terça-feira, 10 de junho de 2014

DEUS CONSERTA VASO QUEBRADO







A palavra do SENHOR, que veio a Jeremias, dizendo:
Levanta-te, e desce à casa do oleiro, e lá te farei ouvir as minhas palavras.
E desci à casa do oleiro, e eis que ele estava fazendo a sua obra sobre as rodas,
Como o vaso, que ele fazia de barro, quebrou-se na mão do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso, conforme o que pareceu bem aos olhos do oleiro fazer. Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? diz o Senhor. Eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel (Jeremias 18.1-6).

Miguel Ângelo Buonarroti, mais conhecido como MICHELÂNGELO, foi um dos maiores artistas italianos do século XV. Além de pintor afamado ele foi também um escultor de renome e no campo da escultura Davi, Leda, Moisés e Pietá são as obras que o imortalizaram. A Pietá, que em português quer dizer Piedade, é uma representação que o artista fez de Maria, a mãe de Jesus.  
Como é próprio de todas as obras do grande artista, a Pietá é de uma beleza sem igual e os turistas que passam por Roma fazem questão de conhecê-la de perto visitando a basílica de São Pedro, no Vaticano, onde encontra-se exposta à visitação pública. Em 1972, no entanto, a Pietá foi danificada por um louco que a atingiu com várias marteladas comprometendo sua beleza original. A escultura, mais tarde, foi reparada mas a obra de restauração foi trabalhosa e demorada porque exigia muita habilidade do restaurador para não comprometer sua beleza primitiva.
Existem muitas outras obras de arte espalhadas pelo mundo, as quais causam espanto e admiração dos que as contemplam, pois vêem nelas a habilidade do artista de fazer nascer do mármore, do bronze, do ferro, da argila, do gesso e de uma centena de outros materiais brutos, uma peça ou uma figura de rara beleza.
Mas dentre todas as obras de arte que no mundo podem ser admiradas, existe uma que se apresenta como sendo a maior, a mais bonita, a mais especial, a mais delicada e a mais valiosa. E também a mais complexa.
Como as outras, essa obra de arte refinada também foi insculpida por um Artista renomado que a partir de um material bruto, de onde ninguém poderia imaginar que sairia algo notável, dali Ele fez surgir sua obra-prima. A expressão obra-prima quer dizer obra ou trabalho principal de um artista.
Com uma habilidade que o homem não tem foi que, a partir do pó da terra, Deus trouxe a existência sua obra mais elevada, a saber, o homem, já que dentre todas as coisas que Deus criou o homem é seu trabalho mais notável, e tem o status de obra inigualável por ter a imagem e semelhança do Criador.
Afinal, ao decidir fazer o homem do pó da terra Deus idealizou dar-lhe uma dignidade que não havia dado a nenhuma outra criatura, ou seja, e de ser feito à sua imagem e conforme Sua semelhança, conforme está escrito na Bíblia: Também disse Deus: façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. ... Criou, pois, o homem, a sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou (Gn 1.26-27).
Ao ser criado por Deus com a dignidade de ter sido feito a Sua imagem e conforme a Sua semelhança, o homem se tornou uma obra de arte de beleza incomparável, de qualidade incomum e de capacidade imensurável.
Trazer a imagem de Deus dá ao homem o destaque de ser a criação mais perfeita, mais gloriosa e mais espetacular do Supremo Escultor, de modo que na terra ninguém a ele se compara neste sentido.
Mas essa obra de arte bonita, delicada, complexa, especial e única, infelizmente, foi danificada e sofreu uma agressão que comprometeu sua beleza original, suas qualidades especiais e sua capacidade insuperável, atingindo em cheio a razão de sua própria existência.
Mesmo assim, é fato, o homem ainda continua a ser obra de arte de Deus, mas obra de arte trincada, danificada e estragada.
E o que foi que trincou a obra-prima de Deus? Quem foi que danificou o vaso especial da criação de Deus? Não foi uma martelada de um louco qualquer, como aconteceu com a Pietá de Michelângelo, nem qualquer outro tipo de agressão feita pelo homem.
