Algumas
palavras, considerando o que significam e aquilo para o que apontam, despertam
grande interesse em serem ouvidas.
Tal é o
caso, por exemplo, das palavras sucesso, riqueza, bênção, etc.
Um sermão
que fale de sucesso, de riqueza, de bênçãos, independentemente de ter base
teológica, é sempre bem ouvido e, na grande maioria das vezes, crido.
Mas existe outra
palavra igualmente cativante, e talvez até mesmo mais atraente do que as anteriormente
citadas, e que empregada no sermão torna a mensagem totalmente aprovada por
todos.
É o caso da
palavra poder.
Um sermão
que aborde a questão do poder e
proponha que o ouvinte ficará cheio dele não tem como não fazer sucesso.
Parece que o
homem tem mais necessidade de poder do
que de qualquer outra coisa, e os crentes em especial o procuram com muito mais
dedicação do que ao próprio Deus.
Aliás,
muitos procuram Deus para terem poder,
o que em última análise significa que procuram o próprio poder.
Uma conferência
que tenha como tema O poder da oração,
por exemplo, terá bem mais
inscrições do que aquela que anuncia simplesmente: A oração.
Outra que
anuncie: Poder para viver será mais
frequentada do que aquela que apregoa: A
vida do crente.
Ou seja, coloque
a palavra poder e o resto que for
acrescentado não interessa quase nada. No sentido contrário também é
verdadeiro, isto é, não coloque a palavra poder
e o que vier depois pouco interesse terá.
No caso da
oração, a partir do momento que inventaram e divulgaram a ideia de que a oração
tem poder, a temática ganhou espaço
no coração dos crentes aguçando o apetite de todos para se apoderarem desse dínamo que necessitam para vencer tudo
e todos.
No que diz
respeito a adoração, pode-se dizer que ela cria vínculo real entre o adorador e
a coisa adorada, e isto a ponto de transformar a pessoa que adora tornando-a parecida
com aquilo a quem presta culto.
Esta é a
ideia do poder da adoração a ser
abordado aqui.
Não é que a
adoração comunique algum poder a quem a prática, mas sim, que a adoração em si
mesma tem o poder ou a capacidade de unir ou aproximar o adorador e o objeto adorado de tal forma um
do outro a ponto deste comunicar suas características àquele.
Não é que a
coisa adorada fica parecida com a pessoa que a adora, mas sim o contrário, ou
seja, que a pessoa que adora se torna parecida com a coisa que adora.
Este é o verdeiro poder constante da adoração.
Sabedor disto o crente precisa saber a quem está realmente adorando, e uma das
maneiras seguras de fazer esta comprovação é ver com quem ele está se parecendo a cada dia.
No salmo 115 a questão da semelhança que se estabelece entre
o adorador e a “divindade” adorada fica patente e clara, pois o salmista diz
que as nações pagãs fabricam seus deuses, os quais não têm vida, pois têm
olhos, e não veem; têm boca, mas não falam; têm pés e não andam, de modo que
aqueles que se entregam a esses deuses mortos são ou ficam mortos como mortos eles
são.
O versículo 8 do referido salmo diz: A eles se
tornem semelhantes os que os fazem, assim como todos os que neles confiam.
Quando o versículo diz que os
adoradores desses deuses se tornam semelhantes a eles, isto prova que a
adoração tem o poder de igualar o
adorador à coisa adorada.
Num certo
momento da vida de Israel, quando o povo se pôs a adorar ou a prestar cultos
aos deuses estranhos, o poder da
adoração fez com que eles adotassem uma prática abominável aos olhos de Deus, a
saber, a de sacrificar os próprios filhos em honra à divindade adorada.
Se a adoração
tem o poder de vincular o adorador
àquilo que adora, a lógica é que a adoração
ao Deus vivo, ao Deus que vê, ouve, fala, age, realiza, etc., ao Deus que é
santo, amoroso, justo, bom, etc. deve comunicar aos que o adoram essa
semelhança com Ele, tornando os cristãos capacitados a ver, ouvir, falar,
fazer, realizar como Deus é capaz de tudo isto, bem como de serem santos,
amorosos, justos, bons, como Deus o é.
Se isto é assim,
porque os cristãos, em boa maioria, os quais dizem que adoram a Deus, não
recebem de Deus as virtudes que dEle são próprias e com Ele não se assemelham?
A única
resposta possível é que podem não estar adorando o Deus verdadeiro, mesmo
dizendo que estejam fazendo isto corretamente.
Como é
possível o cristão não estar adorando o Deus verdadeiro?
A
possibilidade vem quando adora um deus imaginário ou mesmo quando O adora de
forma contrária aos seus preceitos.
Vale, pois,
refletir e pensar sobre a adoração pessoal ou coletiva que se desenvolve, pois
pode ser que alguma coisa não esteja certa nesta prática.
Espero que esta abordagem não tenha decepcionado quem intentou lê-la com o interesse de descobrir o poder da adoração conforme que se proclama por aí, mas que tenha ao menos servido de apoio para um estudo mais sério do tema à luz da Escritura.
Lutero de
Paiva Pereira