quinta-feira, 18 de abril de 2013

A ressurreição é o evangelho


A ressurreição de Jesus Cristo foi um marco teológico e histórico sem igual na história da humanidade, pois ninguém antes dEle ou alguém depois dEle foi capaz de realizar algo tão espetacular.
Foi um marco teológico de grande repercussão porque a ressurreição trata da intervenção mais objetiva de Deus na história do homem, com consequências que transcendem o tempo e apontam para a eternidade.
No Antigo Testamento Deus realizou muitos sinais espetaculares em beneficio do seu povo como, por exemplo, abrir o mar vermelho para os israelitas passar a pé enxuto quando deixavam o Egito em direção a terra prometida, enviar alimento para o povo no deserto durante o tempo de sua peregrinação ali, etc.
No entanto, quando a ressurreição vem a tona ela se torna o fato mais notável entre todos os sinais divinos jamais realizados, pois tal acontecimento dentro da geografia humana tem conotações espirituais suficientes para atingir o próprio reino das trevas que dominava a terra.
Afinal, a morte tem no pecado a causa principal de sua ingerência na historia do homem, e nenhum pecador tem como escapar ao seu poderia.
A Bíblia registra que como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram (Rm 5.12).
 Assim, no mundo espiritual da maldade a ressurreição lançou seus efeitos vitoriosos, pois Jesus despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo (Cl 2.15), para trazer libertação ao homem.
Como a morte entra no mundo por meio de um homem, a saber, Adão, a vida, pela ressurreição, também entra no mundo por meio de homem, ou seja, Jesus como está escrito:
Se pela ofensa de um e por meio de um só (Adão) reinou a morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo (Rm 5.17).
Ao se fazer vitorioso através da ressurreição Jesus podia, enfim, dizer: vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno (Ap 1.18).
A ressurreição, em termos teológicos, aponta para o fim do império absoluto da morte.
Mas além de ser um marco teológico a ressurreição foi também um marco histórico porque, dentre outras coisas, o seu Autor acabou influenciando a própria contagem do tempo.
A partir do momento que ressuscitou dentre os mortos Jesus se tornou um homem notável e sem igual, e de tal sorte foi seu destaque na História que a partir dEle o calendário foi dividido em dois tempos distintos, a saber, o antes de Cristo – AC – e o depois de Cristo – DC.
Porque Jesus ressuscitou dentre os mortos vivemos hoje no ano 2013 da era cristã e não no ano 6013, 7013 ou coisa parecida, e isto para mostrar que a ressurreição fez iniciar um novo tempo no calendário humano.
Mas se por meio da ressurreição Jesus Cristo foi capaz de mudar a contagem do tempo repartindo-o em dois períodos diferentes, é igualmente certo que Cristo, uma vez crido pelo homem como seu Salvador e confessado como seu Senhor, pode mudar o tempo da pessoa que por Ele é salva.
Quando a Bíblia diz que quem está em Cristo é nova criatura, as coisas antigas já passaram, eis que tudo se fez novo (2 Co 5.17), este verso aponta para dois períodos de tempo diferentes na história de quem crê em Cristo.
O primeiro tempo apregoado no versículo é aquele anterior à conversão, chamado de tempo das coisas antigas, e o segundo é o tempo depois da conversão indicado no texto como o tempo onde tudo se fez novo.
O tempo das coisas antigas, pelo teor da Escritura, já passaram e o tempo das coisas novas é o do que está por vir e aponta para a eternidade com Deus.
O tempo das coisas antigas é o tempo AC, isto é, antes de crer em Cristo quando a esperança de vida eterna não existe, porque a fé salvadora ainda não operou no coração.
Já o tempo das coisas novas é o tempo DC, isto é, depois de crer em Cristo, quando houve a regeneração e com ela uma perspectiva e expectativa de vida no coração do salvo.
Só quem crê em Cristo experimenta esta mudança de contagem no tempo de sua existência pessoal, saindo do tempo AC e passando para o tempo DC.
Se a ressurreição de Cristo não tivesse ocorrido a pregação seria vã, e vã, também, a vossa fé (1 Cor 15.14), diz o apóstolo Paulo.
