segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

E VÓS, QUEM DIZEIS QUE EU SOU


Os discípulos já andavam com Jesus há algum tempo, e nesse tempo em que estiveram juntos  ouviram de Jesus belos ensinamentos e presenciaram a realização de muitos sinais.

Mas chega o momento quando eles são surpreendidos por Jesus com uma pergunta bastante interessante, pois Jesus quer saber o que o povo e o que eles mesmos pensam a respeito dEle.

A primeira pergunta de Jesus é: quem diz o povo ser o Filho do homem (Mt 16.13)?
Os discípulos  respondem: alguns dizem que o Senhor é  João Batista; outros, que é Elias; tem também aqueles que asseguram que o Senhor  é Jeremias, e não faltam os que não indicando o nome, dizem que Senhor  é algum dos profetas.

Observamos que o povo tinha uma  visão não uniforme a respeito de Jesus, apontando para diferentes personalidades do Antigo Testamento.

Jesus então se volta direta e objetivamente ao seus discípulos e indaga: e vós, quem dizeis que eu sou (Mt 16.15)?
  
Você pode, naturalmente falando, dizer que esta ou aquela pessoa é inteligente, é educada, até mesmo muito prestativa, mas isto nem sempre é suficiente para dizer quem realmente ela é.

Podemos conhecer certas qualidades de uma pessoa sem conhecer a pessoa em si mesmo, de modo que não poucas vezes nos espantamos em saber que aquela pessoa que nós sempre elogiamos  acabou fazendo uma coisa reprovável, algo  fora do padrão do homem de bem,  que nunca imaginávamos que fizesse.

Quando isto acontece é comum se falar: “é, a gente realmente não conhece as pessoas”.


Jesus certa vez perguntou aos discípulos: quem vocês dizem que eu sou?

Se eles tivessem respondido: O Senhor é uma pessoa com muito poder; ou o Senhor é uma pessoa que se preocupa com os socialmente rejeitados; o Senhor é um mestre que ensina bons princípios, etc. em tudo isto eles estariam acertando a resposta.
Mas todas estas respostas juntas não eram suficientes para dizer quem Jesus Cristo era, pois não apontavam em nada para sua verdadeira identidade.

Mas quando Pedro responde a pergunta  sua resposta vai dizer não aquilo que Jesus faz, mas sim, quem Jesus realmente é: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo (Mt 16.16).

Ao dizer que Jesus era o Cristo, Pedro estava dizendo que Jesus era o ungido de Deus, pois o significado da palavra Cristo é ungido.

No conceito do Antigo Testamento  ungido era a pessoa que tinha sido separada por Deus para realizar uma missão estabelecida por Deus. E  para desempenhar a missão de ungido ela recebia o Espírito Santo, que a capacitava a fazer o que deveria ser feito.

Assim, quando Pedro diz que Jesus era o Cristo, ele estava reconhecendo em Jesus uma pessoa separada por Deus para realizar uma missão de Deus, e desta forma capacitada pelo Espírito Santo para cumprir a vontade de Deus.

O próprio Jesus vai dizer na sinagoga que a profecia de Isaías de que ele era o ungido de Deus, se cumprira naquele tempo: O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar  os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para por em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor” (Lc 4.18-19).

Mas Pedro diz que além de ser o Cristo, o Ungido, Jesus era também o Filho do Deus vivo, reconhecendo que Jesus tinha uma natureza divina, embora fosse homem. Afinal, sendo Filho de Deus Jesus tinha a natureza de Deus, como é próprio do filho ter a natureza do pai que o gerou.

E dizendo que Jesus era o Filho do Deus vivo, Pedro apontava para uma caraterística essencial do Seu pai, a saber, o Deus que vive.

Assim,  Pedro afirmara que Jesus era o ungido de Deus; que Jesus era o Filho de Deus; que Jesus tinha um Pai que vive.
A resposta de Pedro estava certa e era bem completa, e em razão disto Jesus vai fazer algumas observações a respeito dela.

Jesus então diz a Pedro: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus (Mt 16.17).

Nesta observação de Jesus vale ressaltar três pontos importantes:

1º. ) Jesus observa que Pedro é um BEM-AVENTURADO por saber que Ele era o Cristo, o Filho do Deus vivo.

