Deste modo, cumpre
ao pregador esmerar-se na exposição da mensagem a fim de que o incrédulo ouça a
palavra de Cristo, e ouvindo receba
a fé que o torna uma nova criatura. Este é o efeito salvador da palavra.
No entanto, vale
lembrar que a pregação não se dirige exclusivamente a pecadores não salvos ou a
pecadores não regenerados, pois ela atinge também e da mesma forma os pecadores que já foram convertidos.
Os ouvidos dos
pecadores salvos, dos pecadores regenerados, ou seja, daqueles que um dia foram
transportados das trevas para a luz, são igualmente necessitados de ouvir a palavra de Cristo.
O crente,
portanto, está no rol dos destinatários da palavra
de Cristo, e se deseja desenvolver
sua salvação não poderá afastar-se dela em tempo algum.
Portanto, o
pregador deve falar a igreja a palavra
de Cristo sempre e cada vez mais para que a congregação tenha o vigor
espiritual provindo da fé.
George Müller
dizia que “o vigor de nossa vida espiritual está na proporção exata do lugar
que a Bíblia ocupa em nossa vida e em nossos pensamentos”.
Moody confessou:
“orei pedindo fé, e pensei que algum dia ela cairia e me atingiria como um
raio. Mas parecia que a fé não vinha. Um dia li no cap. 10 de Romanos que a fé
vem pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus. Tinha fechado minha Bíblia e
orara, pedindo fé. Mas então abri a Bíblia e comecei a estudá-la. Desde então
minha fé vem sempre aumentando.”
Há na palavra de Cristo um poder que somente
nela pode ser encontrado, e este poder consiste em convencer o homem a crer e a
render-se a Cristo, bem assim de fazer o crente a crer e a render-se ainda mais
ao Salvador.
Se “sem fé é
impossível agradar a Deus” (Hb 11.6) sem ouvir a Palavra de Cristo é impossível
ter a fé que a Deus agrada, de modo que a pregação deve estar sempre estribada e
sustentada na Escritura para que os ouvintes, crendo, tornem-se agradáveis ao
Senhor.
O que torna o
homem agradável a Deus não é outra coisa senão o fato dele crer ainda mais em
Cristo Jesus, Seu Filho amado, no qual Deus mesmo declarou ter muito prazer (Mt
3.17).
Judas, o escritor
sagrado, diz em sua epístola que pretendia tratar de outro assunto ao escrever
aquela carta, mas se sentiu constrangido ou compelido a exortar seus leitores a
batalharem “pela fé que uma vez por
todas foi entregue aos santos”( v.3).
É possível que no
tempo moderno tal exortação antiga se faça mais que oportuna para chamar a
atenção dos pregadores, e isto para que se esforcem ao máximo no anúncio da palavra de Cristo para que todos, ao
final da carreira, possam dizer como o apóstolo Paulo: guardei a fé (2 Tm 4.7).
Com efeito, o
crente poderá ter feito muitas coisas espetaculares no tempo da carreira, mas
se ao final dela não puder dizer que guardou a fé é bem provável que correu em
estádio errado.
Ainda que dentro
da igreja possam existir pessoas com “comichão nos ouvidos” (2 Tm 4.3) desejosas
de ouvir coisas que não se afeiçoam a sã doutrina, o pregador diligente deve, a
exemplo de Pedro e dos apóstolos, decidir nos seguintes termos: “importa mais obedecer a Deus do que
aos homens” ( At 5.29) e assim anunciar a palavra
de Cristo a despeito da oposição que eventual possa se levantar nesse sentido.
Um dia Jesus
perguntou aos seus discípulos se eles não intencionavam deixá-lo. Foi aí que Pedro respondeu: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna” (Jo 6.68).
Se são as palavras
da vida eterna que os crentes precisam ouvir, e na verdade são estas, não há
como a pregação desviar sua centralidade da palavra de Cristo.
“Habite, ricamente,
em vós a palavra de Cristo” (Cl
3.16) escreveu o apóstolo a igreja, uma sugestão que seguida a risca impede que
o crente tenha uma vida espiritualmente pobre.
Ao pregador
compete somente anunciar a palavra de
Cristo e ela, a palavra, se
incumbirá de trazer ao ouvinte a fé que o fará andar nos caminhos de Deus.
Lutero de Paiva
Pereira