A palavra do
SENHOR, que veio a Jeremias, dizendo:
Levanta-te, e desce à casa do oleiro, e lá te farei ouvir as minhas palavras.
E desci à casa do oleiro, e eis que ele estava fazendo a sua obra sobre as rodas,
Como o vaso, que ele fazia de barro, quebrou-se na mão do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso, conforme o que pareceu bem aos olhos do oleiro fazer. Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? diz o Senhor. Eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel (Jeremias 18.1-6).
Levanta-te, e desce à casa do oleiro, e lá te farei ouvir as minhas palavras.
E desci à casa do oleiro, e eis que ele estava fazendo a sua obra sobre as rodas,
Como o vaso, que ele fazia de barro, quebrou-se na mão do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso, conforme o que pareceu bem aos olhos do oleiro fazer. Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? diz o Senhor. Eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel (Jeremias 18.1-6).
Miguel Ângelo Buonarroti, mais conhecido como MICHELÂNGELO, foi um
dos maiores artistas italianos do século XV. Além de pintor afamado ele foi
também um escultor de renome e no campo da escultura Davi, Leda, Moisés e Pietá
são as obras que o imortalizaram. A Pietá, que em português quer dizer Piedade,
é uma representação que o artista fez de Maria, a mãe de Jesus.
Como é próprio de todas as obras do grande artista, a Pietá é de
uma beleza sem igual e os turistas que passam por Roma fazem questão de
conhecê-la de perto visitando a basílica de São Pedro, no Vaticano, onde
encontra-se exposta à visitação pública. Em 1972, no entanto, a Pietá foi
danificada por um louco que a atingiu com várias marteladas comprometendo sua
beleza original. A escultura, mais tarde, foi reparada mas a obra de
restauração foi trabalhosa e demorada porque exigia muita habilidade do
restaurador para não comprometer sua beleza primitiva.
Existem
muitas outras obras de arte espalhadas pelo mundo, as quais causam espanto e
admiração dos que as contemplam, pois vêem nelas a habilidade do artista de
fazer nascer do mármore, do bronze, do ferro, da argila, do gesso e de uma
centena de outros materiais brutos, uma peça ou uma figura de rara beleza.
Mas dentre
todas as obras de arte que no mundo podem ser admiradas, existe uma que se
apresenta como sendo a maior, a mais bonita, a mais especial, a mais delicada e
a mais valiosa. E também a mais complexa.
Como as
outras, essa obra de arte refinada também foi insculpida por um Artista
renomado que a partir de um material bruto, de onde ninguém poderia imaginar
que sairia algo notável, dali Ele fez surgir sua obra-prima. A expressão obra-prima quer dizer obra ou trabalho principal
de um artista.
Com uma
habilidade que o homem não tem foi que, a partir do pó da terra, Deus trouxe a
existência sua obra mais elevada, a saber, o homem, já que dentre todas as
coisas que Deus criou o homem é seu trabalho mais notável, e tem o status de obra inigualável por ter a
imagem e semelhança do Criador.
Afinal, ao
decidir fazer o homem do pó da terra Deus idealizou dar-lhe uma dignidade que
não havia dado a nenhuma outra criatura, ou seja, e de ser feito à sua imagem e
conforme Sua semelhança, conforme está escrito na Bíblia: Também disse Deus: façamos o homem
à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. ... Criou, pois, o homem, a sua
imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou (Gn 1.26-27).
Ao ser
criado por Deus com a dignidade de ter sido feito a Sua imagem e conforme a Sua
semelhança, o homem se tornou uma obra de arte de beleza incomparável, de
qualidade incomum e de capacidade imensurável.
Trazer a
imagem de Deus dá ao homem o destaque de ser a criação mais perfeita, mais
gloriosa e mais espetacular do Supremo Escultor, de modo que na terra ninguém a
ele se compara neste sentido.
Mas essa
obra de arte bonita, delicada, complexa, especial e única, infelizmente, foi
danificada e sofreu uma agressão que comprometeu sua beleza original, suas
qualidades especiais e sua capacidade insuperável, atingindo em cheio a razão
de sua própria existência.
Mesmo assim,
é fato, o homem ainda continua a ser obra de arte de Deus, mas obra de arte
trincada, danificada e estragada.
E o que foi
que trincou a obra-prima de Deus? Quem foi que danificou o vaso
especial da criação de Deus? Não foi uma martelada de um louco qualquer, como
aconteceu com a Pietá de Michelângelo, nem qualquer outro tipo de agressão
feita pelo homem.
