terça-feira, 22 de maio de 2012

A FÉ VEM PELO OUVIR

No verso 17, do capítulo 10 da carta de Paulo aos romanos lemos que a fé cristã é produzida por intermédio e mediante a instrumentalidade da palavra de Cristo.
Deste modo, cumpre ao pregador esmerar-se na exposição da mensagem a fim de que o incrédulo ouça a palavra de Cristo, e ouvindo receba a fé que o torna uma nova criatura. Este é o efeito salvador da palavra.
No entanto, vale lembrar que a pregação não se dirige exclusivamente a pecadores não salvos ou a pecadores não regenerados, pois ela atinge também e da mesma forma os pecadores que já foram convertidos.
Os ouvidos dos pecadores salvos, dos pecadores regenerados, ou seja, daqueles que um dia foram transportados das trevas para a luz, são igualmente necessitados de ouvir a palavra de Cristo.
O crente, portanto, está no rol dos destinatários da palavra de Cristo, e se deseja desenvolver sua salvação não poderá afastar-se dela em tempo algum.
Portanto, o pregador deve falar a igreja a palavra de Cristo sempre e cada vez mais para que a congregação tenha o vigor espiritual provindo da fé.
George Müller dizia que “o vigor de nossa vida espiritual está na proporção exata do lugar que a Bíblia ocupa em nossa vida e em nossos pensamentos”.
Moody confessou: “orei pedindo fé, e pensei que algum dia ela cairia e me atingiria como um raio. Mas parecia que a fé não vinha. Um dia li no cap. 10 de Romanos que a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus. Tinha fechado minha Bíblia e orara, pedindo fé. Mas então abri a Bíblia e comecei a estudá-la. Desde então minha fé vem sempre aumentando.”
Há na palavra de Cristo um poder que somente nela pode ser encontrado, e este poder consiste em convencer o homem a crer e a render-se a Cristo, bem assim de fazer o crente a crer e a render-se ainda mais ao Salvador.
Se “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11.6) sem ouvir a Palavra de Cristo é impossível ter a fé que a Deus agrada, de modo que  a pregação deve estar sempre estribada e sustentada na Escritura para que os ouvintes, crendo, tornem-se agradáveis ao Senhor.
O que torna o homem agradável a Deus não é outra coisa senão o fato dele crer ainda mais em Cristo Jesus, Seu Filho amado, no qual Deus mesmo declarou ter muito prazer (Mt 3.17).
Judas, o escritor sagrado, diz em sua epístola que pretendia tratar de outro assunto ao escrever aquela carta, mas se sentiu constrangido ou compelido a exortar seus leitores a batalharem “pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos”( v.3).
É possível que no tempo moderno tal exortação antiga se faça mais que oportuna para chamar a atenção dos pregadores, e isto para que se esforcem ao máximo no anúncio da palavra de Cristo para que todos, ao final da carreira, possam dizer como o apóstolo Paulo: guardei a fé (2 Tm 4.7).
Com efeito, o crente poderá ter feito muitas coisas espetaculares no tempo da carreira, mas se ao final dela não puder dizer que guardou a fé é bem provável que correu em estádio errado.
Ainda que dentro da igreja possam existir pessoas com “comichão nos ouvidos” (2 Tm 4.3) desejosas de ouvir coisas que não se afeiçoam a sã doutrina, o pregador diligente deve, a exemplo de Pedro e dos apóstolos, decidir nos seguintes termos: “importa mais obedecer a Deus do que aos homens” ( At 5.29) e assim anunciar a palavra de Cristo a despeito da oposição que eventual possa se levantar nesse sentido.
Um dia Jesus perguntou aos seus discípulos se eles não intencionavam deixá-lo. Foi aí que Pedro respondeu: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna” (Jo 6.68).
Se são as palavras da vida eterna que os crentes precisam ouvir, e na verdade são estas, não há como a pregação desviar sua centralidade da palavra de Cristo.
“Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo” (Cl 3.16) escreveu o apóstolo a igreja, uma sugestão que seguida a risca impede que o crente tenha uma vida espiritualmente pobre.
Ao pregador compete somente anunciar a palavra de Cristo e ela, a palavra, se incumbirá de trazer ao ouvinte a fé que o fará andar nos caminhos de Deus.
Lutero de Paiva Pereira

