Toda ofensa coloca o ofensor numa situação de desconforto,
pois ela o obriga a sofrer uma pena ou punição correspondente ato que praticou.
A única alternativa para o causador da ofensa se livrar das consequências
negativas de sua atitude é ser perdoado pela pessoa a quem ofendeu.
Por isto é que se pode dizer que há poder no perdão,
pois quando ele é concedido o perdoado fica livre da condenação a que estava
sujeito.
No entanto, como o perdão está nas mãos da pessoa que
foi ofendida e somente ela pode concedê-lo quem a ofendeu, nesta posição ela se
torna superior àquele que necessita ser perdoada, pois caso não o perdoe o
ofendido terá que responder por seu ato.
Uma vez praticada a ofensa a relação entre o ofendido
e o ofensor é a seguinte: o ofendido tem o direito de perdoar mas não o dever
de fazê-lo, já o ofensor tem a necessidade de ser perdoado mas não o direito de
sê-lo.
Talvez foi olhando o perdão nessa perspectiva, ou
seja, de que ele é um direito do ofendido mas não uma obrigação, e uma
necessidade de quem ofendeu mas não um direito, foi que o salmista afirmou: contigo,
isto é, com Deus, está
o perdão para que sejas temido (Sl 130.4).
Na condição de ofendido pelo pecado humano Deus tem o poder
de perdoar o homem mas não a obrigação de fazê-lo, e caso não o perdoe a
sentença de morte decorrente do pecado atingirá o pecador no dia do juízo
final, pois naquele tempo a Bíblia diz que Deus julgará todos os homens.
O pecador, por sua vez, como aquele que ofendeu a Deus por seu
pecado, não pode exigir o perdão divino embora necessite dele para livrar-se da
condenação à morte eterna que seu ato lhe impõe.
É certo que pouco ou quase nada pensamos sobre o temer
a Deus pelo fato do perdão estar em Suas mãos, pois em regra desconhecemos não
só o poder que há no perdão, como também as consequências terríveis do pecado.
Biblicamente falando o pecado trouxe para o homem a
punição à morte eterna, e a menos que Deus lhe conceda o perdão para
restabelecer seu relacionamento com Ele, é impossível o livramento dessa
sentença que lhe é totalmente desfavorável.
A Bíblia diz que o salário, isto é, que o pagamento do pecado é a
morte (Rm 6.23), de modo que todo pecador receberá como
pagamento de sua transgressão a sentença de morte eterna.
Para que a sentença de morte não seja lançada contra
ele, a única alternativa que resta ao pecador para se livrar dessa punição eterna
é contar com uma atitude graciosa de Deus em seu favor,
perdoando-o de toda sua transgressão.
Como o perdão tem o poder de livrar o perdoado da
morte, a mais sensata das atitudes do pecador é temer aquele que tem ao seu
dispor o instrumento capaz de lhe trazer esse livramento, a saber, Deus.
Quando as páginas do Novo Testamento são abertas, a
boa notícia que os pecadores têm ao seu dispor é que mesmo não tendo o direito
de serem perdoados, mesmo assim o perdão divino que os livra da punição de
morte eterna foi posto ao seu alcance.
Pelos registros sagrados se tem a notícia de que em
Jesus Cristo Deus resolveu perdoar as ofensas dos pecadores
para livrá-los dos efeitos condenatórios da sentença de morte que pesava sobre
cada um deles, e isto para em lugar da morte lhes conceder o dom da vida eterna.
E essa atitude especial de Deus foi chamada de evangelho, palavra que significa boas
novas.
A vinda do Filho de Deus ao mundo é a boa nova ou a
boa notícia que o pecador pode ouvir, visto que a partir daí ele tem a certeza de
que aprouve a Deus perdoar aos homens as suas transgressões.
Dentre os muitos versículos que
apontam para essa iniciativa perdoadora de Deus em favor dos pecadores se
destaca aquele que diz que Deus amou o mundo de tal maneira que deu o
seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a
vida eterna (Jo 3.16).
O escritor diz que foi o amor que
levou Deus a ter a iniciativa de enviar seu Filho ao mundo, para através dEle dar
vida eterna em lugar de perecimento eterno ao homem, o que acontecerá com todos
aqueles que crerem em Jesus Cristo como seu salvador pessoal.
No entanto, é preciso que se saiba que ao resolver
perdoar o pecador Deus estabeleceu uma condição única e imodificável para que o
perdão seja experimentado, e a condição não é outra senão o pecador crer na
pessoa e na obra redentora de Jesus Cristo.
Afinal, foi através de Sua morte na cruz que Jesus
Cristo pagou os pecados dos homens para que esses pudessem gozar de estreita e
eterna comunhão com Deus.
