antigas práticas religiosas e, portanto, aos seus pesos e sobrecarga ele escreve: Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais a jugo de escravidão (Gl 5.1). Submeter a jugo de escravidão no caso era deixar Cristo e voltar às práticas da religião judaica que nenhum proveito lhes trazia.
Assim, se as almas cansadas de homens e mulheres querem alívio elas devem aceitar o convite de Cristo de ir até Ele, pois não há descanso nem alívio fora de Cristo.
A religião cansa, sobrecarrega e esgota a alma, ao passo que Cristo dá descanso, fortalece e revigora as forças.

4º. O quarto ponto do texto ensina que os convidados aprenderiam de Cristo, ao seu aceitar seu convite, ser manso e humilde de coração. Jesus diz: Tomai sobre vos o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração.
Estas duas características – mansidão e humildade - não fazem parte do homem religioso pois elas são próprias somente de Cristo.
A verdadeira mansidão e a verdadeira humildade estão em Cristo, e somente os que vão a Cristo encontram mansidão e humildade para viver.
A religião ao invés de tornar o homem manso o faz mais agressivo, e ao invés de torná-lo humilde aumenta seu grau de orgulhoso por supor que está indo bem na proposta de ser alguém capaz de ser melhor à custa de esforços pessoais.
Toda pessoa que se propõe a ser religiosa e segue à risca os mandamentos de sua religião, cumprindo ordens, mandamentos, preceitos eleis, a primeira característica que passa a ostentar é ser cobradora, exigente, legalista julgando os outros como sendo pecadores, o que lhe retira a capacidade de ser manso. A religião também converte seu praticante num ser orgulhoso e presunçoso por que ela o faz pensar que é melhor do que os outros por ter a capacidade de cumprir e satisfazer as exigências do seu credo.
Estas são características marcantes de uma pessoa religiosa: exigência extrema e orgulho a toda prova.
Jesus diz a tais pessoas que indo a Ele elas aprenderão a ser mansas, e aprenderão a ser humildes.

Conclusão.
Quão longo, pedregoso e cansativo é o caminho oferecido pela religião ao homem e mesmo assim não é pequeno o número daqueles que nele se encontram.
No entanto, o convite “vinde a mim” de Cristo nunca cessou de ser feito e até hoje o evangelho é um chamado para que os cansados e sobrecarregados a Ele se dirijam.
Se você está se sentindo sem forças e esgotado como aquela atleta que entrou cambaleante no estádio nas olimpíadas de Los Angeles é hora de ir a Cristo para encontrar nEle o descanso que sua alma precisa para revigoramento de suas forças.
Se você tem notado em seu comportamento que sua religiosidade o tornou uma pessoa irada e orgulhosa, é tempo de ir a Cristo para aprender a ser manso e humilde de coração, para desfrutar de vida nova e mais agradável.
Se você parou de correr a jornada cristã porque não tem mais forças para prosseguir, pois carrega um fardo pesado demais é tempo de ouvir o convite de Cristo e ir até Ele para trocar o fardo pesado pelo fardo leve que Ele oferece, e voltar ao caminho em direção a Deus em bom ritmo.
De todos os convites bons e agradáveis que uma pessoa pode receber aquele formulado por Cristo é certamente o melhor e mais prazeroso de ser ouvido, pois traz conforto e um bem-estar que nenhum outro é capaz de oferecer.
Assim, não permita que sua alma continue esgotada, agora que você sabe que Cristo o convida a experimentar descanso.
Se quando a religião o convidou: vinde a mim, você foi, ouvindo agora o convite de Cristo: vinde mim, não resista aceitar o chamado.
Você quer alívio? Vá a Cristo; quer continuar aliviado? Permaneça em Cristo; deseja levar alívio a outro? Anuncie-lhe Cristo.
Lutero de Paiva Pereira

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