A expressão “sê forte e corajoso” é utilizada com certa freqüência
pelos crentes que gostam de se envolver com desafios “espirituais”, pois
entendem que ambos os requisitos, ou seja, ser forte e corajoso são necessários para se alcançar grandes vitórias.
Quem tem um mínimo de conhecimento da Escritura sabe que a expressão
“sê forte e corajoso” encontra-se no livro de Josué, e a ele foi dirigida pelo
próprio Deus quando o jovem sucessor de Moisés estava na iminência de entrar na
Terra Prometida, juntamente com todo o povo.
No entanto, “sê forte e corajoso” não é uma expressão que pode ser lida
isoladamente, como se fosse possível dizer que ela carrega um estímulo
pessoal dirigido a Josué para que fosse destemido e não se intimidasse diante
das lutas que viriam ao pretender a posse da terra.
Se o “sê forte e corajoso” pudesse ser lido sem a conexão que tem, poder-se-ia
dizer que o crente, a semelhança de Josué, tem que ser uma pessoa forte e
corajosa, forte e destemida para, como dizem alguns, “tomar posse da bênção”.
Contudo, lendo o texto onde a expressão está inserida facilmente se
nota que este “sê forte e corajoso” não tem nada a ver com o fato de Josué ser
um homem destemido, enfrentador, disposto para lutar contra os habitantes da
terra. Pelo contrário, o "sê forte e corajoso" implica na disposição e na coragem de entrar no meio de uma
cultura totalmente contraria a Deus, como era o caso de Canaã, e mesmo ali onde
tudo faz oposição a Deus ser forte e corajoso para andar de acordo
com os preceitos de Deus.
Portanto, o “sê forte e corajoso” nada mais é do que ter a disposição e
a coragem para aplicar os preceitos de Deus a sua vida pessoal, vivendo por eles num lugar onde
estes preceitos além de não serem cridos, são também negados e hostilizados.
Por isto é que se lê do texto: Tão-somente
sê forte e mui corajoso para teres o cuidado de observar a lei que meu servo
Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda,
para que sejas bem-sucedido por onde quer que andares (Js 1.7).
Fica evidente, portanto, que a coragem requerida de Josué era para observar a Lei que Moisés lhe havia
ordenado, e que naquele tempo representava a Palavra de Deus para o povo.
Dentro de Canaã a cultura em todos os sentidos, inclusive a religião,
nada tinha a ver com a Lei de Moisés e
Josué, como homem de Deus, teria que ter a força e a coragem necessárias para
viver naquele ambiente tendo como referencia de vida a Lei de Deus, a Palavra de Deus, o que obviamente
implicaria em grande luta pessoal.
Afinal, viver na contra mão da cultura, seja ela em que tempo for, requer
sempre um esforço muito grande para enfrentar seus ataques.
No verso seguinte Deus diz a Josué que seu sucesso na terra dependeria de sua disposição de meditar na Lei sempre e aplicá-la a sua vida: Não cesses de falar deste Livro da Lei;
instes, medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer segundo tudo
quanto nele está escrito; então, farás prosperar o teu caminho e serás
bem-sucedido (Js 1.8).
Sabemos pela história que Josué foi forte e corajoso o suficiente para observar a Lei de Deus num lugar onde ela foi sempre negada.
Passados tantos séculos desde que Josué ouviu tais palavras o “sê forte e corajoso” para "observares a Lei" se apresenta útil aos crentes visto que há muita coisa fazendo oposição a Palavra de Deus dentro
da própria Casa de Deus.
Caminhar no mundo religioso atual, e isto dentro do próprio cristianismo,
observando a Palavra de Deus como regra
de fé e prática requer muito mais coragem que de início se pode imaginar, pois a
pressão para desviar os olhos da Palavra e consequentemente de Cristo, é grande
o suficiente para intimidar aqueles que pretendem levantar a voz contra o estado atual de coisas.
Há uma cultura religiosa dentro da cultura evangélica que se opõe claramente
a Escritura, não obstante faça uso da própria Escritura, e esta cultura desafia
a coragem dos crentes de não seguirem por suas sedutoras propostas.
No contexto da Terra Prometida, e isto quando o povo de Israel não tinha tido força e coragem suficientes para observar o Livro de Lei foi que Josué chamando as tribos sugeriu uma decisão, dizendo: escolhei,
hoje, a quem sirvais: se aos deuses a quem serviram vossos pais que estavam
dalém do Eufrates ou aos deuses dos amorreus em cuja terra habitais. Eu e minha
casa serviremos ao Senhor (Js 24.15).
Não há dúvida que Josué teve que ter força e coragem para dizer que ele
e sua casa serviriam ao Senhor, mesmo que o povo não se inclinasse a isto, e
servir ao Senhor implicava em continuar a observar o Livro da Lei em todos os seus contornos para a vida.
Assim que o povo fez a opção de servir ao Senhor Josué os adverte a tomada de uma atitude , ou seja, jogar fora os deuses estranhos que já estavam
com eles a algum tempo: Agora, pois, deitai
fora os deuses estranhos que há no meio de vós e inclinai o coração ao Senhor,
Deus de Israel (Js 24.23).
Quando em nossos dias a igreja dá sinais de comprometimento sério de sua conduta, é preciso
que homens e mulheres de força e coragem ergam suas vozes em atitudes para
dizer não a tudo o que está aí, dizendo sim a Escritura e não as doutrinas estranhas, e como Josué
firmando seu posicionamento intransigente: eu
e minha casa observaremos a Palavra de Deus.
Somente assim será possível despertar outros a deitar fora suas doutrinas estranhas, voltando-se à Palavra de
Deus, para glória de Deus.
É, portanto, momento mais que oportuno para ser forte e corajoso para fazer
uma opção pela Escritura, e pela Escritura somente.
Lutero de Paiva Pereira
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