Deus somente perdoa o pecado que foi pago, e o único
autorizado por Deus a pagar o pecado do mundo é Jesus Cristo, motivo pelo qual
a Bíblia diz que em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do
céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser
salvos (At 4.12).
Mas por que se pode dizer que Deus perdoa somente o
pecado que foi pago?
A razão é simples.
Desde o Antigo Testamento Deus vem dizendo não só que
a consequência do pecado é a morte, como também que toda pessoa responderá diretamente
por seus próprios pecados, sofrendo a punição. Como todos os homens
pecaram (Rm 5.12) isto quer dizer que cada um é pessoalmente merecedor
da sentença de morte decorrente do pecado que carrega consigo.
Quando, então, Deus resolve perdoar o pecador de suas
transgressões para livrá-lo da morte, a solução que Ele propõe é enviar seu
Filho ao mundo para que o Filho morra em lugar de todos (2 Co
5.14), ou seja, para que Jesus receba na cruz a sentença de morte dos
pecadores, pagando o pecado deles, e isto para que eles tenham direito à vida
eterna.
Neste sentido a Escritura afirma
que ele (Jesus) morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas
para aquele que por eles morreu e ressuscitou (2 Co 5.15).
Quando na cruz Jesus suportou a
sentença de morte dos pecados dos homens, Ele o fez para afastar deles a
condenação de morte que os atormentava pela ofensa cometida contra Deus.
Jesus paga os pecados dos pecadores com Sua própria
vida, para mais tarde conceder Sua vida aos pecadores que nele creram.
Diz a Bíblia que o castigo que nos traz a paz
estava sobre ele (Isa 53.5), isto é, o castigo de morte que foi posto
sobre Cristo na cruz traz a paz com Deus aos que foram perdoados, pois quando o
pecador crê naquele que morreu por seus pecados imediatamente ele é perdoado e
reconciliado com Deus para sempre, o que indica um estado de paz eterna.
Uma vez tendo crido na obra perdoadora de Cristo na
cruz o pecador pode, então, provar da máxima afirmada pela Escritura Sagrada de
que nenhuma condenação mais há para aqueles que estão em Cristo
Jesus (Rm 8.1).
Portanto, Cristo pregado na cruz aponta para a graça
de Deus derramada em favor dos homens, graça que consiste em Deus enviar Seu
próprio Filho ao mundo para morrer em lugar daqueles que O ofenderam e assim
perdoá-los para sempre.
Conclusão
O perdão, portanto, é necessário para que o pecador tenha um futuro eterno agradável, e somente
com a experiência de ser perdoado é que ele sente o alívio interior de estar
para sempre unido a Deus.
Como o perdão está com Deus temê-Lo é coisa sensata e
amá-Lo a reação mais certa, já que Seu perdão foi estendido a todos.
Em face do que foi apresentado acima três conclusões
devem ser consideradas:
A primeira, é que na condição de pecador o homem
precisa do perdão divino para livrar-se da condenação de morte que seu pecado
lhe impôs. E como ninguém a não ser Deus tem o direito e o poder de perdoar,
Deus deve ser temido por aquele que necessita do poder libertador do perdão;
A segunda, é que o perdão que Deus concede ao pecador
é poderoso o bastante não só para afastar a pena de morte que pesa sobre ele,
como também para conceder ao perdoado o dom da vida eterna. Bem-aventurado, escreveu o salmista, aquele cuja
iniquidade é perdoada (Sl 32.1) e,
A terceira, é que o perdão está acessível a todo
pecador que crer em Jesus Cristo. E tendo sido perdoado por Cristo ele é
prontamente reconciliado com Deus, pois Deus estava em Cristo,
reconciliando consigo mesmo o mundo, não imputando aos homens os seus
pecados (2 Co 5.19). De tal forma foi a satisfação e a eterna
confiança de Paulo na obra remidora e perdoadora de Cristo que ele
escreveu: E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas
transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com
ele (Jesus), perdoando todos os nossos delitos (pecados),
tendo cancelado o escrito de dívida (sentença), que era contra nós (Cl
2.13/14).
Se você já recebeu a Cristo como Salvador, isto quer
dizer que o perdão lhe foi outorgado e sua reconciliação com Deus está firmada
de forma eterna, de modo que já passou da
morte para a vida (Jo 5.24).
Caso você ainda não recebeu a Jesus Cristo como
Salvador pessoal, que o faça ainda hoje para ser reconciliado com Deus e ganhar
o direito à vida eterna em Seu Reino de glória.
Portanto, não procure fora de Cristo o que só em
Cristo você pode achar, a saber, o perdão que tem o poder de livrá-lo da morte
eterna para lhe assegurar o direito à vida eterna.