Foi algo
pior.
O que
danificou a obra prima de Deus foi o pecado.
O pecado
trincou o vaso especial de Deus; o pecado enfeou o vaso admirável de Deus; o
pecado comprometeu a obra prima de Deus em sua função originária, qual seja, a
de poder expressar a glória de Deus, de modo que na condição em que o homem se
encontra hoje ele está relativamente distante do projeto do Criador.
Não só a
Bíblia apresenta o homem como um ser desajustado, desorganizado e em
completa desordem, como a vida de cada pessoa é uma prova incontrariável e mais
que evidente de que o homem não está bem e vai mal em seus pensamentos,
feitos e obras.
O pecado
retirou da obra prima de Deus a capacidade de expressar
plenamente Sua glória, o que levou o apóstolo a escrever: porque todos pecaram e destituídos
estão da glória de Deus (Rm
3.23), onde destituído quer dizer estar privado ou desvestido.
O
pecado foi algo terrível e desde então o homem passou a sentir seus efeitos
desastrosos em seu corpo, alma e espírito pois sua violência contra o ser
humano foi total e fatídica. O pecado danificou a mente, desorganizou a alma, alterou a
emoções, comprometeu a vontade, adoeceu o físico e, ainda, trouxe morte ao
espírito do homem, fazendo do belo vaso inicial um vaso agora de pouca
admiração e desvestido de Sua glória.
E como se
tudo isto não bastasse para demonstrar que o homem sentiu profundamente o golpe
que lhe foi desferido pelo pecado, ele ainda fez com que a obra prima de Deus perdesse sua capacidade de
se relacionar com Deus, com o próximo e consigo mesmo, aumentando
significativamente seu drama.
Distanciado
de Deus o homem passou a ter dificuldade de ficar perto do seu semelhante, e
não poucas vezes se vê dominado até mesmo pela vontade tormentosa de querer
fugir de sua própria companhia, o que se constitui numa situação que o
atormenta de dia e de noite, ontem, hoje e amanhã, e torna a vida um palco onde
se desenrola uma peça cujo enredo não agrada a quem encena, menos ainda quem a
assiste.
E todos os
homens encontram-se envolvidos nesse teatro de horror, onde numa hora são
artistas e noutra plateia, mas em qualquer das duas posições sem prazer algum.
Afinal, viver o drama humano é terrível e assistir o drama vivido pelo outro
também não é bom.
Em razão
desse quadro caótico real experimentado por homens e mulheres, ricos e pobres,
novos e velhos, cultos e incultos a pergunta que se faz é: há possibilidade de restaurar o vaso quebrado? Pode a obra-prima de Deus ser consertada para ter
revertido seu drama? Se a resposta for sim, é preciso saber: Quem poderá fazer
esse trabalho tão sério e que requer tanta habilidade? A quem os vasos
quebrados devem recorrer para serem consertados?
Em princípio
o quadro complicado que envolve os homens parece não ter esperança, pois não há na
terra alguém com capacidade e habilidade suficientes para fazer trabalho tão
delicado, pois a ciência é incapaz, a religião é insuficiente e a cultura,
ineficaz para tanto.
A única
esperança para o vaso quebrado para ser reparado está fora da terra, ou seja,
está em Deus.
Somente Deus
pode consertar sua obra prima restaurando, de alguma forma, sua
beleza original e reparando sua funcionabilidade perdida.
Somente com
a restauração de Deus é que o homem consegue pensar melhor, sentir melhor,
relacionar-se com Deus, com o semelhante e consigo mesmo de forma mais
tranquila, intensa e ordeira.
Somente Deus
pode e tem habilidade suficiente para reparar o homem, salvando-o da situação
de desespero em que se encontra em razão de seu estado pecaminoso.
Olhemos,
agora, para o texto bíblico que foi lido ao início, o qual fala da experiência
do profeta Jeremias quando foi visitar um oleiro em sua oficina, obedecendo a
palavra de Deus que neste sentido lhe havia sido dirigida.
O profeta
desceu à casa do oleiro e o viu trabalhando. Diz o texto que enquanto o oleiro
fazia um vaso esse se quebrou (v.
4). Quando se quebrou, ao invés de jogar fora o vaso quebrado o oleiro se
propôs a trabalhar para fazer do vaso quebrado um vaso novo, o que o fez
trazendo a existência um vaso novo conforme
pareceu bem aos seus olhos.
Ao fazer o
profeta ver o oleiro que consertou o vaso que havia se quebrado, Deus perguntou a Jeremias: Não
poderei eu fazer de vós como fez este oleiro (v.5)?
