A
liberdade é o bem imaterial mais precioso e cobiçado pelo homem.
Todavia, não é fácil ser livre. A prisão ou o aprisionador que rouba a
liberdade do homem nem sempre está fora dele, mas dentro de sua mente e
coração, o que torna a liberdade um estado quase utópico
Na
verdade, não é fácil ser livre quando a prisão se tornou um estilo de
vida; não é fácil ser livre quando a vastidão da liberdade parece
comunicar mais medo do que os limites estreitos do cárcere; não fácil
ser livre quando o medo da liberdade é maior do que o próprio medo da
prisão.
No
famoso livro OS JULGAMENTOS DE NUREMBERG Paul Roland observa a grande
dificuldade que os prisioneiros do campo de concentração de Belsen,
noroeste da Alemanha, tiveram para acreditar que poderiam sair dali
quando os portões do campo foram abertos na manhã chuvosa de 15.4.1945.
Clara,
uma das sobreviventes daquele terror relatou que os portões abertos não
os convidavam a sair para a liberdade porque os guardas que por tanto
tempo dominaram sobre eles, já tinham penetrados seus corpos,
alojando-se em suas mentes para ficarem ali até o fim dos seus dias.
Paul Roland escreve: os prisioneiros haviam sido tão doutrinados que o
pensamento de liberdade os aterrorizava. Não só seus corpos haviam sido
aprisionados e torturados além do limite da resistência, mas também o
foram suas mentes (p.19).
A
Bíblia Sagrada, que trata de outro tipo de prisão e de campo de
concentração, tem também um registro sobre a dificuldade de ser livre.
Escrevendo aos gálatas o apóstolo Paulo diz: Para a liberdade foi que
Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de
novo, a jugo de escravidão (Gl 5.1).
Os
gálatas, como os prisioneiros de Nuremberg, também tinham sido feitos
prisioneiros em seus espíritos, e mesmo tendo experimentado a liberdade
que Cristo lhes ofereceu, voltavam agora ao jugo da escravidão
religiosa, como se o ser livre fosse pior do que o ser prisioneiro.
Estes
dois relatos chocantes, a despeito de se referirem a áreas distintas,
são notáveis em suas lições. De qualquer forma é preciso proclamar
liberdade aos cativos sempre, fazendo como lema a marcante frase da
bandeira mineira: LIBERTAS QUÆ SERA TAMEN, ou seja, liberdade
ainda que tardia. Até mesmo aos homens cujos corpos não estão
encarcerados em prisões formais, aos tais é preciso falar de liberdade
para que seus espíritos sejam feitos livres.
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