quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

VOCÊ TEM FUTURO?



O sentimento de não ter futuro é muito doloroso, pois uma pessoa vivendo sem um amanhã esperançoso, qualquer que seja a área, tem pouco interesse pela vida.

O futuro é tão essencial ao ser humano que se pode dizer que quem tem futuro tem presente, e o futuro excelente proporciona um presente melhor.

Na verdade o que dá significado ao dia de hoje é o dia de amanhã, é a possibilidade de se alcançar algo, é a expectativa de realizar um sonho.

Aquilo que se espera, que se deseja obter, a expectativa que se carrega em relação a algo novo é um combustível para a alma e dá dinâmica a vida, sendo certo dizer que o futuro bom constrói o presente e o futuro ruim o destrói, de modo que para se ter um viver saudável hoje é preciso esperar por algo bom no amanhã.

O futuro pode ser dividido em três momentos distintos. Em primeiro lugar temos o futuro imediato, onde estão depositados os sonhos de realização mais próxima e rápida; em segundo, vem o futuro mediato cujas expectativas demoram um pouco mais para serem alcançadas, pois estão num tempo bem mais distante e, em terceiro e último lugar está o futuro remoto, o futuro longínquo que aponta para uma época muito distante.

As pessoas que vivem sob a influência do futuro imediato e do futuro mediato, ou seja, do futuro das expectativas de realização de curto e médio prazo estão sempre cheias de energia pelo prazer de esperarem pelas coisas e pelos sonhos que estão na iminência de serem realizados. Mas muito mais satisfeitas viverão tais pessoas caso sejam consoladas também pelo futuro remoto, porque esse futuro é mais que essencial e faz bem para a alma.

O futuro remoto aqui referido trata das promessas feitas por Deus em favor daqueles que se tornaram seus filhos ao tempo em que creram em Jesus Cristo.

Considerando o que a Bíblia diz em termos de futuro remoto é possível crer que ele será real e excelente um dia, daí a importância de conhecer um pouco de como ele será, para que isto nos ajude a viver melhor hoje.

Biblicamente falando a pessoa que crê em Jesus Cristo é estimulada a viver sustentada por um futuro glorioso, pois o evangelho não só lhe traz uma boa esperança, como também garante a sua realização.

Quando Jesus ressuscitou todo poder lhe foi dado no céu e na terra (Mt 28.18), e em razão disto Ele se tornou capacitado para garantir para sempre o futuro daqueles que são salvos por meio do Seu sacrifício.

O homem não tem domínio sobre o futuro, pois o futuro a Deus pertence, mas o futuro tem domínio sobre o homem influenciando seus dias de forma muito objetiva, de modo que se o futuro não o atemoriza, mas conforta; se o futuro não o angustia mas consola; se o que está por vir não lhe cria repulsa mas gera atração, então se pode dizer que esse futuro domina você para o bem e não para o mal, para a vida e não para a morte, para a esperança e não para o desespero.

Em termos de futuro a fé cristã tem a melhor esperança a oferecer ao homem ao apontar, ao tempo da segunda vinda de Cristo, para o estabelecimento do Reino de Deus na terra, ocasião em que dele participarão todos aqueles que foram salvos por Jesus Cristo. Ignorar ou desconhecer essa esperança da fé, na prática, é viver sem fé, e o melhor da fé, conforme a Escritura Sagrada informa, ainda está por acontecer, e acontecerá quando Cristo restaurar todas as coisas.

O apóstolo Pedro diz que nós, segundo a promessa de Deus, esperamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça (2 Pe 3.13), e tais palavras denotam que o escritor sagrado tem expectativa em relação ao que Deus prometeu para os salvos, a saber, novos céus e nova terra onde habita a justiça.

Esperar aquilo que Deus prometeu é aguardar por um futuro melhor, pois diz a Escritura que as coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam (1 Co 2.9).

Afinal, se Deus já nos deu seu próprio Filho não nos dará um futuro excelente com Ele, escreveu o apóstolo Paulo: Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas?  (Rm 8.32).

Sim, é justo esperar que em termos de futuro glorioso Deus tem o melhor para aqueles que Ele salvou em Jesus Cristo.

