sexta-feira, 28 de novembro de 2014

NÃO É FÁCIL SER LIVRE

A liberdade é o bem imaterial mais precioso e cobiçado pelo homem. Todavia, não é fácil ser livre. A prisão ou o aprisionador que rouba a liberdade do homem nem sempre está fora dele, mas  dentro de sua mente e coração, o que torna a liberdade um estado quase utópico
Na verdade, não é fácil ser livre quando a prisão se tornou um estilo de vida; não é fácil ser livre quando a vastidão da liberdade parece comunicar mais medo do que os limites estreitos do cárcere; não fácil ser livre quando o medo da liberdade é maior do que o próprio medo da prisão.
No famoso livro OS JULGAMENTOS DE NUREMBERG Paul Roland observa a grande dificuldade que os prisioneiros do campo de concentração de Belsen, noroeste da Alemanha, tiveram para acreditar que poderiam sair dali quando os portões do campo foram abertos na manhã chuvosa de 15.4.1945.
Clara, uma das sobreviventes daquele terror relatou que os portões abertos não os convidavam a sair para a liberdade porque os guardas que por tanto tempo dominaram sobre eles, já tinham penetrados seus corpos, alojando-se em suas mentes para ficarem ali até o fim dos seus dias. Paul Roland escreve: os prisioneiros haviam sido tão doutrinados que o pensamento de liberdade os aterrorizava. Não só seus corpos haviam sido aprisionados e torturados além do limite da resistência, mas também o foram suas mentes (p.19).
A Bíblia Sagrada, que trata de outro tipo de prisão e de campo de concentração, tem também um registro sobre a dificuldade de ser livre. Escrevendo aos gálatas o apóstolo Paulo diz: Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão (Gl 5.1).
Os gálatas, como os prisioneiros de Nuremberg, também tinham sido feitos prisioneiros em seus espíritos, e mesmo tendo experimentado a liberdade que Cristo lhes ofereceu, voltavam agora ao jugo da escravidão religiosa, como se o ser livre fosse pior do que o ser prisioneiro.
Estes dois relatos chocantes, a despeito de se referirem a áreas distintas, são notáveis em suas lições. De qualquer forma é preciso proclamar liberdade aos cativos sempre, fazendo como lema a marcante frase da bandeira mineira: LIBERTAS QUÆ SERA TAMEN, ou seja, liberdade ainda que tardia. Até mesmo aos homens cujos corpos não estão encarcerados em prisões formais, aos tais é preciso falar de liberdade para que seus espíritos sejam feitos livres.

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