Foi algo pior.
O que danificou a obra prima de Deus foi o pecado.
O pecado trincou o vaso especial de Deus; o pecado enfeou o vaso admirável de Deus; o pecado comprometeu a obra prima de Deus em sua função originária, qual seja, a de poder expressar a glória de Deus, de modo que na condição em que o homem se encontra hoje ele está relativamente distante do projeto do Criador.
Não só a Bíblia apresenta o homem como um ser desajustado, desorganizado e em completa desordem, como a vida de cada pessoa é uma prova incontrariável e mais que evidente de que o homem não está bem e  vai mal em seus pensamentos, feitos e obras.
O pecado retirou da obra prima de Deus a capacidade de expressar plenamente Sua glória, o que levou o apóstolo a escrever: porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Rm 3.23), onde  destituído quer dizer estar privado ou desvestido.
 O pecado foi algo terrível e desde então o homem passou a sentir seus efeitos desastrosos em seu corpo, alma e espírito pois sua violência contra o ser humano foi total e fatídica. O pecado danificou a mente, desorganizou a alma, alterou a emoções, comprometeu a vontade, adoeceu o físico e, ainda, trouxe morte ao espírito do homem, fazendo do belo vaso inicial um vaso agora de pouca admiração e desvestido de Sua glória.
E como se tudo isto não bastasse para demonstrar que o homem sentiu profundamente o golpe que lhe foi desferido pelo pecado, ele ainda fez com que a obra prima de Deus perdesse sua capacidade de se relacionar com Deus, com o próximo e consigo mesmo, aumentando significativamente seu drama.
Distanciado de Deus o homem passou a ter dificuldade de ficar perto do seu semelhante, e não poucas vezes se vê dominado até mesmo pela vontade tormentosa de querer fugir de sua própria companhia, o que se constitui numa situação que o atormenta de dia e de noite, ontem, hoje e amanhã, e torna a vida um palco onde se desenrola uma peça cujo enredo não agrada a quem encena, menos ainda quem a assiste.
E todos os homens encontram-se envolvidos nesse teatro de horror, onde numa hora são artistas e noutra plateia, mas em qualquer das duas posições sem prazer algum. Afinal, viver o drama humano é terrível e assistir o drama vivido pelo outro também não é bom.
Em razão desse quadro caótico  real  experimentado por homens e mulheres, ricos e pobres, novos e velhos, cultos e incultos a pergunta que se faz é: há possibilidade de  restaurar o vaso quebrado? Pode a  obra-prima de Deus ser consertada para ter revertido seu drama? Se a resposta for sim, é preciso saber: Quem poderá fazer esse trabalho tão sério e que requer tanta habilidade? A quem os vasos quebrados devem recorrer para serem consertados?
Em princípio o quadro complicado que envolve os homens parece não ter esperança, pois não há na terra alguém com capacidade e habilidade suficientes para fazer trabalho tão delicado, pois a ciência é incapaz, a religião é insuficiente e a cultura, ineficaz para tanto.
A única esperança para o vaso quebrado para ser reparado está fora da terra, ou seja, está em Deus.
Somente Deus pode consertar sua obra prima restaurando, de alguma forma, sua beleza original e reparando sua funcionabilidade perdida.
Somente com a restauração de Deus é que o homem consegue pensar melhor, sentir melhor, relacionar-se com Deus, com o semelhante e consigo mesmo de forma mais tranquila, intensa e ordeira.
Somente Deus pode e tem habilidade suficiente para reparar o homem, salvando-o da situação de desespero em que se encontra em razão de seu estado pecaminoso.
Olhemos, agora, para o texto bíblico que foi lido ao início, o qual fala da experiência do profeta Jeremias quando foi visitar um oleiro em sua oficina, obedecendo a palavra de Deus que neste sentido lhe havia sido dirigida.