De outra parte esperar aquilo que Deus prometeu é ter a certeza de alcançar, pois Deus cumpre sua promessa conforme está escrito: Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa; porventura diria ele, e não o faria? Ou falaria, e não o confirmaria (Nm 23.19)?

Portanto, fique certo que aquilo que Deus prometeu, e Ele prometeu o melhor, isto Ele dará aos seus filhos, pois diz a Escritura que desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti que trabalha para aquele que nele espera (Isa 64.4).
Na conhecida definição de fé apresentada pelo escritor sagrado o que se observa do seu conteúdo é que a fé faz o cristão olhar para frente, para o futuro, para o que acontecerá remotamente dando-lhe certeza de chegar e de lá encontrar o melhor.
Por isto é que antes mesmo de apresentar exemplos de homens que viveram impulsionados e animados pela fé, isto é, pela esperança, pelo futuro, o escritor da carta aos Hebreus diz que a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem (Hb 11.1).
Na primeira parte deste versículo vemos que a fé é apresentada como a certeza de coisas que se esperam, o que significa dizer ser de sua essência a esperança, ou seja, o futuro.
Portanto, fé é a certeza do futuro que se espera.
Na segunda parte do versículo somos informados de que fé é a convicção de fatos que se não vêem, ou seja, a fé não cria fatos mas vê os fatos que Deus criou e espera por eles.
Se quando o homem pecou seu afastamento de Deus lhe roubou o futuro remoto, de modo que passou a viver somente em função do futuro imediato e mediato, a partir do momento que ele é reconciliado com Deus pela fé em Jesus Cristo esta experiência lhe traz de volta a expectativa do futuro distante, pois Cristo lhe assegura a vida eterna, e com ela o direito de ser participante do Reino de Deus que o apóstolo caracteriza como sendo de justiça, paz e alegria no Espírito (Rm 14.17).
Quando o apóstolo João vê o futuro prometido por Deus ele vê que ali não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas (Ap 21.4), porque na terra nova estará o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus (Ap 21.3).
Portanto, à luz da Bíblia o futuro que aguarda aqueles que foram salvos por Jesus Cristo será de grande prazer, e como Deus deseja que todos os homens sejam salvos (1 Tm 2.4 ) e tenham o futuro como garantia de vida, o evangelho chama os pecadores para crerem em Jesus Cristo e se tornarem homens e mulheres que possam dizer: eu tenho um futuro.
Ao crer em Jesus Cristo você poderá dizer com o apóstolo Paulo: porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia (2 Tm 1.12).
Lutero de Paiva Pereira



