sexta-feira, 28 de novembro de 2014

DOIS MEDOS DE CRENTE

Um estado de medo impede sempre um estado de alegria, pois onde o medo reina a alegria não encontra espaço para se instalar. O fato do medo afastar a alegria pode ser visto no sentido natural e também no espiritual.
O apóstolo Paulo, um crente que realmente não foi dominado pelos dois medos que escravizam os crentes modernos, podia não só experimentar a alegria em Cristo, como também incentivar seus irmãos a fazer o mesmo. Aos filipenses ele escreve: Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, alegrai-vos (Fp 4.4).
Aliás, muito antes do apóstolo escrever tão belas palavras para sugerir a doce experiência de alegrar-se no Senhor, o salmista já dizia: Alegrai-vos, ó justos, no Senhor, e dai louvores à memória da sua santidade (Sl 97:12).
Mas aos crentes atuais esta orientação de Paulo parece totalmente impossível de ser provada, pois não há como alegrar-se naquele que mete medo.
Com efeito, nos tempos atuais um dos dois medos mais atuantes no coração do crente é exatamente o medo de Deus.
Parece que a igreja, ou seja, os pregadores deste tempo se incumbiram de transmitir através de suas mensagens um Deus punitivo que está à cata do primeiro transgressor para pesar a mão sobre ele, expressão mais que comum nos círculos cristãos: “Deus pesou a mão sobre o irmão.”
Falando assim a mão de Deus virou símbolo de tortura e de medo, pois ela sempre transmite a ideia de opressão, de castigo, de severidade.
E o pior da história é que os crentes precisam falar aos incrédulos do amor de Deus, quando eles mesmos vivem sob o tormento do medo de Deus.
Escrevendo aos romanos Paulo faz questão de lembrá-los que é a bondade de Deus que leva os homens ao arrependimento -  Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência e longanimidade, ignorando que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento? ( Rm 2:4).
Essa bondade De Deus está mais que provada e demonstrada no fato de Cristo ter morrido por nós quando nós ainda éramos pecadores, diz o apóstolo: Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores (Rm 5:8).
Ora, como ter medo de um Deus que se esforça em todos os sentidos para provar que nos ama?
Se a máxima diz que contra fatos não há argumentos, por que razão os crentes acreditam mais nos argumentos dos pregadores que disseminam o medo de Deus, do que nos fatos de Deus que procura disseminar seu amor aos homens?
Qual o segundo medo que atormenta o crente? É o medo do Diabo.
A despeito do conforto que as Escrituras dão aos crentes, relativamente ao cuidado que Deus mesmo lhes empresta no que diz respeito ao Diabo, a maioria prefere o medo do Diabo ao descanso em Deus.
Na prática os crentes negam o que Cristo lhes oferece, a saber, segurança que Paulo faz questão de destacar: Mas fiel é o Senhor, que vos confirmará, e guardará do maligno (2 Ts 3:3).
Neste sentido de guardar os crentes do Maligno o próprio Senhor Jesus assegurou às suas ovelhas: E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai (Jo10:28-29).
  O que não dizer do escrito de João: Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca (1 Jo 5:18).
O fato é que ninguém precisa ter medo de Deus para agradar a Deus e nem medo do Diabo para não ser atacado por ele.
Aliás, ninguém precisa ter medo de não ter medo.
Com efeito, quem tem medo de Deus está negando Seu amor, e quem tem medo do Diabo está negando o poder de Cristo para guardá-lo do Maligno até o dia final.
O melhor mesmo é trocar esses dois medos por dois outros sentimentos muito mais nobres e biblicamente corretos.
O primeiro, o de amar quem o amou primeiro e, o segundo, de descansar em quem o guarda do Mal.
Nada mais oportuno do que as palavras do apóstolo João: No amor não há medo, antes o perfeito amor lança fora o medo; porque o medo tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor (1 Jo 4:18).





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