Mas como Cristo ressuscitou a fé não é vã ou vazia, mas sim, tem conteúdo, bem assim a pregação não é vã ou vazia, pelo contrario, é capaz de comunicar uma realidade que o homem pode experimentar.
Passaram-se décadas, séculos, milênios desde o tempo em que a morte entrou no mundo até que nasce em Belém de Judá, numa pequena cidade de Israel, uma criança que mais tarde seria apresentada aos homens como sendo Filho de Deus.
Na condição de Filho de Deus Jesus começa a fazer uma pregação bastante ousada ao dizer que venceria a morte e daria vida aos homens.
Aos ouvidos de pessoas que relutavam em crer em sua pregação Jesus dizia: Quem crê em mim, ainda que esteja morto viverá (Jo 11.25); Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão ( Jo 10.28); Por que eu vivo, vós vivereis (Jo 14.19);Eu sou a ressurreição e a vida (Jo 11.25).
Alguns achavam aquilo um absurdo, enquanto outros criam, mas criam com reserva ou desconfiança em razão do ineditismo da proposta.
Até aqueles que seriam feitos seus discípulos têm dificuldade de acolher no coração sem qualquer reserva essa mensagem.
Chega, finalmente, o dia de conferir se a pregação era realmente verdadeira, pois Jesus é preso e condenado à morte de cruz.
Morto na cruz, a qual ficou conhecida como cruz do Calvário por ser este o nome do monte onde ela foi erguida, Jesus tem seu corpo retirado do madeiro e posto na sepultura.
É possível pensar que o cortejo fúnebre de Jesus foi bem concorrido.
Passam-se dois dias e o corpo do grande pregador ainda está no túmulo, o que certamente mexe com a mente dos seus discípulos fazendo-os pensar que estavam certos em não acreditar totalmente na mensagem que dEle ouviram.
Alguns dos seguidores, decepcionados, começam a deixar a cidade de Jerusalém pois não podem esperar contra a esperança.
Sabendo que Jesus estava morto algumas mulheres vão ao seu túmulo para render-lhe homenagem, levando perfumes para afastar dali o cheiro terrível da morte. E ao chegarem ao sepulcro são surpreendidas com o fato de não verem o corpo de Jesus no túmulo.
A primeira coisa que pensam não é na ressurreição, já que isto não era lógico, mas sim que roubaram o corpo do Mestre.
Enquanto estão espantadas com o sumiço do corpo de Jesus, eis que dois varões de branco se põem diante delas e indagam:
Porque procurai entre os mortos aquele que vive?
A pergunta traz embutida uma afirmativa: Jesus ressuscitou.
Era o evangelho sendo proclamado em alto e bom som pela primeira vez no ambiente mais adequado para ser ouvido, a saber, no cemitério.
Afinal, a ressurreição é uma mensagem a ser ouvida por homens mortos em delitos e pecados.
Jesus vive; a morte foi vencida; há esperança; um tempo novo se inicia na terra, era o que a ressurreição anunciava aos seus primeiros ouvintes.
As mulheres saem apressadamente para contar o ocorrido aos discípulos, os quais têm as reações mais diversas.
A ressurreição traz muitos significados.
Ela diz que Jesus era realmente o Filho de Deus; que Jesus se tornou Senhor; que Jesus pode salvar da morte os pecadores; que Jesus é o único mediador entre Deus e os homens; que Jesus pode justificar o pecador de todas as suas transgressões.
Afinal, Jesus não ressuscitou para seu benefício pessoal, senão para benefício daqueles que neles viessem a crer, pois é através de sua ressurreição que Ele reconcilia o pecador com Deus.
Não se pode perder de vista que tanto a morte de Jesus como Sua ressurreição, ambos os acontecimentos têm como causa principal o homem, pois a Bíblia diz que Jesus morreu por causa dos nossos pecados, e não por causa dos pecados dEle, e que Ele ressuscitou para nossa justificação e não para justificar-se a Si mesmo, pois Ele era justo em sua natureza.