terça-feira, 22 de janeiro de 2013

NA CONTRA MÃO DE DEUS



Nunca lhe passou pelo coração que esperar ir morar no céu pode não ser uma espera biblicamente correta?
Uma leitura mais criteriosa das Escrituras é sempre recomendada para checar os fundamentos de nossa fé, pois é possível que no tempo a nossa sejam agregadas coisas que não procedem da verdade.
Quando Deus formou a Terra é de se supor que Ele já habitava o lugar que lhe é próprio o qual, segundo as Escrituras, é denominado céu. Assim, não havia qualquer necessidade em Deus de  criar a Terra para seu uso pessoal, senão para aquele que mais tarde viria a ser formado pelo próprio Deus, a saber, o homem.
Ora, se Deus ao criar a Terra o fez para o homem habitar nela, isto quer dizer que o homem não foi formado para morar no céu, lugar da morada de Deus, pois se este fosse o caso não haveria razão de Deus trazer a Terra a existência para nela fazer o homem viver.
Todavia, como Deus criou a Terra para o homem , isto significa dizer que o habitat natural do ser humano é a Terra e não qualquer outro lugar, e isto até mesmo como seu destino eterno.
Mesmo que isto pareça tão obvio quando se lê as Escrituras, boa parte das mensagens insiste em alimentar no coração dos crentes a ideia de que um dia eles irão morar no céu, fazendo-os viver uma esperança que vai na contramão da vontade ou do projeto de Deus para o homem.
Embora muitos textos das Escrituras pudessem ser apresentados para fundamentar o entendimento de que a Terra é o destino eterno do homem, inclusive aqueles advindos dos escritos do apóstolo Paulo, ou mesmo dos profetas do Antigo Tesamento, no momento apenas tres deles serão trazidos a consideração.
Em primeiro lugar é preciso destacar que desde o início de sua história o homem tem a Terra como seu habitat natural e lugar adequado para viver e também desempenhar as funções que Deus mesmo lhe incumbiu, quais sejam, dominar ou exercer autoridade sobre toda a criação e povoar todos os seus lugares com seus descendentes.
Ambas as verdades podem ser lidas no primeiro capítulo do livro de Gênesis, conforme sobressai, respectivamente, dos seus versos 26 e 28: E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra, e a seguir: E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.
Posto na terra e nela colocado com o propósito de exercer domínio e ocupá-la plenamente, o homem encontra na natureza o lugar mais adequado para viver como um ser terreno que é.
Com efeito, como uma criatura material e imaterial, tendo corpo e alma, o homem ao tempo em que é inapto para viver no céu é apto para morar Terra.
Em segundo lugar, o apóstolo Pedro ao escrever sua segunda carta ele se mostra enfático ao tratar da esperança que move seu coração.
Ele diz: Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça (2 Pedro 3:13).
É certo que o nós ali referido inclui todos os crentes em Jesus Cristo, pois são estes que tem a esperança que a salvação lhes comunica. E a esperança dos crentes, ao menos na visão do apóstolo, e é mais seguro crer no que o apóstolo escreveu do que naquilo que os pregadores dizem, não é ir para o céu, mas sim aguardar que a nova terra surja para que nela os filhos de Deus vivam bem.
Ora, se Pedro diz que nós esperamos uma nova terra, isto quer dizer que haverá um momento em que uma nova terra será trazida a existência, e certamente para ser a morada eterna dos salvos, os quais tendo sido feitos justos mediante a fé em Cristo terão prazer de viver num lugar onde a justiça habita.
Com efeito, se não fosse para ser a morada dos crentes porque razão haveria de existir uma terra nova?
Em terceiro lugar, e como último argumento a ser apresentado em favor da máxima de que o homem foi feito para habitar a terra, e a terra será sua habitação eterna, já que morará aqui e não no céu, convém observar o registro do apóstolo João no capítulo 21 de Apocalipse, notadamente nos três primeiros versos. Ele escreve: E vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. E eu, João, vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido.
E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus.
João vê uma nova terra e também o que nela existirá naquele tempo, coisas que hoje não existem nesta terra.
A terra nova vista por João é aquela terra onde habita a justiça, a qual Pedro dizia esperar.
Depois de ver a terra nova João observa e contempla duas realidades que farão parte dela. A primeira, é que a cidade santa, ou seja, a Jerusalém que está no céu, da parte de Deus ou por iniciativa de Deus desce do céu para sestar presente na terra, já que na terra nova onde habita a justiça a cidade santa tem razão de estar ali. Depois o apóstolo nos assegura por sua visão que não só a cidade santa desce do céu para a terra, como também o tabernaculo de Deus, que está no céu, para ser a habitação do Senhor a terra. Aí João ouve a voz que diz que Deus habitará com os homens.
Na terra atual onde a justiça não habita, nem se faz presente a cidade santa, menos ainda o tabernáculo de Deus um dia não existirá mais na forma atual, mas sim com uma realidade jamais imaginada pelo homem como é promessa das Escrituras: Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam (1 Co 2.9)
Conclusão
Se Deus criou a Terra e formou o homem para nela habitar; se Deus prometeu no Antigo Testamento um dia trazer a existência uma terra nova, obviamente, para os crentes nela poderem desfrutar do Reino de Deus em sua plenitude e se Deus mesmo, na visão de João, com sua cidade e pessoalmente virá morar na nova Terra, não seria andar na contra mão de Deus querer ir para o céu, quando o próprio Deus quer vir para a Terra?
Talvez devêssemos rever nossa esperança, pois podemos estar alimentando uma expectativa que não se fecha com as Escrituras Sagradas.
Ainda vale lembrar que na oração do Pai Nosso Jesus nos orienta a pedir, dentre outras coisas, que o Reino de Deus venha para terra, e não que sejamos levados para o céu: Venha o teu Reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu (Mt 6.10).
Portanto, se Deus criou a Terra e irá restaurá-la, e Ele mesmo informa que virá para a Terra para estar perto dos homens, não seria andar na contra mão desejar ir para o céu, quando Deus mesmo diz que virá para a Terra?
Convém pensar, mas pensar à luz da Escrituras.
Lutero Pereira



segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

E VÓS, QUEM DIZEIS QUE EU SOU


Os discípulos já andavam com Jesus há algum tempo, e nesse tempo em que estiveram juntos  ouviram de Jesus belos ensinamentos e presenciaram a realização de muitos sinais.