terça-feira, 8 de maio de 2012

SÊ FORTE E CORAJOSO


A expressão “sê forte e corajoso” é utilizada com certa freqüência pelos crentes que gostam de se envolver com desafios “espirituais”, pois entendem que ambos os requisitos, ou seja, ser forte e corajoso são necessários  para se alcançar grandes vitórias.
Quem tem um mínimo de conhecimento da Escritura sabe que a expressão “sê forte e corajoso” encontra-se no livro de Josué, e a ele foi dirigida pelo próprio Deus quando o jovem sucessor de Moisés estava na iminência de entrar na Terra Prometida, juntamente com todo o povo.
No entanto, “sê forte e corajoso” não é uma expressão que pode ser lida isoladamente, como se fosse possível dizer que ela carrega um estímulo pessoal dirigido a Josué para que fosse destemido e não se intimidasse diante das lutas que viriam ao pretender a posse da terra.
Se o “sê forte e corajoso” pudesse ser lido sem a conexão que tem, poder-se-ia dizer que o crente, a semelhança de Josué, tem que ser uma pessoa forte e corajosa, forte e destemida para, como dizem alguns, “tomar posse da bênção”.
Contudo, lendo o texto onde a expressão está inserida facilmente se nota que este “sê forte e corajoso” não tem nada a ver com o fato de Josué ser um homem destemido, enfrentador, disposto para lutar contra os habitantes da terra. Pelo contrário, o "sê forte e corajoso" implica na disposição e na coragem de entrar no meio de uma cultura totalmente contraria a Deus, como era o caso de Canaã, e mesmo ali onde tudo faz oposição a Deus ser forte e corajoso para andar  de acordo com os preceitos de Deus.
Portanto, o “sê forte e corajoso” nada mais é do que ter a disposição e a coragem para aplicar os preceitos de Deus a sua vida pessoal,  vivendo por eles num lugar onde estes preceitos além de não serem cridos, são também negados e hostilizados.
Por isto é que se lê do texto: Tão-somente sê forte e mui corajoso para teres o cuidado de observar a lei que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que sejas bem-sucedido por onde quer que andares (Js 1.7).
Fica evidente, portanto, que a coragem requerida de Josué era para observar a Lei que Moisés lhe havia ordenado, e que naquele tempo representava a Palavra de Deus para o povo.
Dentro de Canaã a cultura em todos os sentidos, inclusive a religião, nada tinha a ver com a Lei de Moisés e Josué, como homem de Deus, teria que ter a força e a coragem necessárias para viver naquele ambiente tendo como referencia de vida a Lei de Deus, a  Palavra de Deus, o que obviamente implicaria em grande luta pessoal.
Afinal, viver na contra mão da cultura, seja ela em que tempo for, requer sempre um esforço muito grande para enfrentar seus ataques.
No verso seguinte Deus diz a Josué que seu sucesso na terra dependeria de sua disposição de meditar na Lei sempre e aplicá-la a sua vida: Não cesses de falar deste Livro da Lei; instes, medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer segundo tudo quanto nele está escrito; então, farás prosperar o teu caminho e serás bem-sucedido (Js 1.8).
Sabemos pela história que Josué foi forte e corajoso o suficiente para observar a Lei de Deus num lugar onde ela foi sempre negada.
Passados tantos séculos desde que Josué ouviu tais palavras o “sê forte e corajoso” para "observares a Lei" se apresenta útil aos crentes visto que há muita coisa fazendo oposição a Palavra de Deus dentro da própria Casa de Deus.
Caminhar no mundo religioso atual, e isto dentro do próprio cristianismo, observando a Palavra de Deus como regra de fé e prática requer muito mais coragem que de início se pode imaginar, pois a pressão para desviar os olhos da Palavra e consequentemente de Cristo, é grande o suficiente para intimidar aqueles que pretendem levantar a voz contra o estado atual de coisas.
Há uma cultura religiosa dentro da cultura evangélica que se opõe claramente a Escritura, não obstante faça uso da própria Escritura, e esta cultura desafia a coragem dos crentes de não seguirem por suas sedutoras propostas.
No contexto da Terra Prometida, e isto quando o povo de Israel não tinha tido força e coragem suficientes para observar o Livro de Lei foi que Josué chamando as tribos sugeriu uma decisão, dizendo: escolhei, hoje, a quem sirvais: se aos deuses a quem serviram vossos pais que estavam dalém do Eufrates ou aos deuses dos amorreus em cuja terra habitais. Eu e minha casa serviremos ao Senhor (Js 24.15).
Não há dúvida que Josué teve que ter força e coragem para dizer que ele e sua casa serviriam ao Senhor, mesmo que o povo não se inclinasse a isto, e servir ao Senhor implicava em continuar a observar o Livro da Lei em todos os seus contornos para a vida.
Assim que o povo fez a opção de servir ao Senhor Josué os adverte a tomada de uma atitude , ou seja, jogar fora os deuses estranhos que já estavam com eles a algum tempo: Agora, pois, deitai fora os deuses estranhos que há no meio de vós e inclinai o coração ao Senhor, Deus de Israel (Js 24.23).
Quando em nossos dias a igreja dá sinais de comprometimento sério de sua conduta, é preciso que homens e mulheres de força e coragem ergam suas vozes em atitudes para dizer não a tudo o que está aí, dizendo sim a Escritura e não as doutrinas estranhas, e como Josué firmando seu posicionamento intransigente: eu e minha casa observaremos a Palavra de Deus.
Somente assim será possível despertar outros a deitar fora suas doutrinas estranhas, voltando-se à Palavra de Deus, para glória de Deus.
É, portanto, momento mais que oportuno para ser forte e corajoso para fazer uma opção pela Escritura, e pela Escritura somente.
Lutero de Paiva Pereira

