terça-feira, 22 de janeiro de 2013

NA CONTRA MÃO DE DEUS



Nunca lhe passou pelo coração que esperar ir morar no céu pode não ser uma espera biblicamente correta?
Uma leitura mais criteriosa das Escrituras é sempre recomendada para checar os fundamentos de nossa fé, pois é possível que no tempo a nossa sejam agregadas coisas que não procedem da verdade.
Quando Deus formou a Terra é de se supor que Ele já habitava o lugar que lhe é próprio o qual, segundo as Escrituras, é denominado céu. Assim, não havia qualquer necessidade em Deus de  criar a Terra para seu uso pessoal, senão para aquele que mais tarde viria a ser formado pelo próprio Deus, a saber, o homem.
Ora, se Deus ao criar a Terra o fez para o homem habitar nela, isto quer dizer que o homem não foi formado para morar no céu, lugar da morada de Deus, pois se este fosse o caso não haveria razão de Deus trazer a Terra a existência para nela fazer o homem viver.
Todavia, como Deus criou a Terra para o homem , isto significa dizer que o habitat natural do ser humano é a Terra e não qualquer outro lugar, e isto até mesmo como seu destino eterno.
Mesmo que isto pareça tão obvio quando se lê as Escrituras, boa parte das mensagens insiste em alimentar no coração dos crentes a ideia de que um dia eles irão morar no céu, fazendo-os viver uma esperança que vai na contramão da vontade ou do projeto de Deus para o homem.
Embora muitos textos das Escrituras pudessem ser apresentados para fundamentar o entendimento de que a Terra é o destino eterno do homem, inclusive aqueles advindos dos escritos do apóstolo Paulo, ou mesmo dos profetas do Antigo Tesamento, no momento apenas tres deles serão trazidos a consideração.
Em primeiro lugar é preciso destacar que desde o início de sua história o homem tem a Terra como seu habitat natural e lugar adequado para viver e também desempenhar as funções que Deus mesmo lhe incumbiu, quais sejam, dominar ou exercer autoridade sobre toda a criação e povoar todos os seus lugares com seus descendentes.
Ambas as verdades podem ser lidas no primeiro capítulo do livro de Gênesis, conforme sobressai, respectivamente, dos seus versos 26 e 28: E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra, e a seguir: E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.
Posto na terra e nela colocado com o propósito de exercer domínio e ocupá-la plenamente, o homem encontra na natureza o lugar mais adequado para viver como um ser terreno que é.
Com efeito, como uma criatura material e imaterial, tendo corpo e alma, o homem ao tempo em que é inapto para viver no céu é apto para morar Terra.
Em segundo lugar, o apóstolo Pedro ao escrever sua segunda carta ele se mostra enfático ao tratar da esperança que move seu coração.
Ele diz: Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça (2 Pedro 3:13).
É certo que o nós ali referido inclui todos os crentes em Jesus Cristo, pois são estes que tem a esperança que a salvação lhes comunica. E a esperança dos crentes, ao menos na visão do apóstolo, e é mais seguro crer no que o apóstolo escreveu do que naquilo que os pregadores dizem, não é ir para o céu, mas sim aguardar que a nova terra surja para que nela os filhos de Deus vivam bem.
Ora, se Pedro diz que nós esperamos uma nova terra, isto quer dizer que haverá um momento em que uma nova terra será trazida a existência, e certamente para ser a morada eterna dos salvos, os quais tendo sido feitos justos mediante a fé em Cristo terão prazer de viver num lugar onde a justiça habita.
Com efeito, se não fosse para ser a morada dos crentes porque razão haveria de existir uma terra nova?
Em terceiro lugar, e como último argumento a ser apresentado em favor da máxima de que o homem foi feito para habitar a terra, e a terra será sua habitação eterna, já que morará aqui e não no céu, convém observar o registro do apóstolo João no capítulo 21 de Apocalipse, notadamente nos três primeiros versos. Ele escreve: E vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. E eu, João, vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido.
E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus.
João vê uma nova terra e também o que nela existirá naquele tempo, coisas que hoje não existem nesta terra.
A terra nova vista por João é aquela terra onde habita a justiça, a qual Pedro dizia esperar.
Depois de ver a terra nova João observa e contempla duas realidades que farão parte dela. A primeira, é que a cidade santa, ou seja, a Jerusalém que está no céu, da parte de Deus ou por iniciativa de Deus desce do céu para sestar presente na terra, já que na terra nova onde habita a justiça a cidade santa tem razão de estar ali. Depois o apóstolo nos assegura por sua visão que não só a cidade santa desce do céu para a terra, como também o tabernaculo de Deus, que está no céu, para ser a habitação do Senhor a terra. Aí João ouve a voz que diz que Deus habitará com os homens.
Na terra atual onde a justiça não habita, nem se faz presente a cidade santa, menos ainda o tabernáculo de Deus um dia não existirá mais na forma atual, mas sim com uma realidade jamais imaginada pelo homem como é promessa das Escrituras: Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam (1 Co 2.9)
Conclusão
Se Deus criou a Terra e formou o homem para nela habitar; se Deus prometeu no Antigo Testamento um dia trazer a existência uma terra nova, obviamente, para os crentes nela poderem desfrutar do Reino de Deus em sua plenitude e se Deus mesmo, na visão de João, com sua cidade e pessoalmente virá morar na nova Terra, não seria andar na contra mão de Deus querer ir para o céu, quando o próprio Deus quer vir para a Terra?
Talvez devêssemos rever nossa esperança, pois podemos estar alimentando uma expectativa que não se fecha com as Escrituras Sagradas.
Ainda vale lembrar que na oração do Pai Nosso Jesus nos orienta a pedir, dentre outras coisas, que o Reino de Deus venha para terra, e não que sejamos levados para o céu: Venha o teu Reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu (Mt 6.10).
Portanto, se Deus criou a Terra e irá restaurá-la, e Ele mesmo informa que virá para a Terra para estar perto dos homens, não seria andar na contra mão desejar ir para o céu, quando Deus mesmo diz que virá para a Terra?
Convém pensar, mas pensar à luz da Escrituras.
Lutero Pereira



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