Mas chega o momento quando eles são surpreendidos por Jesus com uma pergunta bastante interessante, pois Jesus quer saber o que o povo e o que eles mesmos pensam a respeito dEle.

A primeira pergunta de Jesus é: quem diz o povo ser o Filho do homem (Mt 16.13)?
Os discípulos  respondem: alguns dizem que o Senhor é  João Batista; outros, que é Elias; tem também aqueles que asseguram que o Senhor  é Jeremias, e não faltam os que não indicando o nome, dizem que Senhor  é algum dos profetas.

Observamos que o povo tinha uma  visão não uniforme a respeito de Jesus, apontando para diferentes personalidades do Antigo Testamento.

Jesus então se volta direta e objetivamente ao seus discípulos e indaga: e vós, quem dizeis que eu sou (Mt 16.15)?
  
Você pode, naturalmente falando, dizer que esta ou aquela pessoa é inteligente, é educada, até mesmo muito prestativa, mas isto nem sempre é suficiente para dizer quem realmente ela é.

Podemos conhecer certas qualidades de uma pessoa sem conhecer a pessoa em si mesmo, de modo que não poucas vezes nos espantamos em saber que aquela pessoa que nós sempre elogiamos  acabou fazendo uma coisa reprovável, algo  fora do padrão do homem de bem,  que nunca imaginávamos que fizesse.

Quando isto acontece é comum se falar: “é, a gente realmente não conhece as pessoas”.


Jesus certa vez perguntou aos discípulos: quem vocês dizem que eu sou?

Se eles tivessem respondido: O Senhor é uma pessoa com muito poder; ou o Senhor é uma pessoa que se preocupa com os socialmente rejeitados; o Senhor é um mestre que ensina bons princípios, etc. em tudo isto eles estariam acertando a resposta.
Mas todas estas respostas juntas não eram suficientes para dizer quem Jesus Cristo era, pois não apontavam em nada para sua verdadeira identidade.

Mas quando Pedro responde a pergunta  sua resposta vai dizer não aquilo que Jesus faz, mas sim, quem Jesus realmente é: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo (Mt 16.16).

Ao dizer que Jesus era o Cristo, Pedro estava dizendo que Jesus era o ungido de Deus, pois o significado da palavra Cristo é ungido.

No conceito do Antigo Testamento  ungido era a pessoa que tinha sido separada por Deus para realizar uma missão estabelecida por Deus. E  para desempenhar a missão de ungido ela recebia o Espírito Santo, que a capacitava a fazer o que deveria ser feito.

Assim, quando Pedro diz que Jesus era o Cristo, ele estava reconhecendo em Jesus uma pessoa separada por Deus para realizar uma missão de Deus, e desta forma capacitada pelo Espírito Santo para cumprir a vontade de Deus.

O próprio Jesus vai dizer na sinagoga que a profecia de Isaías de que ele era o ungido de Deus, se cumprira naquele tempo: O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar  os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para por em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor” (Lc 4.18-19).

Mas Pedro diz que além de ser o Cristo, o Ungido, Jesus era também o Filho do Deus vivo, reconhecendo que Jesus tinha uma natureza divina, embora fosse homem. Afinal, sendo Filho de Deus Jesus tinha a natureza de Deus, como é próprio do filho ter a natureza do pai que o gerou.

E dizendo que Jesus era o Filho do Deus vivo, Pedro apontava para uma caraterística essencial do Seu pai, a saber, o Deus que vive.

Assim,  Pedro afirmara que Jesus era o ungido de Deus; que Jesus era o Filho de Deus; que Jesus tinha um Pai que vive.
A resposta de Pedro estava certa e era bem completa, e em razão disto Jesus vai fazer algumas observações a respeito dela.