quinta-feira, 3 de maio de 2012

ESTRESSE NA SANTIFICAÇÃO

A palavra estresse foi tomada emprestada da engenharia e significa a capacidade de suportar pressão. Deste modo, quando se diz que uma pessoa está estressada a idéia que se quer transmitir com tal afirmativa é que suas forças físicas ou emocionais foram esgotadas por não suportarem a carga de uma situação de enfrentamento difícil.
Existem situações de estresse impossíveis de serem evitadas, pois estão na categoria das coisas comuns e próprias da existência humana, mas é fato que existem também aquelas que são produzidas por tensões, preocupações, ansiedades, etc., perfeitamente evitáveis.
O estresse da santificação, por exemplo, está na categoria das situações não comuns e, portanto, plenamente possível de se viver sem ele.
Mesmo considerando que o estresse da santificação pode ser evitado, a quantidade de crentes estressados porque suas energias foram consumidas no processo de viver uma vida santa diante de Deus não é pequeno.
Em face disto a pergunta que se faz é: teria Deus prescrito em sua Palavra uma conduta a ser observada por seus filhos que levada a sério geraria o estresse?
Se a resposta for negativa, e parece não ter como ser positiva como se explicar tanto estresse na santificação!?
O estresse ou o esgotamento de forças tão comum nos crentes tem como explicação, salvo melhor juízo, o fato deles desejarem se santificar à custa somente do esforço pessoal, comportamento ou atitude que precisa ser revisto desde logo.
Quando as pregações insistem com seus ouvintes no sentido de desenvolverem uma vida santa, elas o fazem porque a Bíblia mesmo diz que a santificação é a vontade de Deus para os seus filhos: Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação; que vos abstenhais da prostituição (1 Ts 4.3).
No entanto, é preciso que os ouvintes sejam também orientados a se valerem da força vinda de Deus, mediante o Espírito Santo, para se santificarem, sob o risco de assim não fazendo serem responsáveis pelo estresse de muitos fiéis.
Deste modo, para cumprir o propósito de levar os crentes a uma santificação não estressante, as mensagens devem apontar a fonte gerada da força que necessitarão para se darem bem em todo o processo, observando o que a Escritura diz a este respeito.
O apóstolo Paulo escreve: Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis (Rm 8.13).
Não há dúvida que o mortificar as obras do corpo resulta, em última análise, em santificação do crente quando ele não mais se deixa levar pelos ímpetos da carne.
No entanto, é bem verdade que essa mortificação da carne não tem como ser feita pelo esforço pessoal, como se o crente dispusesse de força suficiente em si mesmo para este combate contra carne. Pelo contrário, a força necessária e indispensável para ele modificar as obras da carne vem do Espírito Santo.
Quando o texto diz que é pelo Espírito que se deve mortificar os feitos fica claro que a mortificação é feita  pelo crente, sim, mas por intermédio do Espírito ou mediante a ajuda que Espírito  lhe concede, de modo que é por imtermédio do poder do Espírito que a mortificação se realiza a cada dia.
Se é pelo poder do Espírito e não pelo poder do próprio crente que a mortificação se dá, então não há como se falar em esgotamento pessoal na santificação.
A toda evidência, portanto, sem que seja por intermédio do Espírito ou do poder que vem do Espírito, o crente não terá como mortificar as obras da carne e tentar fazê-lo de modo diverso resultará em fracasso certo.
Desta forma, já que Deus prescreveu o processo, isto é, a santificação e providenciou o meio para que ela aconteça, ou seja, por intermédio do Espírito, o crente não deve se aventurar pelo caminho do esforço pessoal para fazer algo que somente por meio do Espírito será capacitado a tanto.
Na santificação o melhor a fazer é seguir a orientação apostólica de se revestir de Cristo: Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências (Rm 13.14).
Afinal, é por meio deste revestimento que o poder lhe será comunicado para lutar contra a concupiscência, e isto sem estresse.
Vale lembrar que certa vez Jesus disse aos seus discípulos: Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim. Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer (Jo 15.4-5).
Este sem mim nada podeis fazer alcança toda a vida cristã, inclusive a santificação.
Se você está vivendo uma santificação estressante o melhor a fazer é parar imediatamente o processo, voltar-se para Cristo e dEle se revestir para viver de forma sadia e vitoriosa e através dEle poder ser santo.
Lutero de Paiva Pereira