Jesus liga a BEM AVENTURANÇA de Pedro ao simples fato dele saber quem Jesus é.

Na linguagem bíblica ser bem-aventurado é ser muito feliz, e Pedro era um BEM AVENTURADO por saber que Jesus era o Cristo.

felicidade real e verdadeira em conhecer Jesus como o CRISTO, o FILHO DO DEUS VIVO.

Muitas pessoas reconhecem em Jesus  um bom homem; outros dizem tratar-se de alguém com poderes sobrenaturais; ainda tem aqueles que O reconhecem como um filósofo ou coisa parecida. Aqueles que vêm Jesus nesta perspectiva não são bem-aventurados.

Para se tornar uma pessoa BEM-AVENTURADA é preciso conhecer e reconhecer que Jesus é o CRISTO, o FILHO DO DEUS VIVO.


2º) Num segundo momento o que observamos das palavras de Jesus a Pedro é que o discípulo não acertou a resposta de que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo, baseado em sua capacidade pessoal.

Quando Pedro acerta a resposta,  quando ele  consegue perceber a essência da pessoa de Cristo, quando ele consegue trazer a público a verdadeira  identidade de Jesus, logo ele ouve de Jesus mesmo a seguinte consideração: "não foram carne e sangue que to revelaram".

Ao usar a expressão "carne e sangue" Jesus estava dizendo a Pedro que não foi sua inteligência humana, nem  capacidade mental, nem mesmo sua possível perspicácia teológica que lhe proporcionou saber que Ele era o CRISTO, o Filho do Deus vivo.

Com tais palavras Jesus dizia a Pedro que não estava ao alcance do homem natural, não estava ao alcance da inteligência humana, não estava ao alcance da mente carnal saber que Ele é o Cristo, o Filho do Deus vivo.

O homem mais inteligente não tem em si mesmo a capacidade de olhar para Jesus e deduzir por sua própria habilidade e perspicácia que Ele é o Cristo, o Filho de Deus.
O homem mais culto não consegue, por seus próprios conhecimento, ver em Jesus o Cristo, o Filho do Deus vivo.
Nem mesmo o homem mais religioso consegue, por si só, ver o Cristo de Deus na pessoa de Jesus de Nazaré.

Assim Pedro fica sabendo que não foi sua capacidade pessoal quem lhe deu a vantagem de acertar a resposta à pergunta de Jesus. 
Por isto é que  Pedro não  podia se orgulhar de ter tal conhecimento elevado sobre o Filho de Deus, enquanto os outros discípulos não tinham.

3º.)  Em terceiro lugar Jesus vai dizer a Pedro porque é que ele acertou a resposta, quando lhe informa: foi meu Pai que está no céu que to revelou.

Já que Pedro tinha acertado a resposta, e acertou sem mesmo ter capacidade pessoal para tanto, era preciso que soubesse qual foi a fonte ou  quem é que o ajudou saber esta verdade tão profunda e  tão distante da capacidade humana de descobrir.

Jesus diz a Pedro que isto aconteceu porque o Pai que está nos céus o fez saber. Ou seja, Deus, o Pai, revelou a Pedro a real identidade de Seu Filho.

Revelar é tirar o véu ou tirar a cortina para dar condições de se ver com nitidez aquilo que antes estava encoberto.

A mente humana está incapacitada de olhar para Jesus e ver nele o Cristo, o Filho do Deus vivo, porque a mente do homem foi danificada pelo pecado, e assim se tornou imprestável para perceber tanto Deus, como as coisas de Deus.

Sem tal ajuda do céu Pedro e qualquer outra pessoa olhava para Jesus mas não pode ver nEle mais que um profeta, um filósofo, um bom homem, um revolucionário religioso, etc.,

Para ver que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo é necessária uma ajuda celestial.

Ao saber que tal ajuda veio do céu para lhe dar condições de ver que Jesus era o Cristo, o Filho do Deus vivo, Pedro deveria ficar agradecido a Deus pelo fato desta revelação lhe ter chegado ao coração.