Jesus então diz a Pedro: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus (Mt 16.17).

Nesta observação de Jesus vale ressaltar três pontos importantes:

1º. ) Jesus observa que Pedro é um BEM-AVENTURADO por saber que Ele era o Cristo, o Filho do Deus vivo.

Jesus liga a BEM AVENTURANÇA de Pedro ao simples fato dele saber quem Jesus é.

Na linguagem bíblica ser bem-aventurado é ser muito feliz, e Pedro era um BEM AVENTURADO por saber que Jesus era o Cristo.

felicidade real e verdadeira em conhecer Jesus como o CRISTO, o FILHO DO DEUS VIVO.

Muitas pessoas reconhecem em Jesus  um bom homem; outros dizem tratar-se de alguém com poderes sobrenaturais; ainda tem aqueles que O reconhecem como um filósofo ou coisa parecida. Aqueles que vêm Jesus nesta perspectiva não são bem-aventurados.

Para se tornar uma pessoa BEM-AVENTURADA é preciso conhecer e reconhecer que Jesus é o CRISTO, o FILHO DO DEUS VIVO.


2º) Num segundo momento o que observamos das palavras de Jesus a Pedro é que o discípulo não acertou a resposta de que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo, baseado em sua capacidade pessoal.

Quando Pedro acerta a resposta,  quando ele  consegue perceber a essência da pessoa de Cristo, quando ele consegue trazer a público a verdadeira  identidade de Jesus, logo ele ouve de Jesus mesmo a seguinte consideração: "não foram carne e sangue que to revelaram".

Ao usar a expressão "carne e sangue" Jesus estava dizendo a Pedro que não foi sua inteligência humana, nem  capacidade mental, nem mesmo sua possível perspicácia teológica que lhe proporcionou saber que Ele era o CRISTO, o Filho do Deus vivo.

Com tais palavras Jesus dizia a Pedro que não estava ao alcance do homem natural, não estava ao alcance da inteligência humana, não estava ao alcance da mente carnal saber que Ele é o Cristo, o Filho do Deus vivo.

O homem mais inteligente não tem em si mesmo a capacidade de olhar para Jesus e deduzir por sua própria habilidade e perspicácia que Ele é o Cristo, o Filho de Deus.
O homem mais culto não consegue, por seus próprios conhecimento, ver em Jesus o Cristo, o Filho do Deus vivo.
Nem mesmo o homem mais religioso consegue, por si só, ver o Cristo de Deus na pessoa de Jesus de Nazaré.

Assim Pedro fica sabendo que não foi sua capacidade pessoal quem lhe deu a vantagem de acertar a resposta à pergunta de Jesus. 
Por isto é que  Pedro não  podia se orgulhar de ter tal conhecimento elevado sobre o Filho de Deus, enquanto os outros discípulos não tinham.

3º.)  Em terceiro lugar Jesus vai dizer a Pedro porque é que ele acertou a resposta, quando lhe informa: foi meu Pai que está no céu que to revelou.

Já que Pedro tinha acertado a resposta, e acertou sem mesmo ter capacidade pessoal para tanto, era preciso que soubesse qual foi a fonte ou  quem é que o ajudou saber esta verdade tão profunda e  tão distante da capacidade humana de descobrir.

Jesus diz a Pedro que isto aconteceu porque o Pai que está nos céus o fez saber. Ou seja, Deus, o Pai, revelou a Pedro a real identidade de Seu Filho.

Revelar é tirar o véu ou tirar a cortina para dar condições de se ver com nitidez aquilo que antes estava encoberto.

A mente humana está incapacitada de olhar para Jesus e ver nele o Cristo, o Filho do Deus vivo, porque a mente do homem foi danificada pelo pecado, e assim se tornou imprestável para perceber tanto Deus, como as coisas de Deus.

Sem tal ajuda do céu Pedro e qualquer outra pessoa olhava para Jesus mas não pode ver nEle mais que um profeta, um filósofo, um bom homem, um revolucionário religioso, etc.,

Para ver que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo é necessária uma ajuda celestial.

Ao saber que tal ajuda veio do céu para lhe dar condições de ver que Jesus era o Cristo, o Filho do Deus vivo, Pedro deveria ficar agradecido a Deus pelo fato desta revelação lhe ter chegado ao coração.