O profeta desceu à casa do oleiro e o viu trabalhando. Diz o texto que enquanto o oleiro fazia um vaso  esse se quebrou (v. 4). Quando se quebrou, ao invés de jogar fora o vaso quebrado o oleiro se propôs a trabalhar para fazer do vaso quebrado um vaso novo, o que o fez trazendo a existência um vaso novo conforme pareceu bem aos seus olhos.
Ao fazer o profeta ver o oleiro que consertou o vaso que havia se quebrado, Deus perguntou a Jeremias: Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro (v.5)?
Ou seja, Deus indaga ao seu servo: "Não poderei eu consertar o povo de Israel, que atualmente encontra-se todo quebrado?"
A pergunta que Deus faz tem como objetivo levar o profeta a refletir sobre o seguinte: “se o oleiro pode reparar um vaso quebrado, Deus não é capaz de fazer o mesmo com o povo de Israel que está na condição de vaso quebrado? Se o oleiro tem habilidade para consertar um vaso que se estragou, Deus não tem habilidade para consertar a casa de Israel que se encontra trincada por causa de seus pecados?”
Com tais palavras Deus estava trazendo esperança ao profeta Jeremias, esperança que deveria ser levada ao povo de Israel que naquela altura de sua história encontrava-se em estado de terrível cativeiro, ou seja, viviam como vasos quebrados, mas Deus poderia consertá-los.
A PREGAÇÃO HOJE
Quando o evangelho da graça é anunciado hoje na terra, a mensagem proclamada aos ouvidos de homens e mulheres que, por serem pecadores, estão na condição de vasos quebrados, tem que ser de esperança no sentido de que Deus pode consertar e reparar o estrago que o pecado lhes fez.
E deve ser assim porque o evangelho se dirige a homens e mulheres que na condição de obra prima de Deus, estão danificadas em sua mente, vontade e emoção, faculdades que podem muito bem ser recompostas pelo poder que no evangelho existe.
O evangelho ao ser difundido aos quatro cantos da terra tem como proposta trazer aos homens a esperança de serem vasos novos, vasos restaurados, vasos curados, para voltarem ao seu relacionamento com Deus, e poderem expressar um pouco mais da glória de Deus.
Para mudar sua história o homem precisa passar da condição de vaso quebrado para a de vaso novo, e isto somente Deus, o Supremo artista e o Sábio escultor pode fazer, pois a Bíblia diz que aquele que se encontra em Cristo é feito uma nova criatura (2 Co 5.17), ou seja, é feito um vaso novo, um vaso cujos trincos foram reparados e cuja quebradura foi curada.
No evangelho de Jesus Cristo é que o homem encontra não somente a graça como também o poder de Deus para fazer dele um vaso sem trinco, um vaso novo.
É através da graça do evangelho que Deus vem ao encontro do homem para consertar o estrago que o pecado lhe fez.
É através do poder do evangelho que Deus repara no homem o mal que o pecado lhe causou.
Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? Deus perguntou ao profeta Jeremias.
Essa pergunta que o profeta ouviu naquela época é feita hoje por Deus a todos os homens através do evangelho de Jesus Cristo: “Porventura não posso fazer com você o mesmo que o oleiro fez com o vaso que se quebrou? Por acaso não tenho poder bastante para reparar em você as trincas que o pecado promoveu?”
Paulo escreve: Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera, A esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre. Amém (Ef 3.20-21).
Quando o poder de Deus opera em nós ele é capaz de fazer  algo muito maior e melhor do que imaginamos que possa fazer, pois ele faz algo para a glória de Deus.
Assim, a resposta do vaso quebrado hoje quando ouve o  evangelho deve ser: “Sim Senhor, o Senhor pode fazer em mim mais do que o pecado fez, e eu quero que assim seja. E é por isto que neste momento eu recebo a Jesus Cristo como meu Salvador e  Senhor para me tornar um vaso novo.”
Os pecadores precisam conhecer o Deus que conserta vasos quebrados, pois somente os vasos por Ele reparados é terão condições de manifestar e de expressar Sua glória.  
Lutero de Paiva Pereira


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