Ou seja, Deus indaga ao seu servo: "Não poderei eu consertar o povo de Israel, que atualmente encontra-se todo quebrado?"
Ou seja, Deus indaga ao seu servo: "Não poderei eu consertar o povo de Israel, que atualmente encontra-se todo quebrado?"
A pergunta
que Deus faz tem como objetivo levar o profeta a refletir sobre o seguinte: “se
o oleiro pode reparar um vaso quebrado, Deus não é capaz de fazer o mesmo com o
povo de Israel que está na condição de vaso quebrado? Se o oleiro tem
habilidade para consertar um vaso que se estragou, Deus não tem habilidade para
consertar a casa de Israel que se encontra trincada por causa de seus pecados?”
Com tais palavras
Deus estava trazendo esperança ao profeta Jeremias, esperança que deveria
ser levada ao povo de Israel que naquela altura de sua história encontrava-se
em estado de terrível cativeiro, ou seja, viviam como vasos quebrados, mas Deus poderia consertá-los.
A PREGAÇÃO
HOJE
Quando o
evangelho da graça é anunciado hoje na terra, a mensagem proclamada aos ouvidos
de homens e mulheres que, por serem pecadores, estão na condição de vasos quebrados, tem que ser de
esperança no sentido de que Deus pode consertar e reparar o estrago que o
pecado lhes fez.
E deve ser
assim porque o evangelho se dirige a homens e mulheres que na condição de obra prima de Deus, estão danificadas em sua
mente, vontade e emoção, faculdades que podem muito bem ser recompostas pelo
poder que no evangelho existe.
O evangelho
ao ser difundido aos quatro cantos da terra tem como proposta trazer aos homens
a esperança de serem vasos novos, vasos restaurados, vasos curados, para
voltarem ao seu relacionamento com Deus, e poderem expressar um pouco mais da glória de Deus.
Para mudar sua história o homem precisa passar da condição de vaso quebrado para a de vaso novo, e isto somente Deus, o Supremo artista e o Sábio escultor pode fazer, pois a Bíblia diz que aquele que se encontra em Cristo é feito uma nova criatura (2 Co 5.17), ou seja, é feito um vaso novo, um vaso cujos trincos foram reparados e cuja quebradura foi curada.
Para mudar sua história o homem precisa passar da condição de vaso quebrado para a de vaso novo, e isto somente Deus, o Supremo artista e o Sábio escultor pode fazer, pois a Bíblia diz que aquele que se encontra em Cristo é feito uma nova criatura (2 Co 5.17), ou seja, é feito um vaso novo, um vaso cujos trincos foram reparados e cuja quebradura foi curada.
No evangelho
de Jesus Cristo é que o homem encontra não somente
a graça como também o poder de Deus para fazer dele um vaso sem trinco, um vaso novo.
É através da
graça do evangelho que Deus vem ao encontro do homem para consertar o estrago
que o pecado lhe fez.
É através do
poder do evangelho que Deus repara no homem o mal que o pecado lhe causou.
Não poderei
eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? Deus
perguntou ao profeta Jeremias.
Essa
pergunta que o profeta ouviu naquela época é feita hoje por Deus a todos os
homens através do evangelho de Jesus Cristo: “Porventura não posso fazer com
você o mesmo que o oleiro fez com o vaso que se quebrou? Por acaso não tenho
poder bastante para reparar em você as trincas que o pecado promoveu?”
Paulo escreve: Ora,
àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo
que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera, A esse glória na
igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre. Amém (Ef 3.20-21).
Quando o poder de Deus opera em nós ele é capaz de fazer algo muito maior e melhor do que imaginamos que possa fazer, pois ele faz algo para a glória de Deus.
Quando o poder de Deus opera em nós ele é capaz de fazer algo muito maior e melhor do que imaginamos que possa fazer, pois ele faz algo para a glória de Deus.
Assim, a resposta do vaso quebrado hoje quando ouve o evangelho deve ser: “Sim
Senhor, o Senhor pode fazer em mim mais do que o pecado fez, e eu quero que
assim seja. E é por isto que neste momento eu recebo a Jesus Cristo como meu Salvador e Senhor para me tornar um vaso novo.”
Os pecadores
precisam conhecer o Deus que conserta vasos quebrados, pois somente os vasos
por Ele reparados é terão condições de manifestar e de expressar Sua glória.
Lutero de Paiva Pereira
Lutero de Paiva Pereira
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