Ainda se pode dizer que Jesus não ressuscitou para ter a imortalidade para si, senão para comunicar a imortalidade aos homens mortais, nem ressuscitou para voltar a desfrutar da glória que tinha com Deus antes que o mundo existisse, senão para também levar os crentes a desfrutarem de igual privilégio.
É por estas e outras razões que se pode afirmar que a ressurreição é o evangelho ou as boas novas, pois é a partir dela que tudo acontece em termos de salvação.
Há, portanto, evangelho a proclamar, boas novas a anunciar e esperança a comunicar, pois ao Cristo ressurreto todo poder no céu e na terra (MT 28.18) lhe foi outorgado.
Mas a pergunta que não quer calar é a seguinte: qual é o tempo de sua vida atual, antes de Cristo – AC - ou depois de Cristo - DC?
Se você ainda não creu em Cristo sua vida está no período AC – antes de estar em Cristoou seja, no tempo das coisas antigas e por isto mesmo sem Deus e sem esperança no mundo.
Mas se deseja viver no tempo DC - depois de crer em Cristo - quando tudo se faz novo, isto é, no tempo da esperança, é preciso se arrepender dos pecados, crer em Jesus e batizar-se imediatamente como prova da fé.
Lutero de Paiva Pereira

quarta-feira, 10 de abril de 2013

ALGO MELHOR A ESPERAR



A máxima popular de que a esperança é a última que morre aponta para a importância desse sentimento e, como sabemos, de seus efeitos positivos na vida.
Dizer que a esperança é a última que morre indica que ela sustenta a vida, e que quando a esperança morre ficam evidentes os sinais que indicam o fim.
Vivendo num mundo cercado de desastres naturais e sociais que trazem surpresas desagradáveis, verdadeiros ladrões da esperança, com muita frequência a sensação de que o futuro será pior do que o presente retira o sono e acaba com os sonhos. A pessoa desesperançada se torna triste, adoece, perde as forças e começa a ver em preto-branco onde antes enxergava colorido.
Uma pessoa sem esperança é um navio em vias de afundamento.
Olhando o mundo e sua história é possível dizer que não há expectativa de dias melhores sobre a terra, ainda que o desenvolvimento cultural e o avanço tecnológico tenham trazido nos últimos tempos melhoras significativas em vários ambientes da vida.
Mas mesmo se o mundo continuasse a melhorar a ponto de se poder imaginar que futuramente tudo seria excelente, ainda assim a realidade não seria muito diferente do que é hoje, porque a morte, o sofrimento, a dor, a desilusão ainda continuariam a existir no Planeta.
Com efeito,  parte do desespero que o homem  experimenta não vem necessariamente dos fatores externos adversos estão próximo dele, ou seja, do mundo que o cerca, mas sim do próprio coração, ou seja, do seu chamado mundo interior.
É comum a pessoa sentir desespero mesmo quando as circunstâncias ou o que está ao seu redor se mostra em ordem.
Sendo assim, onde encontrar uma fonte segura para comunicar esperança à alma que está  a ponto de afundar sob a pressão das águas do desespero?
A resposta mais certa nos leva a pensar no evangelho ou nas boas novas trazidas por de Jesus Cristo.
Biblicamente falando o evangelho é essencialmente uma mensagem de esperança, pois o que ele tem de melhor está reservado e aponta para o  futuro. E ainda que esse futuro possa parecer distante  isto não importa, desde que se possa ter certeza de que um dia ele será real.
Embora muitas coisas boas o evangelho ofereça desde logo aos salvos no momento em que nele creem, é possível dizer que o melhor e mais significativo que o evangelho propõe para o homem está no tempo que se aguarda chegar.
O apóstolo Pedro falando sobre sua expectativa em relação ao futuro que a fé  comunica, é enfático em afirmar que ele e, com ele, todos os crentes, considerando o que Deus prometeu no Antigo Testamento, devem esperar novos céus e nova terra, nos quais habita justiça (2 Pe 3.13).
Destas palavras inspiradas do escritor sagrado se entende que há sim uma nova terra a esperar os filhos de Deus para uma morada eterna e feliz, lugar aprazível por ser uma terra onde a justiça divina habitará, ou seja, onde as coisas funcionarão de acordo com os preceitos estabelecidos por Deus, o que garantirá uma ordem social jamais provada pelo homem.