Afinal, se o Pai que está nos céus não tivesse revelado isto a Pedro ele nunca poderia por si mesmo descobrir quem Jesus realmente era.

Diante de tais explicações de Jesus a Pedro, algumas lições podem nos ajudar em nossa  experiência a respeito de crer e de confessar que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo.

1ª) A primeira é que ao se conhecer a Jesus como o Cristo, o Filho de Deus vivo isto nos torna uma pessoa BEM AVENTURADA.

Ou seja, saber por experiência própria quem Jesus é traz felicidade ao coração.

Você pode estar na igreja há muito tempo sem ter tido ainda a experiência de conhecer a Jesus como o Cristo, o Filho do Deus vivo, daí a ausência da felicidade espiritual.

Para você se tornar um BEM AVENTURADO, é preciso conhecer que JESUS é o Cristo, o Filho do Deus vivo, pois só o conhecimento de JESUS assim é que alegra a alma.

2ª) A segunda lição do texto é que conhecer a JESUS como o CRISTO não depende em nada de nossa capacidade pessoal, de nosso potencial intelectual, de nosso grau de cultura nem de qualquer outra ferramenta utilizada para desvendar outros campos do conhecimento humano.

Uma vez Jesus disse: graças de dou, o Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultastes estas cousas aos sábios e instruídos e as revelastes aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado (Mt 11.25-26).

Deus oculta dos sábios e os sábios não conseguem saber, enquanto Deus revela aos não sábios, e eles conseguem saber as coisas mais elevadas, inclusive conhecer que Jesus, é o Cristo, o Filho do Deus vivo.

O conhecer Jesus como o Cristo não está ao alcance do coração sábio, mas sim do coração simples, e nem ao alcance da mente erudita, mas sim da mente que se curva a revelação de Deus.

3º.) Em terceiro lugar, conhecer a Jesus como o Cristo,  o Filho do Deus vivo é uma experiência que está a disposição do homem.

Pedro era um ser humano, e a ele foi dada a benção de se tornar um BEM AVENTURADO ao lhe ser revelado que Jesus era o Cristo, o Filho do Deus vivo.

E da mesma forma que tal conhecimento foi dado a Pedro, a João, a Paulo, e a tantas e tantas pessoas depois do dia de pentecostes, momento a partir do qual o evangelho passou a ser anunciado por toda a terra, este conhecer a Jesus como o Cristo, o Filho do Deus vivo pode ser dado a nós hoje.

Para isto acontecer é preciso que a pregação do evangelho seja feita de tal forma que às pessoas  Jesus seja apresentado como  o Cristo, o Filho do Deus vivo, de modo que conhecendo-O assim experimentem a alegria de se tornarem BEM.
4º.) Finalmente, em quarto lugar, conhecer a Jesus como o Cristo, o Filho do Deus vivo é uma experiência reservada àqueles que recebem do próprio Deus a revelação necessária para ver além do que os olhos humanos conseguem enxergar.

Pedro tinha andado com Jesus durante muito tempo, e com Ele estado  em vários momentos, mas nada disto foi suficiente para que soubesse quem Jesus era em essência.

Para saber tal verdade, o Pai que estava no céu  teve que lhe revelar.

A partir do dia de pentecostes, quando o Espírito Santo foi derramado, Ele passou a ter a incumbência ou o ministério de revelar aos homens que Jesus é o CRISTO, o FILHO DO DEUS VIVO.

Se a pergunta de Jesus - e vós quem dizeis que eu sou - nos fosse dirigida hoje será que responderiamos de maneira correta, dizendo a verdadeira identidade de Cristo, identidade que realmente conhecemos, ou diríamos sua identidade somente porque a Bíblia nos revela de forma completa?

Mas uma é a realidade de dizer quem Jesus somente porque a Bíblia ensina, e outra porque nos foi dado conhecer o Cristo que a Escritura apresenta.

Em seu evangelho João escreveu: Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo,  o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome (Jo 20.30-31).

Não há como ter vida no nome de Jesus sem crer em Jesus, e não há como crer em Jesus sem conhecê-Lo, conhecimento este que nos vem mediante a revelação do Santo Espírito de Deus.

 Lutero Paiva Pereira