quinta-feira, 26 de setembro de 2013

O PODER DA ADORAÇÃO


Algumas palavras, considerando o que significam e aquilo para o que apontam, despertam grande interesse em serem ouvidas.
Tal é o caso, por exemplo, das palavras sucesso, riqueza, bênção, etc.
Um sermão que fale de sucesso, de riqueza, de bênçãos, independentemente de ter base teológica, é sempre bem ouvido e, na grande maioria das vezes, crido.
Mas existe outra palavra igualmente cativante, e talvez até mesmo mais atraente do que as anteriormente citadas, e que empregada no sermão torna a mensagem totalmente aprovada por todos.
É o caso da palavra poder.
Um sermão que aborde a questão do poder e proponha que o ouvinte ficará cheio dele não tem como não fazer sucesso.
Parece que o homem tem mais necessidade de poder do que de qualquer outra coisa, e os crentes em especial o procuram com muito mais dedicação do que ao próprio Deus.
Aliás, muitos procuram Deus para terem poder, o que em última análise significa que procuram o próprio poder.
Uma conferência que tenha como tema O poder da oração, por exemplo, terá bem mais inscrições do que aquela que anuncia simplesmente: A oração
Outra que anuncie: Poder para viver será mais frequentada do que aquela que apregoa: A vida do crente.
Ou seja, coloque a palavra poder e o resto que for acrescentado não interessa quase nada. No sentido contrário também é verdadeiro, isto é, não coloque a palavra poder e o que vier depois pouco interesse terá.
No caso da oração, a partir do momento que inventaram e divulgaram a ideia de que a oração tem poder, a temática ganhou espaço no coração dos crentes aguçando o apetite de todos para se apoderarem desse dínamo que necessitam para vencer tudo e todos.
No que diz respeito a adoração, pode-se dizer que ela cria vínculo real entre o adorador e a coisa adorada, e isto a ponto de transformar a pessoa que adora tornando-a parecida com aquilo a quem presta culto.
Esta é a ideia do poder da adoração a ser abordado aqui.
Não é que a adoração comunique algum poder a quem a prática, mas sim, que a adoração em si mesma tem o poder ou a capacidade de unir ou aproximar o adorador e o objeto adorado de tal forma um do outro a ponto deste comunicar suas características àquele.
Não é que a coisa adorada fica parecida com a pessoa que a adora, mas sim o contrário, ou seja, que a pessoa que adora se torna parecida com a coisa  que adora.
Este é o verdeiro poder constante da adoração.
Sabedor disto o crente precisa saber a quem está realmente adorando, e uma das maneiras seguras de fazer esta comprovação  é ver com quem ele está se parecendo a cada dia.
No salmo 115 a questão da semelhança que se estabelece entre o adorador e a “divindade” adorada fica patente e clara, pois o salmista diz que as nações pagãs fabricam seus deuses, os quais não têm vida, pois têm olhos, e não veem; têm boca, mas não falam; têm pés e não andam, de modo que aqueles que se entregam a esses deuses mortos são ou ficam mortos como mortos eles são.
O versículo 8 do referido salmo diz: A eles se tornem semelhantes os que os fazem, assim como todos os que neles confiam.
Quando o versículo diz que os adoradores desses deuses se tornam semelhantes a eles, isto prova que a adoração tem o poder de igualar o adorador à coisa adorada.
Num certo momento da vida de Israel, quando o povo se pôs a adorar ou a prestar cultos aos deuses estranhos, o poder da adoração fez com que eles adotassem uma prática abominável aos olhos de Deus, a saber, a de sacrificar os próprios filhos em honra à divindade adorada.
Se a adoração tem o poder de vincular o adorador àquilo que adora, a lógica é que a adoração ao Deus vivo, ao Deus que vê, ouve, fala, age, realiza, etc., ao Deus que é santo, amoroso, justo, bom, etc. deve comunicar aos que o adoram essa semelhança com Ele, tornando os cristãos capacitados a ver, ouvir, falar, fazer, realizar como Deus é capaz de tudo isto, bem como de serem santos, amorosos, justos, bons, como Deus o é.
Se isto é assim, porque os cristãos, em boa maioria, os quais dizem que adoram a Deus, não recebem de Deus as virtudes que dEle são próprias e  com Ele não se assemelham?
A única resposta possível é que podem não estar adorando o Deus verdadeiro, mesmo dizendo que estejam fazendo isto corretamente.
Como é possível o cristão não estar adorando o Deus verdadeiro?
A possibilidade vem quando adora um deus imaginário ou mesmo quando O adora de forma contrária aos seus preceitos.
Vale, pois, refletir e pensar sobre a adoração pessoal ou coletiva que se desenvolve, pois pode ser que alguma coisa não esteja certa nesta prática.
Espero que esta abordagem não tenha decepcionado quem intentou lê-la com o interesse de descobrir o poder da adoração conforme que se proclama por aí, mas que tenha ao menos servido de apoio para um estudo mais sério do tema à luz da Escritura. 

Lutero de Paiva Pereira

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