Por sua vez, os habitantes dessa nova terra se sentirão bem ali porque foram feitos novas criaturas  quando gerados de novo pela fé em Jesus Cristo, e ao serem glorificados ao tempo da volta de Cristo estarão aptos para o novo mundo. A glorificação implicará em ter uma natureza humana livre do pecado e, portanto, sem qualquer hostilidade aos princípios de Deus assegurando prazer em observar os retos preceitos do Senhor.
A certeza de que essa nova terra enfim será uma realidade palpável decorre do fato de que Deus prometeu que fará isto, e Sua promessa contida no Antigo e reprisada no Novo Testamento ao seu tempo se cumprirá.
E tendo em conta que muitas promessas divinas contidas no Antigo Testamento já foram cumpridas como, por exemplo, a própria vinda de Jesus ao mundo, os crentes podem ter certeza de que a promessa antiga de que haverá uma nova terra será cumprida, seguindo a máxima contida na Escritura de que Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa (Ne 23.19), de modo que aquilo que prometeu Ele fará.
Tendo em conta que Deus não mente e nem se arrepende de haver prometido, e tendo prometido cumpre integral e plenamente o que prometeu, vale esperar pela nova terra que Deus, por intermédio do profeta Isaias, disse que um dia trará a existência para felicidade dos seus filhos: Eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das cousas passadas, jamais haverá memória delas. (Isa 65.17)
No último livro da Bíblia seu autor, o apóstolo João, diz que viu novo céu e a nova terra (Ap 21.1), uma vez que o primeiro céu e a primeira terra, a saber, a terra como hoje a experimentamos passaram para dar espaço ao surgimento de um novo ambiente.
E esse novo ambiente será tão majestoso que o próprio Deus, conforme João relata nos versos 2 e 3, descerá dos céus  para  tabernacular com os homens para sempre.
E porque Deus mesmo se fará presente na nova terra em morada eterna com os homens, João afirma que Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas.
Uma terra sem morte, nem pranto, nem dor, nem lágrimas de dor, parece ser um lugar realmente muito bom para se viver.
Portanto, à luz da Escritura e considerando as boas novas de Deus presentes na obra e na pessoa de Jesus, é possível em meio a uma terra que engole a esperança, como é o caso da terra atual,  ser tomado pela expectativa de algo melhor, a saber, a nova terra como habitação eterna dos salvoso que acontecerá ao tempo da segunda volta de Cristo.
Lá no Antigo Testamento o salmista inicia seu salmo 23 dizendo:  O Senhor é o meu pastor, nada me faltará (v.1). E ao concluir ele afirma: a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do SENHOR por longos dias (v.6).
Quem pela fé em Cristo passou a tê-lo como seu pastor poderá, à semelhança do salmista, estar seguro que habitará na casa do Senhor para sempre, e isto porque por todo o tempo de sua existência nesta terra passageira a misericórdia do Senhor sempre o seguiu.
Paulo escreve dizendo que uma vez que Cristo ressuscitou dentre os mortos, Cristo mesmo nos ressuscitará para estarmos para sempre com Ele. E com esta expectativa de viver para sempre com Cristo os crentes deveriam se consolar e se confortar uns aos outros: Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com ele. Dizemo-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem.  Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.  Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras (1 Ts 4:14-18).
Aos que creram em Jesus Cristo há, portanto, algo melhor a esperar, ou seja, uma  nova terra onde Deus habitará conosco para todo o sempre e é na esperança que fomos salvos (Rm 8.24).
Se você está passando por uma fase de desespero interior, deixe-se dominar por aquilo que é verdadeiro e que no futuro próximo será real, ou seja, que Cristo voltará e inaugurará aqui uma nova terra que será a morada eterna e prazerosa dos salvos. Espere por aquilo que Deus prometeu, sonhe com isto, pense nisto e seu ânimo de viver poderá ser reforçado ou, se o caso, simplesmente retomado.

Lutero de Paiva Pereira
Membro da Igreja Presbiteriana Central - IPB-Central
 Maringá – PR
luteroadv@gmail.com