Afinal, se o Pai que está nos céus não tivesse revelado isto a Pedro ele nunca poderia por si mesmo descobrir quem Jesus realmente era.

Diante de tais explicações de Jesus a Pedro, algumas lições podem nos ajudar em nossa  experiência a respeito de crer e de confessar que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo.

1ª) A primeira é que ao se conhecer a Jesus como o Cristo, o Filho de Deus vivo isto nos torna uma pessoa BEM AVENTURADA.

Ou seja, saber por experiência própria quem Jesus é traz felicidade ao coração.

Você pode estar na igreja há muito tempo sem ter tido ainda a experiência de conhecer a Jesus como o Cristo, o Filho do Deus vivo, daí a ausência da felicidade espiritual.

Para você se tornar um BEM AVENTURADO, é preciso conhecer que JESUS é o Cristo, o Filho do Deus vivo, pois só o conhecimento de JESUS assim é que alegra a alma.

2ª) A segunda lição do texto é que conhecer a JESUS como o CRISTO não depende em nada de nossa capacidade pessoal, de nosso potencial intelectual, de nosso grau de cultura nem de qualquer outra ferramenta utilizada para desvendar outros campos do conhecimento humano.

Uma vez Jesus disse: graças de dou, o Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultastes estas cousas aos sábios e instruídos e as revelastes aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado (Mt 11.25-26).

Deus oculta dos sábios e os sábios não conseguem saber, enquanto Deus revela aos não sábios, e eles conseguem saber as coisas mais elevadas, inclusive conhecer que Jesus, é o Cristo, o Filho do Deus vivo.

O conhecer Jesus como o Cristo não está ao alcance do coração sábio, mas sim do coração simples, e nem ao alcance da mente erudita, mas sim da mente que se curva a revelação de Deus.

3º.) Em terceiro lugar, conhecer a Jesus como o Cristo,  o Filho do Deus vivo é uma experiência que está a disposição do homem.

Pedro era um ser humano, e a ele foi dada a benção de se tornar um BEM AVENTURADO ao lhe ser revelado que Jesus era o Cristo, o Filho do Deus vivo.

E da mesma forma que tal conhecimento foi dado a Pedro, a João, a Paulo, e a tantas e tantas pessoas depois do dia de pentecostes, momento a partir do qual o evangelho passou a ser anunciado por toda a terra, este conhecer a Jesus como o Cristo, o Filho do Deus vivo pode ser dado a nós hoje.

Para isto acontecer é preciso que a pregação do evangelho seja feita de tal forma que às pessoas  Jesus seja apresentado como  o Cristo, o Filho do Deus vivo, de modo que conhecendo-O assim experimentem a alegria de se tornarem BEM.
4º.) Finalmente, em quarto lugar, conhecer a Jesus como o Cristo, o Filho do Deus vivo é uma experiência reservada àqueles que recebem do próprio Deus a revelação necessária para ver além do que os olhos humanos conseguem enxergar.

Pedro tinha andado com Jesus durante muito tempo, e com Ele estado  em vários momentos, mas nada disto foi suficiente para que soubesse quem Jesus era em essência.

Para saber tal verdade, o Pai que estava no céu  teve que lhe revelar.

A partir do dia de pentecostes, quando o Espírito Santo foi derramado, Ele passou a ter a incumbência ou o ministério de revelar aos homens que Jesus é o CRISTO, o FILHO DO DEUS VIVO.

Se a pergunta de Jesus - e vós quem dizeis que eu sou - nos fosse dirigida hoje será que responderiamos de maneira correta, dizendo a verdadeira identidade de Cristo, identidade que realmente conhecemos, ou diríamos sua identidade somente porque a Bíblia nos revela de forma completa?

Mas uma é a realidade de dizer quem Jesus somente porque a Bíblia ensina, e outra porque nos foi dado conhecer o Cristo que a Escritura apresenta.

Em seu evangelho João escreveu: Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo,  o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome (Jo 20.30-31).

Não há como ter vida no nome de Jesus sem crer em Jesus, e não há como crer em Jesus sem conhecê-Lo, conhecimento este que nos vem mediante a revelação do Santo Espírito de Deus.

 Lutero Paiva Pereira

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